Infância Urgente

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Velha/Nova Febem/Fundação Casa 181

Cresce 9% total de internos da ex-Febem

Tráfico de drogas avança e responde por 42,8% dos casos de adolescentes privados da liberdade em Ribeirão

Droga causa também a internação por outros crimes como roubo e furto; há dez anos, o homicídio liderava


JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Mais adolescentes apreendidos e mais casos de tráfico de drogas. Esse é o retrato das internações na Fundação Casa (antiga Febem) de Ribeirão Preto neste ano. O número de meninos na unidade cresceu 9,2% no primeiro semestre comparado ao mesmo período de 2009.
A medida de internação é a mais rigorosa prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) para punição dos menores.
Os dados mostram que 629 adolescentes foram internados neste ano, ante 576 de janeiro a julho de 2009.
Outro dado preocupante é que o tráfico de drogas não só continuar a liderar o ranking de motivos da internação como registrou um aumento proporcional.
No ano passado, 35% dos garotos foram internados na fundação porque traficavam. Neste ano, a proporção chega a 42,8%.
E a droga ainda explica a razão de boa parte dos demais meninos estar internada na Fundação Casa, de acordo com o coordenador regional, Roberto Damásio.
Isso porque outros crimes, como roubo e furto, também podem estar relacionados ao sustento do vício.
"Até o adolescente que começou a traficar muitas vezes já passou antes pelo pequeno roubo ou furto. A droga passa pela maioria dos outros atos infracionais."

PERFIL
O perfil do adolescente punido com a internação mudou nos últimos dez anos. Segundo o juiz da Infância e Juventude, Paulo César Gentile, em 1998, a maioria era internada por homicídio.
"Agora, o arroz com feijão é o tráfico de drogas, é todo dia algum caso", disse.
Os garotos geralmente são flagrados "atuando no varejo", ou seja, vendendo pequenas quantidades de droga nas esquinas.
O traço comum entre esses meninos, de acordo com Gentile, é que a maioria abandonou a escola e 90% se definem como consumidor de drogas, mas não como dependentes crônicos.
Outra característica é que eles são filhos de pais trabalhadores, de classe média, e que não sabem do vício.
São casos como o de Pedro (nome fictício), 18, internado pela segunda vez por tráfico. A família descobriu o vício e tentou um tratamento, mas ele teve uma recaída.
Ariel de Castro Alves, membro do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), diz que é preciso investir em programas de atendimento a dependentes químicos, além de acompanhar o menino que sai da Fundação Casa para que não volte a traficar.

Fonte:FSP

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