Infância Urgente

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Responsável por relatório sobre seis homicídios na Grande São Paulo, sequestrado e ameaçado

O presidente do Conselho Ouvidor de Direitos Humanos e Cidadania da Grande São Paulo, Luiz Carlos dos Santos, está desde o último dia 27 sob proteção do governo federal. Quinze dias atrás, ele foi sequestrado por seis homens e levado para um cemitério de Cotia. Antes de liberá-lo, os sequestradores ameaçaram matar a família dele, caso continuasse denunciando assassinatos cometidos por policiais militares.

No mês passado, Santos concluiu um relatório detalhado sobre seis homicídios ocorridos em Osasco, Cotia, Embu e Itapecerica da Serra. Segundo ele, os autores dos crimes seriam PMs do 14º, 25º, 33º e 44º Batalhões, todos subordinados ao Comando de Policiamento de Área Metropolitano-8 (CPA/M-8). Todos os casos são investigados em inquéritos abertos pela Polícia Civil e acompanhados pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Santos também acredita que foi sequestrado por PMs. Ele contou que, no último dia 12, após sair de casa, em Cotia, o carro dele foi abordado por uma Ipanema preta e duas motos às 16 horas, no km 29 da Rodovia Raposo Tavares. "Eles me pediram para segui-los. Não tive outra alternativa. Fui levado para um cemitério de Cotia, no km 30", disse.

Segundo Santos, quatro homens desceram da Ipanema e a eles se juntaram os outros dois das motos. Um dos sequestradores o ameaçou: "Ele me pediu para tirar o pé do acelerador, ou seja, parar de fazer denúncias contra PMs. E começou a citar caso por caso denunciados por mim", acrescentou.

Um deles foi o do adolescente Jhonatan Felipe dos Santos, 15 anos, executado com seis tiros no rosto em 31 de julho deste ano, após ter sido algemado por dois homens em Itapecerica da Serra. O garoto foi confundido com um ladrão que assaltou o mercadinho de um PM perto de sua casa. A Corregedoria da Polícia Militar prendeu o cabo Vanderlei Aparecido Pedroso e o soldado Luís Antonio Melo, do 25º Batalhão, acusados de envolvimento no crime.

Ainda no cemitério de Cotia, um dos sequestradores forneceu os endereços dos filhos do primeiro casamento de Santos. Disse também que sabia onde moravam a mulher e a avó do conselheiro ouvidor. "Sei o nome do seu filho. Sei também o local onde ele brinca em Itapevi", ameaçou o desconhecido.

Santos acrescentou que os seis homens o aconselharam a não ir à Corregedoria da Polícia Militar. Assustado, ele pediu ajuda a Rildo Marques de Oliveira, 45 anos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos. No último dia 25, Oliveira reuniu-se em São Paulo com Ivan Marques, coordenador nacional do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos.

Dois dias depois, Santos foi incluído no programa. Ele, a mulher e uma filha de 3 anos estão sob proteção do governo federal. Oliveira disse ontem ao

JTque autoridades do Poder Judiciário, da Secretaria Estadual de Justiça e da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo foram comunicadas sobre as ameaças sofridas por Santos.



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