Tribunal Popular: o Estado no banco dos réus
Presente no 2º aniversário do assassinato de Jorge Luiz Lourenço
5 de abril de 2009
Jorginho, presente! Baurú, 5 de abril de 2009
O Grupo Contra a Violência e a Violação dos Direitos Humanos (GVVDH) de Baurú promoveu, no dia 5, sábado, um ato em memória de Jorge Luiz Lourenço, morto aos 22 anos, em 5 de abril de 2007, por policiais militares do 4º Batalhão do Interior. De profissão mecânico, Jorginho, como o chamam os parentes e amigos, voltava do trabalho e não atendeu à ordem de parar em um bloqueio policial por não estar com a documentação em dia. Fugindo por uma via lateral, foi perseguido por policiais militares que o assassinaram com um tiro na cabeça. Posteriormente, como sempre acontece nos casos de execuções sumárias, os policiais alegaram que Jorginho reagiu a tiros e que com ele foram encontradas pedras de crakc. Tudo mentira! E por isso a família, o pai, as irmãs e a incansável mãe, Dona Edite, os amigos e colegas de trabalho e todos os moradores de Baurú que são contra a violência se manifestaram desde o início contra essa versão, exigindo a punição, nos termos da lei, deste assassinato.
No dia 5, no sábado, o ato em memória de Jorginho reuniu cerca de 100 pessoas, contando com a presença de diversas personalidades da cidade. O ato se iniciou com as palavras dos organizadores, Rosângela de Lima Vieira e Orlene Daré. Em seguida falou D. Edite, mãe de Jorginho, ladeada por sua filha e depois pelo grupo dos amigos e colegas de trabalho da oficina mecânica onde o jovem trabalhava. Outros oradores, representantes de setores sociais importantes da cidade, se revezaram em repudiar essa morte e a violência que ela significa, lendo textos, poesias e relacionando os casos da cidade com a situação da juventude pobre, em sua maioria negra, do Brasil. Entre as falas, uma trilha musical de grande siginificado para os brasileiros e brasileiras.
O Tribunal Popular esteve presente através de Francilene Gomes da Silva, irmã do desaparecido de maio de 2006, Paulo Alexandre Gomes, de sua mãe, D. Maria, e seu pai, Sr. Francisco, que falou no ato mostrando que a dor dos familiares é sempre a mesma. Falaram ainda no ato, pelo TP, Adriana Steidle, militante de direitos humanos de Guarulhos, lembrando os diversos mortos e desaparecidos daquele município, e Angela de Almeida, que mencionou o processo que move contra o torturador Ustra, para responsabilizá-lo pela morte sob tortura, aos 23 anos, de Luiz Eduardo Merlino, seu ex-companheiro, em 19 de junho de 1971. Nessa ocasião mostrou o elo que existe entre o não-esclarecimento dos crimes acontecidos durante a ditadura militar, os arquivos da ditadura blindados e a impunidade com que policiais e outros agentes do Estado assassinam, hoje, sobretudo jovens das periferias e bairros pobres.
Durante o ato foi ainda lembrado o assassinato, sob tortura, de Juninho (Carlos Rodrigues Júnior), de apenas 15 anos, por policiais militares que invadiram a sua casa em 15 de dezembro de 2007, nas palavras de uma amiga de sua mãe, D. Elenice, também presente.
Ao final do ato, realizado à noite, na Praça da Paz, foi retirada uma larga faixa negra que havia sido colocada em uma estátua da praça, a "Pomba da Paz", com o consentimento do escultor que estava presente durante o ato. Foram ainda soltos balões brancos e os amigos e colegas de Jorginho se uniram com suas motocicletas.
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