Na manhã de hoje, dia 26, foi realizada uma manifestação contra remoções em favelas, no Rio de Janeiro. Os manifestantes marcharam da Favela do Metrô até a o prédio da prefeitura da cidade. Nesta comunidade, 800 famílias estão ameaçadas de remoção para que se construa no local um estacionamento para as Olimpíadas e Copa do Mundo.
A passeata contou com a participação de vários líderes comunitários, moradores e comerciantes das favelas Metrô, Rocinha, Torre Branca, da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST) e movimentos católicos, como a Pastoral de Favelas e a Pastoral de Pessoas com Deficiência.
Foi uma caminhada pacífica. A polícia veio acompanhando a manifestação para ter certeza de que a paz reinava, mas a tentativa de desmobilização logo veio. Um carro branco não identificado se infiltrou na passeata e todos já estavam atentos, como de costume. Tiramos foto para guardarmos como prova, caso haja necessidade.
O companheiro Maurício, ao fotografar a placa do carro, foi agredido. Saiu um homem do carro e deu ordem para que ele apresentasse documentos, sendo que esse homem não estava fardado e o carro não era da polícia. Maurício imediatamente respondeu que só iria mostrar documento caso o homem se identificasse como policial. Antes mesmo de responder, o homem já agrediu fisicamente o Maurício e, assim, toda a comunidade se organizou e retirou o Maurício do domínio dos policiais não identificados. Um manifestante, pelo alto falante, pediu paz e reafirmou que todos estávamos ali pelo coletivo e não queríamos brigas, e sim manifestar nossa indignação. Disse também que a confusão armada tinha a intenção de desmobilizar a passeata e pediu que não desistíssemos e continuássemos rumo à Prefeitura.
Direito de ir e vir
É necessário lembrar que várias pessoas com deficiência vivem em favelas, praticamente confinadas em suas casas, sem a opção e garantia do direito de ir e vir. Essas pessoas nem mesmo têm a chance e oportunidade de reclamar seus direitos, pois não conseguem sair de suas casas para cuidar da saúde, estudar ou trabalhar, por falta de planejamento e revitalização da comunidade. Morar mais próximo de transporte público facilita um pouco mais essas oportunidades.
Os locais oferecidos pela Prefeitura só oferecem isolamento. Nós, cadeirantes, precisamos morar em locais de fácil acesso, com transporte público de qualidade e melhores condições de moradia. Um estudo feito no Parapan mostrou que, da Zona Norte até a Barra da Tijuca, o cadeirante leva mais de 4 horas para chegar no seu destino. Somos todos iguais em direitos e deveres, merecemos melhores condições de vida.
É necessário pormos um fim nas remoções forçadas, oferecer condições igualitárias de acesso a todos os moradores e comerciantes. Precisamos participar ativamente das decisões que afetam nossas vidas, termos vozes e é necessário reconhecer nossos direitos, e é em busca de uma melhor qualidade de vida que estamos juntos: moradores, comerciantes, Pastoral de Favelas, Pastoral da Pessoa com Deficiência da Arquidiocese do RJ, Conselho Popular, Direitos Humanos, Defensoria Pública, Oscip Guerreiros da Inclusão.
Sheila Melo
Coordenadora Pastoral de Pessoas com Deficiência RJ
Presidente da ONG Guerreiros da Inclusão
Coordenadora Pastoral de Pessoas com Deficiência RJ
Presidente da ONG Guerreiros da Inclusão
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