Infância Urgente

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ONG alerta pais sobre uso de internet pelos filhos

DA REPORTAGEM LOCAL COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma ONG especializada no combate à pornografia infantil alerta os pais: é necessário controlar o que o filho faz ao acessar a internet. Uma enquete promovida pela entidade revela que 28% dos jovens -crianças e adolescentes- já encontraram amigos que conheceram pela internet. Desses, 65% não avisaram os pais.
"É um número extremamente alto", diz Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil. "Esse é um dado que pode ajudar a entender o porquê do crescimento das imagens de pornografia infantil que envolvem crianças brasileiras. É uma hipótese que pode ser confirmada no futuro." A ONG é especializada em ações contra esse tipo de crime.
A pesquisa, que tratou da segurança na internet, entrevistou 1.326 internautas de todo o país entre julho e setembro.
Adultos também foram consultados. Entre os pais, por exemplo, 63% admitem não impor limites aos filhos para navegarem. Segundo a ONG, outro dado preocupante é que 65% dos jovens usam o computador no quarto -o ideal é que isso ocorra em áreas comuns.
Dos jovens participantes, 53% deles admitem que tiveram acesso a conteúdos impróprios para a sua idade.
"Se alguém tem culpa nisso, o maior culpado são os provedores, ou o próprio Estado que não fiscaliza", disse a procuradora Adriana Scordamaglia, sobre a responsabilidade dos pais. Ela é do grupo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público Federal e que participou ontem da apresentação da enquete.
Desde 2006, diz a SaferNet, foram removidas da internet brasileira mais de 200 mil imagens de pornografia infantil. Nesse mesmo período, a ONG cadastrou 1,5 milhão de denúncias envolvendo 150 mil páginas. Não foi informado o número de imagens brasileiras.
Quem também defende os pais é o diretor de Prevenção e Atendimento da ONG, Rodrigo Nejm. Ele disse que eles têm interesse em aprender meios de proteger os filhos, mas não sabem como ou se sentem constrangidos por não dominar a tecnologia. O ideal, diz, é que os pais mostrem aos filhos que na internet pode haver pessoas com boas e más intenções.

Usuários
A estudante Mariana Moreira Reis, 12, disse que evita salas de bate-papo, mas uma vez foi abordada por um estranho numa dessas salas. "Ele perguntou o que a gente gostava de fazer, essas coisas. Mas foi a única vez. Depois disso, nunca mais."
O computador dela fica no quarto, mas a mãe diz que sempre olha o histórico de sites para saber o que a filha acessou. "Tenho a senha do e-mail e do Orkut dela. Sempre dou uma olhadinha no que ela acessa e são sempre as mesmas coisas. Ela não sabe fuçar na internet", diz Ivete dos Santos, 38.
Quando querem burlar a vigilância dos pais, porém, os adolescentes sabem o caminho. "Quando quero entrar em um site sem que eles saibam, entro no Google e digito o endereço. Aí não fica no histórico", diz Márcio, 15. "Aí dá para acessar tudo, de pornô a bobagem", completa o amigo Alex, 15.
"Supervisão para quê? Se eu achar um louco por aí, acontece", diz o estudante Dorian, 16, quando questionado se os pais costumam acompanhar o que ele acessa na internet. Um coro de seis amigos, apenas um maior de idade, concorda.

(ROGÉRIO PAGNAN E TALITA BEDINELLI)

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1010200824.htm

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