Infância Urgente

sábado, 9 de outubro de 2010

O que mudou?

Especial: Como o crime atrai nossas crianças

Em dois anos, aumentou 11,2% o número de menores infratores internados na Fundação Casa em Ribeirão Preto

 Jucimara de Pauda

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Pedro, Mateus e Tiago são nomes fictícios de meninos que entraram para o mundo do crime após serem aliciados pelo tráfico de drogas. Eles fazem parte da estatística da Fundação Casa que todo o ano tem registrado aumento no número de adolescentes internados, a maioria por envolvimento com drogas.
Em 2010, nos primeiros seis meses do ano, a fundação em Ribeirão Preto recebeu 629 adolescentes, 11,2% a mais que em 2008, quando deram entrada 563 meninos que praticaram atos infracionais na cidade. Em todo o Estado de São Paulo são 7.223 adolescentes internados, 6.848 são meninos e 375 são meninas. Os dados são da assessoria de imprensa da antiga Febem.
"É preciso investir em políticas públicas para diminuir o número de adolescentes envolvidos com o tráfico de drogas e também precisamos que eles recebam acompanhamento após saírem da unidade de internação", afirmou Ariel Castro Neves, membro do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).
Ana Paula Vargas Mello, advogada especialista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) afirma que a falta de políticas públicas são responsáveis pelo aumento do número de adolescentes no mundo do crime.
"Os serviços que deveriam prestar as medidas protetivas não funcionam adequadamente e em muitos casos são omissos", diz.
Na opinião dela, é possível fazer o adolescente infrator deixar o mundo do crime. "Eu conheço vários meninos que tiveram atendimento adequado, fizeram cursos profissionalizantes e hoje trabalham e têm família".
Mãe
De acordo com a advogada, a maioria dos meninos internados são de famílias que contam apenas com uma figura: a mãe.
"A maioria tem um grande amor pela mãe e quer ajudá-la a melhorar de vida. Eles acham que o tráfico pode melhorar a vida delas".
Para Esmeralda, nome fictício, o tráfico de drogas conseguiu aliciar o filho dela de 16 anos porque ele não contou com a presença constante da mãe em casa.
Ela foi abandonada pelo marido quando estava com três filhos com idades entre dois e seis anos. "Eu fiquei com três crianças para sustentar. Eu ia trabalhar e quem tomava conta deles era a rua. Dois não se envolveram com o tráfico, mas o mais rebelde começou usando drogas e hoje está na Febem", diz ela.

 Fonte:Jornal a cidade

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