Produzido em 2007, o filme – de 90 minutos - acompanha a rotina em tribunais dos juízes Luciana Fiala de Siqueira Carvalho e Guaraci de Campos Vianna; dos promotores Renato Lisboa Teixeira Pinto, Alexandra Carvalho Feres e Eliane de Lima Pereira; e dos defensores Tadeu Valverde e Patrícia Vilela, além de policiais e familiares. Todos os personagens reais, exceto os menores. Como a legislação veda a identificação dos menores infratores, a produção traz ainda um elenco de nove adolescentes não-infratores, mas que vivem em condições sociais similares.
Conforme o presidente da OAB/SP – Luiz Flávio Borges D'Urso – o documentário mostra-se uma oportunidade rara da sociedade, não acostumada a freqüentar tribunais, conhecer os meandros de mazelas da tramitação e julgamentos de processos judiciais. "Os jovens infratores passam pelos mesmos descaminhos de um Judiciário sobrecarregado de processos e de um Poder Público que não tem respostas efetivas para os problemas da sociedade", avalia D'Urso, destacando a importância do filme que evidencia o trabalho real dos operadores do Direito – magistrados, advogados e membros do MP.
"O documentário mostra a Justiça sendo aplicada por juízes, que querem saber se o adolescente gostou de roubar; se o amigo que deu a arma manda nele; se ele pertence a gangues; e se pensou nas conseqüências do ato ilícito. No contraponto, temos os advogados buscando assegurar os direitos dos jovens; querendo saber se o adolescente fora coagido a praticar o delito, apontando motivações e atenuantes, além de propor medida justa prevista pelo Estatuto da Criança e Adolescente", analisa o presidente da OAB/SP.
D'Urso destaca ainda que a realidade desse adolescente mostrada no filme choca. "A detenção com algemas, o camburão, as grades e a violência impressionam. E pior é falta de perspectiva retratada por uma adolescente que reluta entre ser libertada porque voltar para casa pode ser ainda pior que a detenção". Sem dúvida – ressalta D'Urso – "esta não é a ressocialização de jovens infratores que sonhamos. O documentário até mostra agentes do governo que vão até a unidade prisional saber se os adolescentes têm roupas e colchões, como se isso resolvesse a omissão do Estado na recuperação destes jovens cuja reinserção social deveria passar obrigatoriamente pela educação, saúde e tratamento digno durante o cumprimento da medida privativa de liberdade".
O documentário de Maria Augusta Ramos – cineasta especializada em tratar a relação do cidadão com as instituições – tem as credencias de importantes festivais e mostras de cinema: melhor filme do Dok Leipzig – Festival Internacional de Documentário e Animação de Leipzig; Seleção Oficial da 31ª Mostra de Cinema de São Paulo; do Viennale-2007 (Viena); do Festival de Rotterdam (Holanda); do Festival Cinema Du Réel (França), dos Festivais Internacionais de Filme dos Direitos Humanos de Londres e de Nova York; e do Festival Internacional de Cinema Jeonju (Coréia do Sul); e do Festival Internacional de Cinema de Locarno (Suíça) na Mostra Cineasta do Presente, além de hors-concours da Festival de Cinema do Rio (Brasil).
No dia 14 de março estréia nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, o documentário "Juízo", que mostra a relação dos menores infratores com a justiça e o sistema penitenciário.
No dia 14 de março estréia nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, o documentário "Juízo", que mostra a relação dos menores infratores com a justiça e o sistema penitenciário.
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