Infância Urgente

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Igreja transferiu suspeito de abuso ao Brasil

Levantamento da Associated Press em 21 países revela 30 casos de padres mandados ao exterior após denúncias de pedofilia

Críticas a clérigo que atuou com índios após suspeita nos EUA surpreendem no Pará; padre fundador de abrigos na Bahia foi morar na África

DA REDAÇÃO

Levantamento realizado pela agência Associated Press em 21 países revelou ontem 30 casos de padres que, depois de sofrerem denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes, foram para outros países. Dois desses casos envolvem o Brasil.
O primeiro é o do padre xaveriano Mario Pezzotti, acusado pelo americano Joseph Callander de abuso e de estupro, em 1993. Os crimes, dizia Callander, tinham ocorrido em 1959, quando estudou em um extinto colégio xaveriano do Estado americano de Massachusetts.
O caso acabou num acordo indenizatório de US$ 175 mil. Na época, num bilhete, o padre disse que achara "a cura" no Brasil. Dez anos mais tarde, Callander descobriu que o novo trabalho do padre era com crianças da tribo caiapó, no Pará. Ele reclamou, e o padre foi enviado à Itália apenas para, em 2008, retornar ao Brasil. Na internet, o padre está abraçado a crianças, em fotos tiradas em Redenção (PA). "Eu esperava que eles o mantivessem distante de crianças", disse Callander à Folha.
"Ele merece ficar na cadeia, como qualquer criminoso", disse. O padre Robert Maloney, que atuou no acordo entre Pezzotti e Callander, disse que o colega só pôde trabalhar com crianças após avaliação e que não houve queixas contra ele.
De fato, na Amazônia, a denúncia gerou surpresa. "Eu conheci o padre Mario em 1980 e nunca ouvir dizer algo a respeito dele. É uma pessoa correta", disse o padre xaveriano Renato Trevizan, 67. Os caiapós chamavam Pezzotti de "tetukre", que quer dizer pernas pretas, por uma fratura que ele sofreu. Aos 75, ele atua na sede da missão em Parma e não fala do passado.
Outro caso é o do padre jesuíta Clodoveo Piazza, premiado por seu trabalho na Organização de Auxílio Fraterno, que mantém abrigos em Salvador. Italiano naturalizado brasileiro, ele chegou a ser secretário estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, antes de ser alvo de denúncias de abuso e exploração sexual.
Em 2009, a Promotoria acusou a ele e a um colega de ONG com base em relatos de vítimas segundo as quais não só ambos abusavam como deixavam que estrangeiros em visita ao país o fizessem. Como as denúncias tardaram, a maioria prescreveu, explica a promotora Maria Eugênia Vasconcelos de Abreu.
Há sete meses, Piazza vive em uma residência jesuíta na cidade de Maputo, em Moçambique. Entrevistado pela Associated Press, ele negou os abusos e disse ser vítima de chantagem por parte de "círculos políticos", que se recusa a citar. "Isso é propaganda para ganhar dinheiro", disse. Em site, os jesuítas italianos apoiam o colega e comentam que a "difamação de missionários é um jogo cada vez mais popular". A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) disse que transferências e acusações contra padres são tratadas localmente, mas a reportagem não conseguiu contato com as dioceses envolvidas.
Outros casos revelados pela Associated Press envolvem um padre que confessou abuso em Los Angeles e foi transferido para as Filipinas, onde vive financiado pela igreja; e um padre condenado no Canadá que voltou a cometer abusos na França. Clérigos disseram que, em alguns casos, os padres se mudaram por iniciativa própria e, em outros, não eram culpados. (GABRIELA MANZINI)

Fonte:Com a Associated Press e a Agência Folha

Um comentário:

cremilda disse...

Trabalhos forçados é uma medida ilegal que não pode ser aplicada em presídios no Brasil.
Humilhar e explorar uma pessoa detida não é aceita e não é aplicada, que não reeduca o detento.
Mato Grosso entende que a medida é ilegal para adulto mas pode ser usada livremente em crianças e adolescentes nas escolas públicas.
Isso sem considerar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente – lei federal 8069/1990), que tornou o aluno sujeito de direitos, para ser tratados na escola com mais rigor que um prisioneiro comum.
O direito do aluno de opinião e expressão pode interpretado como agressão ao professor e o aluno ser condenado a lavar banheiro na escola onde deveria estar aprendendo a ser cidadão e ser respeitado.
Um aluno declara na reportagem da Globo que “era só gozação dos colegas”. Trabalho forçado e submetido a humilhação.
Tortura no ato….
Pior é a REDE GLOBO aprovar a medida e afirmar que a violência na escola foi diminuída em 60 %.
Imagina que afirmação mais infeliz.
Os alunos estão aterrorizados. Possivelmente transitam pela escola com as mãos para trás, como acontece nos sistemas prisionais. Quietinhos.
Assim é fácil. Não quer dizer que os alunos estão disciplinados e que entenderam e que essa brutalidade não está guardada para eclodir quando ele estiver adulto.
A GLOBO aprova e só diz que a medida é polêmica, mas não ouve o outro lado, está aprovado e pronto.
A educação pelo medo foi a mesma que se aplicou no passado onde éramos obrigados a nos ajoelhar no milho. Deu no que deu.
Estamos mergulhados na violência, na drogadição, na corrupção e na miséria moral.
Fruto da educação pelo medo, a educação do relho e da palmatória…
Nunca construiremos uma cultura de paz, humilhando, e obrigando crianças e adolescentes a trabalhos forçados.
Tortura não educa, reprime .
Estamos passando para esses adolescentes que adulto pode ser covarde, canalha e violento com os mais fracos. Essas crianças e adolescentes, amanhã serão adultos e perpetuarão essas medidas aprendidas a ferro e a fogo e usarão com os mais fracos.
Criança e adolescente só aprende com o bom exemplo;
Que mau exemplo Mato Grosso dá para o Brasil e com o aval da GLOBO.
QUE DEUS NOS ACUDA….

http://cremilda.blig.ig.com.br