Caro Giva,
Sou assessor de comunicação social da Fundação CASA
Li seus comentários no blog Infância Urgente. Discordamos do tom deles, mas
acreditamos que o blog seja um meio eficaz de fazer críticas e alertar a
sociedade para o que anda errado.
No caso da Fundação CASA, nestes últimos tempos, temos tido mais acertos
que erros. Para ficar em alguns dados, os índices de rebelião caíram (80 em
2003 para 5 em 2007), os de reincidência despencaram (29% em 2006 contra
18% em 2007).
Escrevo este e-mail não como mera resposta às suas colocações - isso seria
o papel trivial de um assessor.
Não, o que eu gostaria era de marcar um encontro com você para que a gente
pudesse mostrar o outro lado, conversar francamente, ouvir seus pontos de
vista e abrirmos um canal de diálogo.
Peço isso sem cobrar a publicação de resposta alguma. Sei que muitas
críticas que recebemos são fruto de um passado em que eles eram justas e
cabíveis. Hoje, graças a muito trabalho, estamos mudando este passado e
gostaríamos de sua colaboração neste processo.
É isso, meu caro.
Abraços e boa sorte com o blog
Lucas Tavares
Coordenador de Comunicação Social da Fundação CASA
Caro Lucas,
Aceito todo e qualquer tipo de conversa, desde que seja pública, alias em 3 ocasiões diferentes já foram marcados debates entre o Fórum e a presidente da FEBEM/Fundação Casa e ela não compareceu em nenhuma, só em um caso quando marcamos uma reunião com a Pastoral do Menor,ou seja, uma reunião institucional não pública, desmarcamos porque a Pastoral ingenuamente ou não convidou a presidente da FEBEM/Casa para participar.
Como você pode perceber, em momento algum nos furtamos em dialogar com a instituição, ao contrário já participamos da discussão de 6 projetos para a instituição, que nunca foram aproveitados. Um emblemático, com a participação do Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público, CONANDA,CONDECA, CMDCA, CTs e diversas outras instituições e o governador à ocasião ignorou totalmente essa rica construção desses diversos atores.
Estamos organizando um Seminário na Assembléia Legislativa para discutir a política para a Criança e o Adolescente no estado de São Paulo e iremos convidar a presidente da instituição, esse seria o momento ideal para esse debate público, para que ela possa apresentar e debater as mudanças ocorridas, o que seria muito rico, já que juntaremos muita gente da área .
Em relação às mudanças, a sua visão é a de governo, fará a defesa do governo(claro!), mas os desvios são tantos e inexplicáveis que a instituição é indefensável. Começando pela arquitetura, que é muito diferente inclusive da que o SINASE propõe (que é o modelo que o estado alega está implantando), declarado publicamente pela atual Vice Presidente do CONANDA Carmem Silveira e presidente a ocasião, que o que se faz aqui, não tem relação com o que está definido no SINASE enquanto modelo arquitetônico, nem a interpretação que o estado de São Paulo tem para co-gestão, que aqui virou privatização, palavras não só nossas, mas da ex-Presidente do CONANDA, conferência estadual e nacional da criança e do adolescente de 2007.
Não posso confiar em dados que não posso conferir diretamente e que são desencontrados em diversas ocasiões, também não posso confiar em informações de uma instituição que funciona ao arrepio da lei e que não se permite fiscalizar (qual o temor?), se formos verificar o número de BOs de Conselheiro Tutelares pelo desrespeito a ação conselheira que essa instituição continua cometendo,contra o mais importante órgão de fiscalização do cumprimento do que está previsto no ECA, verificaremos que de longe lembra uma entidade que se diz mudada e por favor, já trabalhei na instituição, fui Conselheiro Tutelar e discuto essa instituição a mais de 16 anos, então os argumentos tem que ser bem escolhidos e consistentes para me convencer e convencer o movimento social de defesa dos direitos da criança e do adolescente, peço para não me falar da ouvidoria como controladora da instituição, pois é impossível um cargo de confiança do governo fiscalizar o próprio governo, em que pese eventual competência dos ocupantes do cargo.
Falei na segunda pessoa do plural, porque sou parte de um coletivo maior da sociedade civil, não sou um personagem televisivo, nem tão pouco personalista, por isso esse debate se interessar, deve ser aberto e amplo para que todos aqueles que conhecem a realidade da instituição, reflete e produz sobre ela possa manifestar seu olhar sobre a realidade que o governo tem empregado todos os seus esforços para que a sociedade não tenha conhecimento.
Muito obrigado pelos cumprimentos e desejo o mesmo para você.
Estarei publicando seu email e a minha resposta em meu blog.