Infância Urgente

domingo, 12 de outubro de 2008

A infância em números

Por Christiane Sampaio, da ONG Children's World

Veja alguns números que mostram como está a situação das crianças no Brasil em comparação com outras partes do mundo.

Registro civil

No mundo

• Do total de 132 milhões de crianças nascidas no mundo a cada ano, 53 milhões nunca são registradas.

No Brasil

• Todos os anos, 800 mil crianças recebem um nome de seus pais, mas não possuem o registro civil e a certidão de nascimento.

Saúde

No mundo

• 150 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição (mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento adequados);
• Cerca de 1 bilhão de pessoas não possuem água tratada. Essa realidade é responsável pela morte de 11 milhões de crianças, com menos de 5 anos de idade, a cada ano;
• Para cada quatro crianças no mundo, uma nunca foi vacinada. A vacinação contra as doenças mais comuns da infância salva a vida de 3 milhões de meninos e meninas, anualmente;
• Todos os anos, mais de 10 milhões de crianças morrem com menos de 5 anos de idade, quase a metade delas no período neonatal, vítimas de desnutrição e de doenças que poderiam ser evitadas.

No Brasil

• 41% das crianças de 6 a 24 meses são desnutridas;
• Uma em cada 16 morre antes de completar 5 anos de idade, muitas vezes por causa de doenças que poderiam ser prevenidas.

Crianças com necessidades especiais

No mundo

• Crianças com necessidades especiais estão mais expostas a riscos e discriminação. Em alguns países, elas não têm permissão para freqüentar a escola. Muitas vivem escondidas e são tratadas como se fossem inferiores.

No Brasil

• Apenas 0,71% do total de matriculados em todos os níveis educacionais é de pessoas com deficiência. No ano de 2001, apenas 4% dos alunos matriculados na alfabetização tinham algum tipo de necessidade especial. Esse número diminui significativamente para o Ensino Fundamental (0,6%) e Médio (0%)**;
• Ter uma deficiência aumenta em quase quatro vezes a possibilidade de um adolescente alcançar os 17 anos não alfabetizado.

Condições de sobrevivência

No mundo

• Para cada quatro crianças no mundo, três são muito pobres;
• 600 milhões de crianças vivem com menos de US$ 1 por dia;
• Outras 900 mil contam, diariamente, com menos de US$ 2 para viver;
• Cerca de 150 milhões de crianças no mundo passam o dia nas ruas. Desse total, 60 milhões são moradoras de rua, e 90 milhões, embora retornem a seus lares à noite, têm a rua como seu espaço de trabalho e sobrevivência.

No Brasil

• Ser filho de mãe com menos de um ano de estudo aumenta em sete vezes a chance de ser pobre, ou seja, de viver com renda per capita mensal de até R$ 120;
• Morar no campo aumenta em duas vezes a possibilidade de ser pobre;
• As crianças com menos de um ano de idade nascidas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil têm quatro vezes mais chance de morrer que as nascidas em outras partes do país;
• Os meninos e meninas da zona rural têm oito vezes mais chance de não ter água limpa em casa que os de áreas urbanas;
• 75% das crianças e adolescentes da região do Semi-Árido provêm de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo+.

Crianças vítimas de guerra

No mundo

• Nos últimos 10 anos, 2 milhões de crianças morreram em guerras e cerca de 5 milhões foram mutiladas em conflitos armados. Outras 12 milhões perderam sua residência e 1 milhão ficaram órfãs;
• 25 milhões de crianças no mundo vivem como refugiadas de guerra;
• 300 mil são recrutadas anualmente para trabalhar em forças armadas.

No Brasil

Milhares de crianças morrem ou perdem seus pais para a guerra do tráfico de drogas nas grandes cidades. Clique aqui para saber mais.

Acesso a educação e cultura

No mundo

• 100 milhões de crianças ainda estão fora da escola — 60% são meninas;
• Do total de 150 milhões de crianças no mundo que não concluem o Ensino Fundamental, 100 milhões são do sexo feminino;
• Cerca de 40% (dos 115 milhões de meninos e meninas que nunca foram à escola) vivem no continente africano.

No Brasil

• Meninos e meninas pobres têm 21 vezes mais chances de chegarem analfabetos à adolescência;
• Para os indígenas, as chances de analfabetismo na adolescência são sete vezes maiores que para as crianças brancas. Saiba mais sobre a situação da criança indígena no Brasil;
• Uma criança nascida em família de baixa renda tem quase quatro vezes mais chances de não freqüentar a pré-escola entre os 4 e 6 anos de idade;
• Uma criança negra tem três vezes mais chances de ficar analfabeta que uma branca;
• Mais de 43% dos adolescentes do semi-árido são analfabetos+;
• Mais de 390 mil crianças do semi-árido não freqüentam a escola+;
• 39% dos jovens brasileiros, entre 15 e 24 anos, nunca foram ao cinema+;
• 62% jamais assistiram a um espetáculo de teatro e 23% fizeram isso a última vez há mais de um ano*;
• 69% nunca visitaram um museu de arte*;
• 80% jamais viram um espetáculo de dança*;
• 92% nunca participaram de um concerto de música erudita*;
• 94% jamais estiveram num espetáculo de balé clássico*.

Fontes: Unicef, Organização Internacional do Trabalho (OIT), Unesco, Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), United Nations Refugee Agency (UNHCR), Global Initiative to End all Corporal Punishment of Children e ActionAid Brasil.

Legenda:
*** Crianças sem registro civil não existem oficialmente, por isso não são consideradas em programas de vacinação e no planejamento de vagas em pré-escolas e escolas. Elas podem ter dificuldade no atendimento de saúde e não poderão ser cadastradas nos programas sociais do governo. No Brasil, desde 1997, o registro civil e a primeira via da certidão de nascimento são gratuitos para todas as crianças, não importando a renda familiar.
** Fonte: Ministério da Educação (MEC).
* Fonte: Pesquisa “Perfil da Juventude Brasileira” realizada pela Criterium Assessoria, por iniciativa do Instituto Cidadania em parceria com o Sebrae e o Instituto de Hospitalidade.
+ O semi-árido é uma região composta por mais de 1.400 municípios dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais e que registra os piores indicadores sociais do país.

Fonte:
http://www.educacional.com.br/reportagens/criancasdobrasil/infancia_numeros.

Nenhum comentário: