Hoje não vou falar das estradas
que me fazem perder o rumo,
nem das falésias onde aprumo
o salto pro fundo de mim.
Hoje não vou descrever curvas
ou retas que dedilham a
circunscrição dos espaços que
me habitam.
Hoje não reverbero desejos,
resplandeço volúpias
: fonte de inspiração.
Hoje não grito a mudez da ausência,
eco da saudade, sibilo constante
nas lapelas que absorvem a cor do mundo.
Nada de ode à lascívia ou luxúria.
Hoje quero poesia engajada, rabiscada
na cruel desigualdade em
que meus pares perecem.
Canto de revolta que denuncia
o furto do riso das crianças,
fome mísera que assola o povo.
Quero riscar no asfalto quente um F.
Assim, quem sabe, a fartura chegue
e o futuro se alegre ao contemplar
essa poeta que grita em versos
a vinda de um mundo melhor.
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