Infância Urgente

domingo, 20 de abril de 2008

Agressão contra criança cresce 54%

Agressão contra criança cresce 54%
Juliana Facchin / Agência Anhangüera

Casos como o assassinato de Isabella Nardoni e da menina de 12 anos torturada pela madrasta em Goiânia, noticiados recentemente pela mídia, chamam a atenção para um problema com o qual inúmeras crianças e adolescentes convivem quase diariamente. Em Campinas, o Conselho Tutelar registrou um aumento de 54,87% nos casos de maus-tratos
contra crianças e adolescentes só no começo deste ano. No Disque- Denúncia, as notificações desse tipo também aumentaram e ocupam o segundo lugar no ranking de ligações, perdendo só para o tráfico de entorpecentes. O aumento, de acordo com a conselheira tutelar Kátia Campolina, decorre da falta do cumprimento dos papéis dos pais. "Os pais não estão conseguindo cumprir seus deveres, conforme pede o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Hoje, os pais trabalham muito e não dedicam mais tempo para acompanhar os filhos na escola ou conversar com eles. Sem essa atenção, não há como impor limites nos filhos e a violência, na maioria das vezes, é a saída escolhida pelos pais", explicou Kátia.

Dados do Conselho Tutelar mostram que, de 1º de janeiro a 17 de abril de 2007, foram registrados 800 casos. No mesmo período deste ano, o número de casos subiu para 1.239, um aumento de 439 ocorrências. A conselheira tutelar se surpreendeu, ainda, com o aumento no índice de casos de violência envolvendo o uso de substâncias psicoativas (drogas e bebidas alcoólicas) pelos pais. "No ano passado inteiro,
registramos 80 casos e, só no começo deste ano, já somamos 112 notificações", disse.
Ela explicou que esse crescimento é muito sério e acredita que esses tipos de violência contra crianças e adolescentes só irão diminuir com a implantação de algum programa de orientação sociofamiliar para os pais. "Muitas vezes, todo cansaço é descontado nas crianças e isso precisa acabar. Os filhos precisam de limites, mas sem o uso da violência", ressaltou.

Fator cultural

Para a psicóloga do Centro Regional de Atenção aos Maus-tratos na Infância (Crami), Fabiana de Moraes Furtado Mendes, a violência doméstica está diretamente ligada a um fator cultural. Na maioria das vezes, os pais cresceram em um ambiente violento e trazem isso para o ambiente familiar com os filhos. "Isso vem de um longo processo
histórico. Antigamente, as pessoas corrigiam os filhos na base de palmadas, mas a educação não deve ser dada através da violência",disse a psicóloga.Ela alertou ainda que a primeira palmada pode ser o início da violência doméstica. "As pessoas, às vezes, falam que só foi uma palmadinha, mas quem é que garante que não será pior num momento de descontrole?", questionou.

A psicóloga disse que hoje o cotidiano das pessoas está muito corrido e a família, na maioria das vezes, não consegue manter o controle dos filhos. "Os pais aprendiam que a palmada era o limite e tentam agir dessa maneira com os filhos", ressaltou.
Acostumada a cuidar de casos difíceis diariamente, Fabiana acredita que os casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes aumentaram nos últimos anos porque a sociedade passou a cobrar mais e a denunciar mais também.

fonte: http://www.cosmo.com.br/cidades/campinas/integra.asp?id=223951

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