Infância Urgente

domingo, 29 de janeiro de 2012

FAMÍLIAS DO PINHEIRINHO FAZEM ASSEMBLEIA NESTE SÁBADO



Os moradores expulsos do bairro Pinheirinho realizam neste sábado, dia 28, às 18h, uma assembleia para discutir a situação dos alojamentos onde as famílias estão abrigadas e a proposta de bolsa-aluguel anunciada pelo Governo do Estado. A assembleia acontecerá no campo de futebol (conhecido como Campão) no bairro Campo dos Alemães, zona sul de São José dos Campos. Nessa mesma área, aconteceu há oito anos a assembleia que deu início à Ocupação do Pinheirinho.

São José dos Campos: Calendário da Campanha de Solidariedade à população do Pinheirinho

Sábado
9h – Ato Cultural em prol aos amigos do Pinheirinho (Praça Afonso Pena)
18h – Assembleia dos moradores do Pinheirinho (Campão dos Campos dos Alemães)
19h – Vigília em solidariedade aos desabrigados do Pinheirinho (Praça do Jardim São Dimas)

Domingo
9h – Panfletagem na feira (Feira do Colonial)
9h – Caravana dos moradores do Pinheirinho ao Ato Nacional dos Aposentados (Aparecida – SP)

Segunda-feira
17:30h - Pedágio: arrecadação de fundos para os moradores (Parque Santos Dumont/Adhemar de Barros)

Terça-feira
9h – Panfletagem na feira (Encontrar no Parque Santos Dumont e dividir o grupo para outras feiras)
17:30h - Pedágio: arrecadação de fundos para os moradores (Parque Santos Dumont/Adhemar de Barros)

Quarta-feira
9h – Panfletagem na feira (Encontrar na feira do Satélite, Rua Polar em frente ao Vale Sul e dividir o grupo para outras feiras)
17:30h - Pedágio: arrecadação de fundos para os moradores (Parque Santos Dumont/Adhemar de Barros)

Quinta-feira
9h – Grande Ato Nacional em solidariedade à luta da população do Pinheirinho (Concentração: Praça Afonso Pena – SJC)

http://www.solidariedadepinheirinho.blogspot.com/

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

NOTA EM REPUDIO A AÇÃO DO ESTADO CONTRA OS MORADORES DO PINHEIRINHO

FORUM REGIONAL DE DEFESA DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – SÉ REPUDIA A AÇÃO DO ESTADO CONTRA OS MORADORES DO PINHEIRINHO, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP

CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO PINHEIRINHO SÃO TRATADAS COM DOUTRINA DITATORIAL DO CÓDIGO DE MENORES!

O Fórum de defesa do direito da criança e do adolescente da região Sé/SP (FRDDCA-Sé) vem manifestar seu repudio às ações político-higienistas que estão ocorrendo no estado de São Paulo contra a classe trabalhadora, sendo esta tratada com violência e desumanização.

O caso da comunidade Pinheirinho, na cidade de São José dos Campos, tem sido uma dentre as várias ações truculentas do Estado em defesa da burguesia, que de forma ilegal realizou a reintegração de posse da área onde cerca de 6 mil pessoas viviam há 8 anos. Com a presença de 1.800 homens armados da Polícia Militar, a ação virou palco de guerra, somado a carros blindados e helicópteros, utilizando seus armamentos para invadir o local e massacrar famílias desarmadas, compostas por grande parte de crianças.

Nesta violenta reintegração de posse, as crianças e os adolescentes foram os mais prejudicados e terão em sua história um resgate negativo da discriminação e desigualdade social ainda mais acentuado. Desde então elas têm sido submetidas a vivenciarem situações de brutalidade e de tensão, compondo a um cenário de guerra estabelecido pela prefeitura da cidade, pelo governo do estado de São Paulo e seus aparatos repressores e pelo consentimento do governo federal, todos infringindo o artigo 227 da Constituição Federal, que diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Além do direito a moradia ser violado, a infância e juventude carregarão conseqüências objetivas e subjetivas desse dolorido processo. As famílias que já foram retiradas do local estão alojadas em espaços que não garantem o devido cuidado com a infância, com alimentação irregular e péssimas condições de saúde. Certamente a dinâmica escolar também será afetada com a retomada das aulas, já que em condições de extrema fragilidade e ausência de referência pela perda da moradia

Mais uma vez a infância e a juventude não são enxergadas como sujeitos sociais pelo poder público, que deveria garantir com efetividade os direitos inerentes à melhores condições de vida para esse público. Pelo contrário: são massacrados permanentemente, sendo ignorada a política de Proteção Integral e de prioridade absoluta, conquistada com a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente, demonstrando uma prática da ditatorial da “Situação Irregular”, do Código de Menores.

PELO FIM DA VIOLENCIA DO ESTADO!

EM DEFESA DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES!

EM APOIO AOS MORADORES DO PINHEIRINHO!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

2012 DENUNCIA CONTRA A FEBEM CONTINUA

UNIDADE DA FEBEM UI 28 JATOBÁ : AS DENUNCIAS CONTINUAM !!!

JANEIRO 2012.

CARTA DOS ADOLESCENTES DA FEBEM

Transcrição da QUARTA carta dos adolescentes da FEBEM/FUNDAÇÃO CASA UI28, denunciando a Unidade.

Esta já é quarta carta dos adolescentes da Fundação Casa/FEBEM Unidade de Internação Jatobá –UI28. Desde junho/2011, adolescentes, familiares e militantes dos direitos humanos tem se organizado para denunciar as violências ocorridas na Unidade. Muitas ações aconteceram neste período (ato em frente a unidade, dossiê entregue a ONU, denuncias protocoladas em diversos órgãos e com diversas autoridades, ato em frente ao Fórum, carta dos adolescentes da UI28 e Complexo Brás entregue à Juiza Corregedora etc.)

O movimento alcançou algumas conquistas, como a saída da Diretora Tania da Unidade. No entanto as violências continuam, demonstrando a falência da instituição. Segue a transcrição:

23 de Janeiro de 2012...

Mais uma vez nós adolescentes que nos encontramos cumprindo medida sócio-educativa na unidade de internação UI 28 casa Jatobá do complexo raposo tavares DRM IV decidimos pedir ajuda novamente aos membros da sociedade para que alguma providência seja tomada mediante a pratica de torturas e os tratamentos desumano o qual ,qualquer adolescente que venha cumprir a medida sócio educativa nesta unidade é submetido a maus tratos, ,um dos funcionários que pratícava maus tratos com a gente ,já não atua mais na unidade, mais ainda existem outros funcionários que ainda atuam de formas desumana,a direção da unidade já não é mais a mesma,mais o corpo funcional da unidade continua a mesma , e já não aguentamos mais tanta tortura e descaso,queremos atenção para que as providência cabivéis sejam tomadas, e que as coisas por aqui melhore.,pois nem mesmo nossas necessidade básica estão sendo súplidas por quem deveria suplir a atenção médica que estamos tendo ainda não é suficiente para atender todos os adolescente,doentes,muitas das vezes faltam produtos para asepisia da unidade,ambiente onde nos alimentamos também se encontra em condições precárias de higiene,isso faz com que muitos adolescente fiquem doêntes,a verba para nossos visitantes também não está sendo paga, nós e nossos familiares também reclamam para a direção da unidade,para ver se ela toma alguma providência,mas até o momento não obtemos exito nenhum ,oque mais nos impressiona é a aldacia dos torturadores que batem no peito e dizem não temer as autoridades alguma,porque nós só batemos é poque temos consentimentos de seus superiores a diretora da unidade quando lhe foi perguntado do fato ocorrido para ela a mesma diz não saber de nada e que iria procurar a saber.e nós já estamos cansados de sermos enganados e queremos providência sobre esses fatos por favor venha ver de perto o tratamento o qual sofremos nas revistas que é feita mensalmente que os funcionários aproveitam que estamos nos quartos e nos agridem,nos ajudem,estamos precisando da ajuda de voces com estrema urgencia esperamos que vejam esta carta e leiam ela com atenção e muito obrigado a todos aqueles que ajudarem e aos que continuam a nos ajudando e os que vão nos ajudar a acabar com as praticas de maus tratos e tratamentos desumanos...SOS.adolescentes da casa jatobá....

FRENTE DE LUTA PELO FIM DA FEBEM/FUNDAÇÃO CASA

AMAPARAR - ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS E FAMILIARES DE PRESOS/AS

domingo, 22 de janeiro de 2012

Três morrem em operação de retirada de famílias de Pinheirinho, no interior de SP, dizem moradores -

Polícia e moradores se enfrentam em reintegração de posse em Pinheirinho, no interior de SP
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/01/22/policia-e-moradores-se-enfrentam-em-reintegracao-de-posse-em-pinheirinho-no-interior-de-sp.htm

Do UOL, em São Paulo

Moradores do acampamento sem-teto do Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, enfrentam a Polícia Militar, que tenta cumprir ordem de reintegração de posse da área. Eles já haviam declarado que não deixariam o local.

Segundo o jornal "O Vale" a PM está com "forte efetivo", com blindados. O jornal diz que tem informações de que neste momento a PM está utilizando armas de fogo dentro e fora do Pinheirinho. Os moradores estariam jogando pedras na polícia, que reagiria com balas de borracha.

Os moradores afirmam que pessoas já morreram no enfrentamento.

A operação teve início às 6h deste domingo com helicópteros sobrevoando o local e jogando bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Os moradores foram pegos de surpresa e começaram a atear fogo nas barricadas de pneus na tentativa de uma reação. Mas a PM logo apreendeu armas e os líderes foram algemados.

Desde 2004, cerca de 1.600 famílias vivem no terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados, que pertence à massa falida da empresa Selecta S/A, do investidor libanês Naji Nahas. Cerca de 1,5 mil pessoas, segundo a prefeitura, e 9,6 mil, segundo os moradores, vivem no lugar. No início do mês, moradores chegaram a bloquear a Via Dutra em protesto à reintegração da Justiça. O clima na região é de tensão, com montagem de barricadas pelos ocupantes.

Moradores protestam contra reintegração de posse em São José dos Campos (SP)


Foto 23 de 26 - 18.jan.2011 - Moradores da comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), colocam barreiras para impedir a entrada da polícia. A Justiça Federal suspendeu na terça (17) a liminar que barrava a execução da reintegração de posse da área. O juiz Carlos Alberto Júnior considerou que a Justiça Federal não tem competência para julgar a ação, que envolve cumprimento de decisão estadual. Os advogados do Pinheirinho informaram que estão tentando novamente reverter a decisão Nilton Cardin/Sigmapress/AE

Decisões na Justiça nos últimos dias suspenderam e depois permitiram a reintegração de posse do local.

O Ministério das Cidades assinou um protocolo de intenções para solucionar a questão, o que levou a juíza Roberta Monza Chiari, da Justiça Federal, a suspender a decisão da desocupação no dia 17. “Observo indícios da União Federal na solução da questão posta. O perigo resta configurado na medida em que, cumprida a ordem de reintegração de posse, inúmeras famílias ficarão desabrigadas, o que inevitavelmente geraria outro problema de política pública”, disse na decisão.

No entanto, horas depois, outro juiz federal, Carlos Alberto Antônio Júnior, substituto da 3ª Vara Federal, cassou a liminar que suspendia a reintegração de posse. Para ele, apesar do interesse da União, deve prevalecer a decisão estadual já tomada. “É inegável pelo protocolo de intenções e pelo ofício do Ministério das Cidades juntados aos autos que há interesse político em solucionar o problema da região. No entanto, este interesse político não se reveste de qualquer caráter jurídico”, declarou.

(Com informações de Rodrigo Machado, em São José dos Campos)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Expedição Kaiowá-Guarani percorre aldeias de MS na busca por justiça aos povos indígenas

Publicada quinta-feira, 19 de janeiro de 2012, às 13:03

http://www.agorams.com.br/jornal/2012/01/expedicao-kaiowa-guarani-percorre-aldeias-de-ms-na-busca-por-justica-aos-povos-indigenas-2/

Cobrar a demarcação das terras indígenas Kaiowá-Guarani, pedir justiça para os assassinatos dos caciques e líderes indígenas que não prescreveram e denunciar as perseguições e as mortes dos professores indígenas. Esses são alguns dos objetivos da Expedição Kaiowá-Guarani, uma missão organizada por ativistas de diferentes áreas e lideranças, que desde o dia 11 de janeiro percorre aldeias e acampamentos indígenas.

Dourados foi escolhido como ponto de partida da expedição, que deve terminar no dia 24/01 - Foto: Expedição Kaiowá-Guarani MS

Dourados foi escolhido como ponto de partida da expedição, que deve terminar no dia 24/01 - Foto: Expedição Kaiowá-Guarani MS

O município de Dourados foi escolhido como ponto de partida da expedição, que deve terminar no dia 24/01. A meta, é produzir relatórios e vídeos que documentem a situação de vulnerabilidade, conflitos, mortes e perseguição. Além disso, todas as ações realizadas pelo grupo serão acompanhadas por Guaranis da região, que serão responsáveis pelo acolhimento da equipe.

Dentre as entidades que participam da missão, estão o Conselho Federal de Psicologia (CFP), representado pelo seu coordenador da Comissão de Direitos Humanos, Pedro Paulo Bicalho, o Conselho Regional de Psicologia 14ª Região MS (CRP14), e o Comitê Nacional de Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul (Condepi), ambos representados pelo conselheiro Carlos César Coelho Netto.

Bicalho informou que, trazer a questão indígena como pauta para a Psicologia brasileira, é um dos objetivos da Comissão de Direitos Humanos do CFP nos próximos anos. “Quando falamos em Psicologia e Direitos Humanos, é mais fácil pensar em prisões, em internação por uso de drogas, porque são questões onde a psicologia brasileira já está atuando”, pontua.

O atraso na demarcação de terras indígenas e a ausência de políticas efetivas do Estado é o principal motivo para o massacre cultural dos Kaiowá Guarani, povo indígena que apresenta as maiores taxas de assassinatos e suicídios no Brasil. A organização da expedição é do Tribunal Popular, uma articulação de entidades e movimentos sociais que vêm, desde 2008, unindo esforços para denunciar as violações dos direitos humanos promovidos pelo Estado brasileiro e sua lógica de criminalização da pobreza e das diferentes formas de organização popular.

Nove anos depois do assassinato do cacique Verón, expedição registra conflito de terra no MS


Expedição de profissionais ligados à questão indígena e militantes de diversas áreas ficará até o dia 25 na região acompanhando a situação dos indígenas. Iniciada no último dia 10, a expedição que homenageia o cacique assassinado por jagunços, a mando dos fazendeiros locais, produzirá um relatório e um documentário para denunciar as ameaças de morte e exigir a demarcação dessas terras indígenas. A reportagem é de Fábio Nassif.

No último dia 13 de janeiro, há nove anos do assassinato do Cacique
Marco Verón, liderança guarani-kaiowá de Mato Grosso do Sul, indígenas
da aldeia Takwara fizeram uma cerimônia em sua homenagem. O cenário
ainda é de violenta e cotidiana disputa pelas terras. A cerimônia,
chamada de Yvy ra'i nhamboaty, foi realizada durante uma expedição de
profissionais ligados à questão indígena e militantes de diversas
áreas, que ficará até o dia 25 na região acompanhando a situação dos
indígenas.

Iniciada no último dia 10, a expedição que homenageia o cacique
assassinado por jagunços, a mando dos fazendeiros locais, produzirá um
relatório e um documentário para denunciar as ameaças de morte e
exigir a demarcação dessas terras indígenas.

Motivada pela morte de 260 indígenas nos últimos nove anos, a
expedição, composta por geógrafos, jornalistas, psicólogos, advogados
e educadores, tem se deparado com os problemas vividos nas aldeias. A
pressão do agronegócio - principalmente da cana e da soja -, a
violência dos fazendeiros, jagunços e empresas de segurança privada,
a ausência - ou presença equivocada - do Estado fazem do Mato Grosso
do Sul um dos principais palcos de mortes indígenas.

Portas fechadas
No dia em que a equipe da expedição foi recepcionada pelos
guarani-kaiowá na aldeia Laranjeira Nhánderu, localizada no meio de
uma plantação de soja no município de Rio Brilhante, os responsáveis
pela fazenda colocaram caminhões e um globo de aço de arar terra na
entrada para impedir a circulação de pessoas no local. Dentro de
caminhonetes, homens armados rondaram a entrada da aldeia, deixando
todos em estado de alerta.

O gesto de intimidação foi respondido por contados da expedição com a
Funai, a Polícia Federal e entidades de direitos humanos. Para evitar
mais um ataque aos indígenas, decidiu-se telefonar para o
representante do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga, para reforçar o
envio de ajuda aos indígenas.

Três agentes da Polícia Federal e dois da Funai chegaram ao local, e,
depois de conversar com os donos da fazenda, se entenderam com os
índios. A presença deles ajudou no desbloqueio do caminho, mas
explicitou as limitações desses órgãos para lidar com este tipo de
confronto.

Diferente do entendimento comum de que a Funai deve defender os
direitos indígenas, a responsável pelo órgão no estado, Maria de
Lourdes, afirmou que "o papel da Funai é mediar conflito entre os
fazendeiros e os indígenas", mesmo em casos como esse, onde a terra
está em litígio (aguardando julgamento) e historicamente pertence aos
guarani-kaiowa. Maria de Lourdes reconheceu que, em algumas áreas onde a expedição pretende passar, a Funai e a Polícia Federal não atuam
devido ao poder e agressividade dos fazendeiros.

Injustiça e violência
Também cercada pelas enormes plantações de soja, a aldeia Taquara
vive situação semelhante: rios poluídos pelo despejo de agrotóxicos,
tamanho limitado das terras que impede o plantio para subsistência,
indefinição jurídica do local e ameaças de morte. O cacique Ladio
Veron é um dos que estão marcados para morrer na lista dos
fazendeiros. Ele passou o seu aniversário lembrando do dia em que os
jagunços o seguravam, enquanto matavam seu pai na sua frente. Os
assassinos, mesmo condenados, vivem em liberdade.

Nos locais do assassinato e enterro do corpo do cacique Marco, sua
filha, Valdelice, segurando a neta Arami, reafirmou que "a luta do
povo guarani-kaiowa não vai parar". A água da chuva se misturou com
as lágrimas desta família, pertencente a um povo que resiste e vê
sangue jorrar em suas terras, desde a colonização até agora, quando o
projeto de desenvolvimento do país os condena à luta com fazendeiros e
à morte por envenenamento por agrotóxico.



Fotos: Fábio Nassif

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19386

Informe Expedição "Cacique Marcos Verón"

Car@s Companheir@s,

Estou voltando hoje a manter informação da Expedição porque apesar de nenhum violento ter acontecido, existem fatos políticos que estão nos forçando a mandar notícias para que todos saibam.

Percebemos que a situação dos Guarani Kaiowá, se agrava com o desencontro, desinformação e pressão que sofrem da FUNAI, nesse momento, nosso maior momento é essa pressão, que não sabemos aonde dará!

Esse fato novo, nos coloca na posição de alerta e nos força a dividir esse momento com tod@s!

Na luta!

GIVA

Mais de 40 milhões se prostituem no mundo, diz estudo

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,mais-de-40-milhoes-se-prostituem-no-mundo-diz-estudo,824080,0.htm

Relatório de fundação francesa analisa o fenômeno em 24 países

18 de janeiro de 2012 | 6h 33

PARIS - Mais de 40 milhões de pessoas no mundo se prostituem atualmente, segundo um estudo da fundação francesa Scelles, que luta contra a exploração sexual. A grande maioria (75%) são mulheres com idades entre 13 e 25 anos.

Maior número de vítimas está concentrado na Ásia, que representa 56% dos casos - BBC
BBC
Maior número de vítimas está concentrado na Ásia, que representa 56% dos casos

O relatório analisa o fenômeno em 24 países, entre eles França, Estados Unidos, Índia, China e México e diz que o número de pessoas que se prostituem pode chegar a 42 milhões no mundo. O estudo revela ainda que 90% delas estão ligadas a cafetões.

O documento também analisa a questão da exploração sexual por redes de tráfico de seres humanos. De acordo com o relatório, o maior número de vítimas está concentrado na Ásia, que representa 56% dos casos.

Exploração de crianças

A América Latina e os países ricos registram, respectivamente, 10% e 10,8% do tráfico de pessoas para atividades ligadas ao sexo, afirma o "Relatório Mundial sobre a Exploração Sexual - A prostituição no coração do crime organizado", publicado em um livro.

E quase a metade das vítimas de redes de tráfico humano são crianças e jovens com menos de 18 anos.

"Essa é uma das características da prostituição nos dias de hoje: um grande número de crianças é explorada sexualmente", diz o documento. Estima-se que 2 milhões de crianças se prostituam no mundo.

Tráfico de mulheres brasileiras

O juiz Yves Charpenel, presidente da Fundação Scelles, diz que não há dados suficientes para avaliar o aumento da prostituição no mundo.

"O elemento marcante, na Europa, é a multiplicação de prostitutas vindas de países diversos, normalmente controladas por quadrilhas que as fazem circular por todo o continente", afirma.

O estudo da fundação francesa afirma, com base em dados da agência da ONU contra as drogas e o crime, que o tráfico de mulheres brasileiras na Europa estaria aumentando. O documento não revela, no entanto, números em relação a esse crescimento.

"Essas vítimas são originárias de comunidades pobres do norte do Brasil, como Amazonas, Pará, Roraima e Amapá."

"Se a maioria das prostitutas na Europa são de países do leste europeu e de ex-repúblicas soviéticas, a predominância desses grupos parece estar diminuindo no continente", diz o relatório, acrescentando que paralelamente a isso o número de brasileiras estaria aumentando.

Em dezembro passado, a polícia espanhola desmantelou uma quadrilha internacional de prostituição que mantinha dezenas de menores brasileiras sob cárcere privado.

Eventos esportivos e prostituição

O estudo também afirma que grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos, contribuem para agravar o fenômeno da prostituição.

"Futebol e Olimpíadas são identificados como os cenários mais comuns da exploração sexual", afirma o relatório.

Segundo o texto, essas grandes competições internacionais permitem que as redes criminosas "aumentem a oferta" de prostitutas.

Na África do Sul, por exemplo, 1 bilhão de camisinhas foram encomendadas pelas autoridades para enfrentar eventuais riscos sanitários durante a Copa do Mundo em 2010.

O número de prostitutas no país, estimado em 100 mil, aumentou em 40 mil pessoas durante o evento.

Internet

Segundo a Fundação Scelles, a internet também contribui para ampliar a prostituição no mundo.

"As redes de cafetões agora recrutam pessoas em redes sociais como Facebook e Twitter", diz o estudo, citando um caso na Indonésia em que as autoridades prenderam suspeitos de aliciar jovens estudantes no Facebook e no Yahoo Messenger.

Nos Estados Unidos, a maioria das menores prostitutas são recrutadas por cafetões no site Craiglist, de anúncios, diz o estudo.

"Os cafetões fazem falsas propostas de trabalho como manequim e utilizam as vítimas para recrutar outras jovens."


Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,mais-de-40-milhoes-se-prostituem-no-mundo-diz-estudo,824080,0.htm

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Abaixo-assinado online: «contra a desocupação do Pinheirinho»

ASSINEM!!!!

Acabei de ler e assinar o abaixo-assinado online: «contra a desocupação do Pinheirinho»

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=must

RESISTÊNCIA NO PINHEIRINHO!!!

URGENTE ! CASO PINHEIRINHO -LIMINAR CASSADA

E O PINHEIRINHO RESISTE!!! AOS 45 DO SEGUNDO TEMPO!!! Mas uma má notícia chegou a pouco tempo…

17 01 2012

E nessa madrugada tivemos uma notícia sensacional!!! A comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, que estava ameaçada de desapropriação, conseguiu a permanência no local aos 45 do segundo tempo!!!

Todos os moradores estavam de prontidão, prontos pra batalha com a tropa de choque. Coquetéis molotov, escudos improvisados, capacetes, estilingues e muita resistência é o que se via no local. A foto a seguir rodou o mundo e chamou a atenção para o caso, intimidando assim, as autoridades que tem o poder de desocupação nas mãos.

Fui gravar uma vídeorreportagem por lá na manhã dessa terça-feira e conversei com moradores, lideranças e um advogado do movimento. O clima era de alegria, mas principalmente de alívio. Todos tiveram um carga muito elevada de tensão nesses últimos tempos, o Valdir por exemplo, ou “Marrom”, uma das lideranças do movimento, tinha até ido ao médico pouco antes de dar entrevista… eu só posso dizer que tenho orgulho de ser brasileiro vendo a resistência dessas lutadoras e lutadores do Pinheirinho!!! Isso sim me dá orgulho, e não essa seleção de futebol safada que vemos hoje, que só pensa nas cifras, ou pela podre dramaturgia novelística que temos no país… cada um escolhe seus próprios motivos de se orgulhar!!!

Isso tudo mostra que a luta nunca é em vão, e o primeiro foco dela é a dignidade. O Marrom me disse que eles sabiam que não poderiam enfrentar a polícia de igual pra igual, mas mesmo assim decidiram pelo enfrentamento. Isso é dignidade, é atitude de resistência contra a injustiça!!!

Conversando com o Toninho Ferreira, um dos advogados do Movimento de ocupação do Pinheirinho, ouvi uma fala que me chamou a atenção, ele disse: “Isso aqui não é uma questão de polícia, é uma questão de políticas públicas”… e isso me fez fazer um a paralelo com outro assunto tão em voga no momento, que o caso da Cracolândia não é assunto de política, e sim de saúde pública… ou seja, enquanto não forem garantidos os direitos essenciais da população, como saúde, moradia, ensino de qualidade, alimentação, cultura etc,etc… o povo deve se revoltar mais e mais!!! Nós temos o direito!!!

A polícia sempre faz o papel do carrasco, pau-mandada que é da elite brasileira… o atual prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, do PSDB, está fechado com os proprietários de terra, e a ele nada interessa as necessidades do povo pobre de sua cidade.

A liminar que foi conseguida pelo movimento, por volta das 5 horas da manhã, que não permitia a entrada da Polícia no Pinheirinho, foi baseada em um dos princípios básicos da Constituição brasileira: o direito de todos à moradia digna.

PUTA MERDA!!!!!

POIS É, MAS VEJAM SÓ COMO É A JUSTIÇA BRASILEIRA: nesse exato instante, escrevendo esse post de comemoração pela conquista, recebo a notícia de que a liminar foi cassada pelo juiz federal, titular da 3ª Vara Federal, Carlos Alberto Antonio Junior, nesta terça-feira (17) e manteve a decisão de retirar os moradores do Pinheirinho.

É triste, gente. O Naji Nahas, proprietário do terreno, é rico, corrupto e egoísta. Características básicas de quem só pensa em si. Vai saber o que não acontece nos bastidores da injustiça brasileira, juízes tendenciosos ao favorecimento de quem tem dinheiro vivo na mão.

Mas tudo o que foi escrito aí em cima está mantido!!! A luta é acima de tudo por dignidade, não deixemos os opressores calarem a nossa voz!!!

Se por um lado eu disse que dá orgulho de ser brasileiro pela luta dos moradores do Pinheirinho, me dá vergonha de ser brasileiro ao saber de uma notícia dessa, por aqui não devia se chamar JUSTIÇA, devia sim se chamar INJUSTIÇA BRASILEIRA.

Pra finalizar, a charge a seguir, extraída do facebook, resume o meu sentimento:

http://bolaearte.wordpress.com/2012/01/17/e-o-pinheirinho-resiste-aos-45-do-segundo-tempo-mas-uma-ma-noticia-chegou-a-pouco-tempo/

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

FESTIVAL MOINHO VIVO

Vitória: Justiça Federal diz não à desocupação do Pinheirinho



Vitória: Justiça Federal diz não à desocupação do Pinheirinho

E o post anterior não foi o último antes da chegada da PM. Isso porque, simplesmente, a PM não veio.

Os advogados do movimento conseguiram aos "49 minutos do segundo tempo", ou às 4h30 da madrugada, uma liminar na Justiça Federal que determinou que não haja a reintegração de posse, pedida pela Justiça estadual (sexta vara cível).

Assim, com o anúncio da conquista, os moradores do Pinheirinho explodiram em emoção, fizeram festa e ocuparam a Estrada do Imperador.

Como esta cobertura solidária já está há mais de 30 horas "na ativa", permitam-nos colar a matéria do jornal O Vale:


Justiça Federal suspende reintegração e Pinheirinho obtém vitória

Após uma madrugada de muita apreensão, festa e o sentimento de vitória. Todos no acampamento sem-teto do Pinheirinho esperavam para esta manhã, a partir das 6h, que a polícia cumprisse o mandado de reintegração de posse da área.

O perímetro do acampamento era vigiado por motos dos sem-teto e alguns 'pelotões' estavam estrategicamente posicionados para entrar em confronto com a polícia caso a ordem fosse cumprida.

"Estamos aqui até a morte. Não vamos arredar o pé", disse um dos 'soldados' sem-teto, que não quis se identificar.

LIMINAR CASSADA - A tensão, no entanto, rapidamente deu lugar à euforia quando, às 5h15, o advogado dos sem-teto, Antonio Donizete Ferreira, convocou uma reunião às pressas, logo na entrada do Quartel General do assentamento.

Ele informou que a Justiça Federal havia cassado a liminar que garantia o cumprimento do mandado de reintegração de posse.

"Essa liminar, com muito sufoco, deu um fôlego para continuarmos as negociações políticas. O próximo passo é convencer a prefeitura a mudar o zoneamento para desapropriar a área", disse.

Ao saber da notícia, o Pinheirinho entrou em transe. Os moradores comemoram efusivamente a conquista. Eles tomaram a avenida do Imperador com buzinaço, bandeirões e gritam palavras de ordem .

O defensor público Jairo Salvador esteve no acampamento e confirmou a vitória temporária dos sem-teto.

O pintor industrial, Vanaildo Silva, 34 anos, está no acampamento desde o início da ocupação, em 2004, e disse que o dia de hoje foi de recordações.

"Hoje, quando estava pronto para resistir à desocupação relembrei das borrachadas e cacetetes que tomei quando tive que deixar o campão. Viemos para cá e quando pisei aqui acreditei que este lugar seria minha casa e agora, com essa decisão, tenho certeza de que este é o lar da minha família".

O Comando do Policiamento do Interior da PM recebeu a ordem para que não cumpra a reintegração de posse. Em entrevista coletiva nesta manhã, o coronel Manoel Messias Mello afirmou que a possibilidade de que a reintegração de posse aconteça hoje está descartada. " A ação requer um planejamento especial e não tem condições para que isso ocorra hoje".

http://solidariedadepinheirinho.blogspot.com/2012/01/vitoria-justica-federal-diz-nao.html?spref=fb

Sobre expedição Marcos Verón

Car@s, A expedição Marcos Verón, as terras Guarani Kaiowá prossegue, estamos bem, amanhã estaremos em área de maior tensão , estamos confiantes que não teremos problemas, mas estamos também preparado para os problemas e contando com o apoio dos companheir@s.

Na Luta

por Givanildo


REUNIÃO DE ORGANIZAÇÃO DA REAÇÃO ANTIRRACISTA - 2012 - SP

Amigas e amigos,

Em menos de trinta dias, desde o protesto em frente ao Colégio Anhembi Morumbi, onde a estagiária Ester foi vítima de racismo, vários outros casos de racismo foram nacionalmente repercutidos.

Além do protesto em frente ao Colégio, ativistas e artistas populares protestaram tbm em frente ao restaurante racista e é perceptível um clima de repulsa às ações racistas por parte da PM, em especial na Cracolândia no último período, o que configura uma conjuntura propícia à reorganização da luta antirracista no estado.

Em função disso, após consulta a diversas companheiras, confirmamos uma reunião para organização de ações imediatas.

Convidamos todas as ativistas da luta antirracista e solidárias à causa, Saraus, Grupos Culturais, Imprensa Negra, além de todas as organizações do Movimento Negro, Movimento Popular, Movimento de Direitos Humanos, Movimentos Estudantis, Sindicatos e Partidos de Esquerda.

RACISMO NÃO TIRA FÉRIAS!


REUNIÃO DE ORGANIZAÇÃO DA REAÇÃO ANTIRRACISTA - 2012 - SP

Próxima quarta-feira, 18 de Janeiro
19 horas

Rua Abolição, 167 - Bela Vista
Metrô Anhangabaú
Próximo à Câmara Municipal de Vereadores de SP

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Informe Expedição "Cacique Marcos Verón"

Companheiros e Companheiras,

Estamos saindo hoje em um grupo de 15 pessoas para ir participar de diversas atividades em aldeias Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, serão 15 dias de atividades intensas e tensas. Como muitos devem saber, aquela região para por uma situação de conflito permanente, fato que da nossa parte, tenhamos alguma apreensão.

Informamos da nossa Expedição (Expedição ao território Kaiowá-Guarani “Cacique Marcos Verón” – Tekoha Nhe’e Ayvu Arandu.), ao Ministério da Justiça, Policia Federal, Ministério Público Federal, Funai, órgãos internacional, entre outros), mas em se tratando da barbárie que tem ocorrido no MS contra o povo Kaiowá- Guarani, todo cuidado e possibilidade de proteção tem sido pouco.

Pedimos para que todos os companheiros e companheiras, durante esse período, fiquem atentos as informações que chegarão, que virtualmente ajudem nesse processo de proteção, que sabemos, já vem acontecendo em relação ao povo Guarani Kaiowá, e a ação que foi feita para garantir a vida do Cacique Ládio Verón, foi o grande exemplo dessa vigilância, quando essa rede social, foi o principal veículo que garantiu a sua vida, bem como pautou nacionalmente a questão Kaiowá-Guarani .

É importante que tod@s saibam, que nenhum membro da expedição se propõe a ser herói a ação que hoje estamos fazendo , ela acontece exatamente porque estamos cerrando posição contrária a destruição de um povo e do meio ambiente, e entendemos que não podemos fazer isso, só a distancia e sem interagir e tentar integrar as diversas lutas que defendem a humanidade da sanha destrutiva do capital!

Acompanhem a expedição, divulguem, fiquem alerta!

http://marcosveron.wordpress.com/

Giva

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Crianças do Congo, país mais subnutrido da África, se alimentam dia sim, dia não



Adam Nossiter
Kinshasa (Congo)

Hoje, as crianças mais velhas vão comer. Cynthia, 15, e Guellor, 13. Amanhã, será a vez das pequenas, Benedicte, Josiane e Manasse, 3, 6 e 9.
É claro, as pequenas farão escândalo. “Sim, é claro, elas pedem comida, mas nós nãi temos nada”, disse a mãe, Ghislaine Berbok, uma policial que ganha US$ 50 por mês. Elas terão um pouco de pão no café da manhã, mas nada além disso.
“À noite elas ficarão fracas”, disse ela. “É claro, elas reclamam. Mas não há nada que possamos fazer.”
Os Berbok estão praticando um ritual familiar de Kinshasa quase tão comum aqui quanto os telhados de metal e as ruas poeirentas: o “corte de energia”, como os moradores da capital, com quase 10 milhões de habitantes, o batizaram. Em alguns dias, algumas crianças comem, outras não. Em outros dias, todas as crianças comem, e os adultos não. Ou vice-versa.
O termo “corte de energia” - em francês, delestage – é para evocar outra rotina desagradável da vida da cidade: os blecautes rotativos que atingem primeiro um bairro depois o outro.
A palavra delestage é usada universalmente na África francofônica para descrever esses cortes de energia decretados pelo Estado, mas quando aplicado ao racionamento de comida ela ilustra um cálculo duro de sobrevivência, que o chefe de família precisa impor dolorosamente aos demais. E diferente dos blecautes, não é meramente um desprazer temporário vindo de cima.
“Se hoje nós comemos, amanhã bebermos chá”, disse Dieudonne Nsala, pai de cinco filhos que ganha US$ 60 por mês como administrador no Ministério da Educação. O aluguel é US$ 120 por mês; os números, Nsala apontou, simplesmente não batem. Há dias em que as crianças não comem? “É claro!” Respondeu Nsala, intrigado com a pergunta. “Pode ser dois dias por semana”, disse ele.
Embora os moradores aqui frequentemente se reúnam em esquinas cheias de gente para discutir política, sua luta diária pode ajudar a explicar porque a capital não experimenta protestos de massa depois que os resultados discutíveis das eleições foram anunciados no mês passado. Protestos esporádicos e choques nas ruas certamente surgiram, mas a margem de sobrevivência aqui é simplesmente muito tênue para que as pessoas protestem por muito tempo.
“As pessoas em Kinshasa são tão pobres, que vivem da mão para a boca”, disse Theodore Trefon, pesquisador do Royal Museum for Central Africa na Bélgica. “Elas simplesmente não têm meios para se mobilizar por muito tempo.”
Além disso, o governo deixa pouco espaço para expressões populares de descontentamento. A Human Rights Watch disse que os soldados congoleses haviam matado pelo menos 24 pessoas e detido outras dezenas depois que eleições fraudulentas colocaram novamente no poder o presidente Joseph Kabila.
Quaisquer que sejam os problemas da cidade com a votação, a vida diária já é um desafio grande o suficiente.
“No final de semana, você precisa fazer tudo o que pode para ter comida porque está em casa com seus filhos”, disse Nsala, o administrador. “Mas tem dias, é claro, em que não comemos. Eu digo: 'não há o suficiente para comer, então você, mamãe, e as crianças, vocês comem'”.
Nsala, que fala calmamente e com a dicção precisa, olhou para o chão de sua modesta sala de blocos de cimento e telhado de metal. A TV mostrava notícias ao fundo. Sua mulher estava vendendo vegetais na frente, para complementar o magro rendimento da família. Não pergunte a ele sobre carne.
“Talvez, se fizermos um sacrifício”, diz ele, observando que a carne custa US$ 2,20 o quilo.
No lar dos Berbok – onde o marido de Ghislaine, que é professor, ganha US$ 42 por mês, acrescentando ao salário dela como policial – ninguém comeu peixe durante um ano.
“Delestage. Isso significa: 'hoje nós comemos. Amanhã não'. Os congoleses, no espírito de ironia, adotaram esse termo”, disse Nsala. Ele acrescentou que a família havia comido no dia anterior. “Então, hoje, não tem comida.”
O delestage de alimentos não é novo no Congo, um país rico em minérios e paisagens verdejantes, mas ainda assim um dos mais famintos da terra, de acordo com os especialistas. Ele ficou em último lugar no Índice Global da Fome de 2011, uma métrica da má nutrição e nutrição infantil compilada pelo Instituto de Pesquisa em Política Alimentar Internacional, e a situação ficou pior. O Congo foi o único país em que a situação alimentar caiu de “alarmante” para “extremamente alarmante”, reportou o instituto no ano passado. Metade do país é considerada subnutrida.
Há dez anos, até os congoleses pobres poderiam esperar comer uma refeição substancial por dia – talvez mandioca, com algum óleo de palmeira, e um pouco de peixe congelado importado que faz parte da alimentação básica aqui. Mas nos últimos três anos, até essa certeza se foi, disse o Dr. Eric Tollens, especialista em nutrição no congo pela Universidade Católica de Leuven na Bélgica, onde ele é professor emérito do Centro para Economia Alimentar e Agricultura.
Tollens culpou a “total negligência do governo em relação à agricultura”, dizendo que o país está mais concentrado na lucrativa extração de minérios valiosos como o cobre e o cobalto. Menos de 1% do orçamento nacional congolês vai para a agricultura, diz. Doadores estrangeiros financiam “todos os projetos de agricultura”, diz ele, e “quantidades massivas de comida” são importadas para esta terra rica, então a comida é cara.
“A produção agrícola simplesmente desapareceu”, disse ele numa entrevista, acrescentando que não havia motivo para que um país fértil como o Congo importe 20 mil toneladas de feijão por ano.
“É pior do que no Níger ou Somália”, disse ele, citando duas nações subsaarianas que vivem perenemente à beira da fome. “Vamos lá, vamos lá. Com tantos recursos, o que está acontecendo?”
Metade da população come apenas uma vez por dia, escreveu Tollens num ensaio há vários anos, enquanto um quarto come apenas a cada dois dias.
“Antes, nós comíamos três vezes por dia; agora, nós comemos por delestage”, diz Cele Bunata-Kumba, um técnico de tênis que vive no bairro de Matongele em Kinshasa com sua mulher e 12 filhos.
“Hoje, são as crianças que vão comer”, disse ele. “Nós, os adultos, podemos nos sacrificar. Nós, os adultos, podemos ficar sem comida”, disse ele, com o rosto angustiado. E acrescentou: “sim, sim, é claro, o dia todo. Sem nada para comer. Nem pão. Claro, isso acontece”.
Em termos imediatos, os kinois – como são conhecidos os moradores de Kinshasa – que conhecem as ruas, conhecidos por viver correndo e ser adeptos da arte da sobrevivência num ambiente duro, precisam se virar. Eles precisam alimentar seus filhos, a maior prioridade, dizem várias famílias.
No lar administrado por Elisa Luzingu e sua cunhada Marie Bumba – o marido de Luzingu está sem trabalho – as crianças têm entre 7 e 17 anos. O delestage significa nenhuma refeição, três dias por semana. “Meus filhos estão estudando, então, é muito difícil”, disse Luzingu.
Nos dias sem comida, disse Bumba, as crianças “ficam muito cansadas e famintas”.
Num recente domingo cinzento, pelo menos, “todos comeram”, disse Bumba, do lado de fora do quintal perto de uma panela fervente de matembele: batata-doce, óleo de palmeira, verduras e um pouco de peixe. Havia sorrisos por toda parte. A comida estava quase pronta.
“Para o kinois, comer é uma batalha diária”, disse Bunata-Kumba, o técnico de tênis.
Tradução: Eloise De Vylder