Infância Urgente

domingo, 15 de junho de 2008

Assédio moral 1

Muito tem sido dito e discutido sobre o Assédio Moral na organização do trabalho, de suas implicações e consequências aos trabalhadores, seja ele servidor público ou da iniciativa privada.

A grande verdade, é que essa Violência Moral no trabalho é tão antiga quanto a própria existência do trabalho. O que se faz recente é seu estudo que trouxe, a nível de consciência da sociedade, a constatação da seriedade de suas conseqüências ao ponto de sua prática se tornar uma ilegalidade deixando, assim, de ser encarada como algo inerente ao trabalho justamente pela gravidade, amplitude, intensificação com que vem sendo utilizada essa forma de humilhação.

Se faz necessário, então, buscar meios, caminhos que nos possibilitem diagnosticar a existência dessa prática nefasta no nosso ambiente de trabalho. E esse meios, caminhos só podem vir das informações, do conhecimento que nos levem à reflexão e nos possibilitem questionarmos se somos, ou não, vítimas de assédio ou, quem sabe, até mesmo assediadores mesmo que de uma forma inconsciente.

Para isso, estaremos divulgando, nas próximas edições do Jornal Expressão, um enfoque específico do assunto para que nos balizemos na busca de uma solução - seja através do diálogo ou da denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho (as denúncias poderão ser feitas pelo site www.prt2.mpt.gov.br, ou bethzim3@gmail.com ou movimentocidadao.denuncias@gmail.com que estaremos encaminhando ao referido órgáo.

O que é assédio moral?

O assunto vem sendo discutido amplamente pela sociedade, em particular no movimento sindical, haja vista isso se dar com mais ênfase no ambiente de trabalho. Também a discussão acontece no âmbito do legislativo, além de ser matéria constante em jornais, revistas. Denúncias diárias são feitas junto à CODIN – Coordenação de Defesa dos Interesses Coletivos e Difusos do Ministério Público do Trabalho, por trabalhadores que solicitam o sigilo de sua identidade pelo temor de que aumente, ainda mais, o grau de assedio que já se faz intolerável.

O Assédio moral nada mais é do que a humilhação imposta pelo assediador. E o que entendemos como humilhação, qual o seu conceito? É se ser ofendido(a), menosprezado(a), rebaixado(a), inferiorizado(a), submetido(a), vexado(a), constrangido(a) e ultrajado(a) pelo outrem. E, como conseqüência, a humilhação provoca a dor, tristeza e sofrimento na medida em que gera, na pessoa assediada, o sentir-se um ninguém, sem valor, inútil. Magoado(a), revoltado(a), perturbado(a), mortificado(a), traído(a), envergonhado(a), indignado(a) e com raiva.

E o que é assédio moral no trabalho?

É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e antiéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego.

Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o 'pacto da tolerância e do silêncio' no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, 'perdendo' sua auto-estima.

O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do 'novo' trabalhador: 'autônomo, flexível', capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar 'apto' significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso.

A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do 'mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

fonte: www.assediomoral.org

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