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Pelo menos 771 jovens e adolescentes de Honduras foram assassinados durante o segundo semestre de 2009 e os primeiros seis meses deste ano. Isso é o que informa o "Relatório de Violação aos Direitos da Infância e da Juventude desde 28 de junho de 2009". Elaborado pela Plataforma de Direitos da Infância e da Juventude em Honduras, o documento tem o objetivo de revelar as violações "provocadas ou toleradas pelo Estado" desde o Golpe.
O caso mais recente lembrado pela Plataforma ocorreu na última terça-feira (7), quando 18 jovens foram assassinados em uma fábrica de sapatos em San Pedro Sula. Até agora, os responsáveis e os motivos pelo crime não foram identificados. Esse não foi o único caso de violação aos direitos humanos de adolescentes e jovens no país.
De acordo com a Plataforma, o massacre é "apenas a ponta do iceberg de uma tragédia que até a data tem cobrado a vida de milhares de jovens e ante a qual a cidadania parece haver-se acostumado". Isso porque, segundo a organização, vários outros casos já aconteceram em Honduras e "não parecem levantar similar inquietação", como o que ocorreu no dia 28 de maio em Choloma. Nessa data, oito jovens entre 15 e 24 anos morreram ao ser atacados por pessoas que os metralharam.
Conforme dados da Casa Aliança, 5.547 jovens foram assassinados em Honduras entre 1998 e junho de 2010. A maior parte das vítimas é menor de 23 anos e do sexo masculino. Apesar de serem minoria, as meninas também fazem parte das estatísticas de violência. De acordo com informações do relatório, 20% das vítimas dos crimes contra jovens e adolescentes eram do sexo feminino.
Os números de execuções arbitrárias contra menores de 23 anos, segundo revela o informe, é crescente no país. Com base em dados do Relatório a Susana Villarán sobre a situação da Infância hondurenha, a Plataforma aponta que a violência contra meninos e meninas é crescente em Honduras desde 2001. Entretanto, ganhou mais força no ano passado, após o Golpe de Estado.
Os números não deixam mentir. De acordo o informe, de 2002 ao primeiro semestre de 2009, a média mensal de execuções arbitrárias contra jovens menores de 23 anos em Honduras não passou de 46. Média que subiu para 65 assassinatos mensais no segundo semestre do ano passado, durante o governo de fato de Roberto Micheletti. Coincidência ou não, a média dos primeiros seis meses deste ano - último mês do governo de Micheletti e início da gestão de Porfirio Lobo - também foi alta: 64 mortes por mês.
"A estatística disponível indica que, na maioria dos casos (98.2% segundo casa Aliança) se desconhecem os motivos e os autores desta carnificina. Por isso, o leque de possibilidades é amplo e vai desde grupos organizados de narcotráfico, quadrilhas ou vinganças particulares, até grupos de extermínio parapoliciais e inclusive de polícias que executam atividades da mal chamada ‘limpeza social’", destaca o documento.
O assassinato de jovens e adolescentes hondurenhos não se dá apenas através de execuções arbitrárias. A Plataforma de Direitos da Infância e da Juventude em Honduras também destaca no informe os casos de mortes dessa parcela da sociedade durante a repressão de manifestações pacíficas.
De acordo com o relatório da organização, a violência política nos últimos seis meses do ano passado resultou na morte de três jovens. Isis Obed Murrillo e Pedro Magdiel, de 19 e 24 anos, respectivamente, foram vítimas de disparos de armas oficiais durante repressões a manifestações. Já Wendy Araceli, de 24 anos, morreu por conta de gases lacrimogêneos disparados durante o ataque à embaixada do Brasil, em setembro de 2009.
"Sem que a descrição dos fatos possa considerar-se exaustiva, o dito atrás nos faz concluir que, em Honduras, existe uma situação de Graves Violações aos Direitos Humanos dos meninos e das meninas que têm sua raiz na arbitrariedade, na indiferença e, pior ainda, nas transgressões aos mais elementares preceitos da civilização humana por parte de um Estado que atropela a condição humana deste país", conclui.
O informe completo está disponível em: www.voselsoberano.com
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