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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Violência na Colômbia cresce com o surgimento de novos grupos paramilitares

Fonte: O Globo

RIO - A violência na Colômbia está longe de desaparecer. Ao problema representado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) se soma a violência dos sucessores da organização paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). Muitos acreditavam que o grupo acabara, segundo o relatório "Herdeiros dos Paramilitares: A nova cara da violência na Colômbia", apresentado nesta quarta-feira em Bogotá pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), e destacado pelo jornal "El País", de Madri.

O governo colombiano comandou entre 2003 e 2006 um processo de desmobilização dos paramilitares que, em sua opinião, foi um sucesso, já que mais de 30 mil pessoas participaram de cerimônias de desarmamento. O HRW alertou, no entanto, que há três anos, coincidindo com o fim deste processo, estão surgindo novos grupos paramilitares, porém com outras características: eles não formam uma coalizão, não têm um único líder, mas têm um impacto brutal na sociedade.

O relatório, de 126 páginas, elaborado após três anos de trabalho, mostra a participação desses novos grupos em massacres, execuções, expulsões de terras, crimes sexuais e extorsão, que geram um clima ameaçador dentro das comunidades que estão sob sua influência. Segundo a organização, a polícia colombiana calcula que há mais de quatro mil membros em ação no país. Além disso, algumas organizações não-governamentais estimam que esse número chegue a dez mil.

Em julho de 2009, os grupos estariam presentes em 173 municípios de 24 dos 32 departamentos da Colômbia. Em algumas regiões, como Medellín, indica o relatório, o índice de homicídios duplicou, sendo na maioria das vezes culpa do aumento da violência desses grupos.

As vítimas dos ataques são, geralmente, defensores dos direitos humanos, sindicalistas, vítimas de antigos paramilitares que exigem justiça e membros da comunidade que não acatam as ordens dos grupos que teiram ligação com políticos da direita.

O HRW constatou que o governo de Álvaro Uribe e alguns especialistas classificam os grupos sucessores como "quadrilhas emergentes a serviço do narcotráfico", um novo fenômeno totalmente diferente ao dos paramilitares da AUC.

- Independente de como se chamam - paramilitares, quadrilhas ou outra denominação - não se deve minimizar o impacto que têm atualmente sobre os direitos humanos da Colômbia - afirmou ao "El País" José Miguel Vivanco, diretor para as Américas do Human Rights Watch. - Como os paramilitares, esses grupos sucessores cometem gravíssimas atrocidades e devem ser detidos - acrescentou.

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