Onda de assassinatos começou depois que um soldado da PM foi morto; muitas das vítimas eram ligadas ao tráfico
01 de maio de 2010 | 0h 00
Leandro Calixto - O Estado de S.Paulo
Policiais militares que atuariam em um grupo de extermínio são os principais suspeitos dos assassinatos em série registrados na Baixada Santista. Entre 17 e 26 de abril, 23 pessoas foram mortas na região. Nenhum crime foi esclarecido. A principal tese é de que os PMs pertençam à gangue "Os Ninjas" e que os crimes tenham começado após um policial da Força Tática ter sido executado por traficantes na periferia do Guarujá.
Segundo testemunhas, os policiais que atuam no grupo usam capuz preto e geralmente atacam suas vítimas - na maior parte criminosos ligados ao tráfico de drogas no litoral sul do Estado - em dupla e em motos.
"A série de crimes começou depois que um policial foi assassinado. Existe essa suspeita de eles terem sido praticados por vingança", afirmou o delegado seccional da Baixada Santista, Roni da Silva Oliveira. O mesmo argumento é defendido pelo delegado Sérgio Lemos Nassur, titular do 1.º Distrito Policial do Guarujá. "Temos informações deste grupo de extermínio. Eles executam pessoas ligadas ao tráfico. A atuação do policial da Força Tática estaria atrapalhando a vida dos traficantes."
Até ontem, nenhuma pessoa havia sido presa pela polícia. O titular da seccional de Santos não descarta a possibilidade de boa parte dos assassinatos terem sido realizados como acerto de contas. "Existe também a chance de alguém aproveitar esse momento para executar o grupo rival", diz.
O soldado da Força Tática da Polícia Militar Paulo Raphael Pires, 27 anos, foi morto no dia 18 de abril em Vicente de Carvalho. Ele foi assassinado a tiros quando estava em uma viatura no bairro. Segundo colegas, Pires era conhecido por ser um profissional que combatia o crime organizado. O soldado foi atraído para o local do crime, em Vicente de Carvalho, após receber uma denúncia falsa.
Investigação. O comandante da PM de Santos, coronel Sérgio Delden, também admitiu que pode haver policiais envolvidos nos crimes. "Não descarto essa possibilidade. Se houver indício, somos os maiores interessados em resolver. Os responsáveis serão processos e expulsos da polícia. Mas não faço investigação", enfatizou o coronel.
A Corregedoria da PM informou que não está apurando, até o momento, o envolvimento de nenhum policial e, se houver denúncias, irá analisar e abrir um processo interno. / COLABOROU ELVIS PEREIRA
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