por ELISABETE SILVA
Fenómeno está a aumentar no País. As vítimas, crianças e adultos, não contam o drama que vivem com medo de represálias.
Ana viu a sua vida tornar-se num inferno depois de fotografias provocantes suas serem espalhadas pela Internet. Filipa vivia aterrorizada por o ex-namorado a ter difamado nas redes sociais. Cátia defendeu o aborto e vingaram-se dela, colocando um vídeo de sua casa na Net (ver histórias em baixo). Todas são vítimas de cyberbullying - intimidação e violência psicológica na Internet, fenómeno que está a aumentar em Portugal, alerta Tito Morais, responsável pelo site miúdos seguros na Net.
De acordo com este especialista, a subida de casos está a ser facilitada pela adesão dos portugueses às redes sociais e bloguess. Mas, por ser novo, o fenómeno não está quantificado. Por isso, uma equipa da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, liderada pelo professor João Amado, está a realizar um inquérito e a criar um manual sobre cyberbullying para ajudar formandos, pais e professores (ver caixa).
Certo, diz Tito de Morais, é que grande parte das vítimas são adolescentes e crianças, que passam horas a fio ao computador. Problema que se agrava, muitas vezes não alertarem os pais para o problema com que estão a lidar. "As vítimas têm medo de admitir aos pais. Receiam perder privilégios na utilização do computador. Muitos pensam mesmo que a culpa é deles por não terem respeitado alguma regra", conta Tito Morais.
Para a psicóloga e professora universitária Sónia Seixas é importante "educar os pais de forma a aperceberem-se de sinais que mostrem que os filhos estejam a ser vítimas de cyberbullying".
Segundo um estudo feito em nove países europeus, pela consultora Meddiappro, mais de 90% dos jovens portugueses entre os 11 e os 19 anos, têm telemóvel e usa a Internet sem restrição por parte dos pais. Um situação que dizem os peritos é perigosa. A especialista sublinha mesmo que os pais "devem saber o que os filhos fazem" e deixa um conselho: "Coloquem o computador num local comum e não no quar- to da criança, onde é mais fácil fugir ao controlo parental."
A mesma opinião tem João Amado: "Os pais não podem ser tão indiferentes. Há que alertar as pessoas para o perigo."
E o perigo é real, sendo que o agressor tem a vida facilitada por se poder esconder no anonimato. Nos EUA e Reino Unido o fenómeno está a alastrar-se à velocidade das novas tecnologias e até há já registos de suicídios.
Mas o cyberbullying não é exclusivo de crianças. Nos adultos os termos são ciberassédio ou ciberperseguição. "É uma nova forma de violência, mas pessoas ficam renitentes em fazer queixa na polícia", realçou Tito Morais, explicando que a maioria das vítimas nem percebe bem do que é que está a ser vítima.
Por isso, o responsável do site miúdos seguros na Net lembra que é preciso apostar na prevenção. E uma das medidas que considera mais urgente é a de o tema ser discutido nos estabelecimentos de ensino: "O cyberbullying deve ser tratado nas escolas, co-mo por exemplo na disciplina de Formação Cívica." Além disso, defende ainda que o Governo se-ja mais exigente na regulamentação das leis na Internet, criando regras de comportamento que evitem que todos os dias milhares de pessoas sejam humilhadas e ameaçadas através de um computador.
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