DA FRANCE PRESSE
O chefe do Comando Sul dos EUA, general Douglas Fraser, admitiu ontem o uso da base militar de Soto Cano, também chamada de Palmerola, em Honduras, no golpe de Estado contra o presidente do país, Manuel Zelaya, em 28 de junho. Mas disse que oficiais americanos não tiveram participação nos acontecimentos.
A base, ao norte de Tegucigalpa, abriga 600 militares dos EUA em operações contra o tráfico de drogas e outras missões na América Central. Como a Folha noticiou, em 15 de agosto, Zelaya contou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o avião militar que o sequestrou durante o golpe pousou em Palmerola antes de levá-lo à Costa Rica.
Segundo disse Fraser, em encontro com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, "é verdade que a aeronave posou em Palmerola, mas trata-se de uma base hondurenha, não dos EUA. Há [ali] pessoal norte-americano, mas eles não tiveram nem participação nem conhecimento da chegada e da decolagem do avião".
O embaixador dos EUA em Tegucigalpa, Hugo Llorens, suspendeu no dia do golpe a ajuda e comunicação com as autoridades hondurenhas, prosseguiu Fraser, que disse desejar uma "solução pacífica" para a crise em Honduras.
Ortega queixou-se com Fraser sobre o uso das bases. Disse que não se tratava de "uma reclamação", mas que "os EUA têm de reconhecer que houve um golpe militar [em Honduras]". O nicaraguense também se disse "preocupado" pelo acordo entre EUA e Colômbia para o uso de sete bases no país sul-americano.
Palmerola foi construída pelos EUA na década de 1980, quando a América Central estava imersa em conflitos armados, e, recentemente, parte das instalações foi cedida a autoridades hondurenhas.
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