Sob o comando do coronel Gervásio, número de civis mortos por policiais da Grande São Paulo cresceu 63%; corporação culpa ousadia dos bandidos
05 de junho de 2010 | 0h 00
Leandro Calixto - O Estado de S.Paulo
JORNAL DA TARDE
A Polícia Militar da Grande São Paulo matou mais civis durante o período em que foi comandada pelo coronel Admir Gervásio Moreira, nomeado no fim do mês passado como o corregedor da PM. De março de 2009 a abril de 2010, foram registradas 150 mortes, enquanto no mesmo período do ano anterior foram 92 casos.
Isso representa um aumento de 63% da violência policial no Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado. Coronel Gervásio ficou no CPM de 16 de abril de 2009 a maio deste ano.
O crescimento de mortes provocadas por PMs contra civis também foi registrado na capital e no interior. Mas em ambas regiões os números são inferiores em relação à área metropolitana. Na capital, no mesmo período comparado com a Grande São Paulo, o número subiu 38%. No interior, cresceu 50%.
Em entrevista três dias após assumir a Corregedoria, o coronel atribuiu o aumento da violência à ousadia dos bandidos. "Hoje, eles estão mais ousados e fortemente armados. Isso fez aumentar o confronto com a polícia. Por isso, houve um crescimento de morte de civis e também de policiais." Na comparação entre os dois períodos, o número de policiais mortos em confrontos na Grande São Paulo aumentou de cinco para três.
A Polícia Militar afirmou, por meio de nota, que o CPM tem como foco a redução de crimes contra o patrimônio e chega rapidamente às ocorrências registradas pelo 190. "Em decorrência disso, percebe-se um aumento na quantidade de confrontos e um aumento no número de armas utilizadas pelos marginais."
A PM informou também que no primeiro trimestre de 2010, ainda sob o comando do coronel Gervásio, houve uma expressiva redução de indicadores em crimes contra o patrimônio. Houve, por exemplo, queda de 11,5% de roubos e 7,9% de furtos.
Missão. Conhecido como um policial linha dura, Gervásio foi escolhido pela cúpula da PM e do governo para contornar uma crise na Corregedoria, após denúncias de violências praticadas por policiais em todo o Estado. A série de crimes na Baixada Santista, que deixou 23 mortos, derrubou o antigo corregedor.
Outra prioridade de Gervásio é esclarecer definitivamente a morte do coronel Hermínio Rodrigues, em janeiro de 2008. Na primeira semana que assumiu a Corregedoria, Gervásio debruçou-se neste caso também.
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