MARINA NOVAES
da Folha Online
A maioria das crianças e adolescentes desaparecem em locaisconhecidos: voltando da escola, andando de bicicleta no bairro, indo à padaria. De acordo com a ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas), no período de férias, o número de crianças desaparecidas aumenta, e é preciso prestar mais atenção aos pequenos. "As crianças se perdem na praia, se perdem na rua. Mas a maioria dos
casos, infelizmente, acontece em locais corriqueiros, muitos destes próximos as suas casas", diz Ivanise Esperidião da Silva, uma das dirigentes da ABCD, e que há 14 anos procura sua filha Fabiana, que desapareceu a caminho de uma padaria, aos 13 anos.
Divulgação de fotos, mesmo que antigas, é uma das ferramentas mais importantes para o reencontro dos desaparecidos no país... Casos de crianças desaparecidas em locais conhecidos são muito comuns. É o caso da menina Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, 9, encontrada morta em novembro dentro de um a mala em uma rodoviária em Curitiba
(PR). De acordo com o Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas), do Paraná, Rachel foi vista pela última vez quando saía da escola, por volta das 17h30.
Segundo a ABCD (http://www.maesdase.org.br/Desaparecidos.aspx), os pais não devem proibir a saída das crianças ou alterar a rotina de seus filhos por medo. Porém, segundo ela, um cuidado simples e eficaz consiste em se certificar de que as crianças estejam sempre acompanhadas, mesmo que seja apenas por um amiguinho.
"A maioria dos desaparecimentos acontece quando as crianças estão sozinhas", diz. Do total de desaparecimentos anuais, ao menos 15% nunca serão solucionados, estima a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, da Presidência da República.
Férias tranquilas
Nas férias, quando muitas famílias viajam para praias e parques --normalmente lotados-- a dica é que a criança tenha uma identificação, como uma pulseira com endereço e telefone para contato. Vale lembrar sempre dos alertas comuns: recomendar que a criança não fale com estranhos e, se perdida, que peça ajuda imediatamente.
Nas praias de Santa Catarina, um hábito comum ajuda os pais aos pais reencontrarem seus filhos perdidos na multidão. Tradicionalmente, quando os pais perdem seu filho na areia, eles saem batendo palmas na beira do mar. Imediatamente, por onde passam, todas as pessoas começam a bater palmas também, o que chama a atenção dos banhistas e facilita o reencontro.
No litoral paulista, a ideia existe há pelo menos três anos, idealizada pelos voluntários do projeto "Anjos do Verão", no Guarujá (SP). No Guarujá, quando uma criança é encontrada perdida, ela é levada até um ponto de encontro do projeto, onde tem seus dados e os da família cadastrados, e onde permanece até ser encontrada pelos
responsáveis.
Enquanto isso, voluntários, policiais militares e salva-vidas saem pela praia batendo palmas, o que serve como um alerta de 'criança desaparecida'. Segundo informações do 'Anjos do Verão', a iniciativa faz com que as crianças sejam devolvidas aos seus pais em menos de cinco minutos. Veja no site do projeto como ser voluntário.
Mito
Um grande erro, de acordo com a ABCD, é aguardar 24 ou 48 horas para avisar à polícia sobre o desaparecimento de uma criança. Desaparecimentos devem ser comunicados imediatamente às autoridades responsáveis --não existe prazo mínimo necessário. Segundo o delegado Francisco Magano, da Delegacia de Pessoas
Desaparecidas do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), de São Paulo, é importante que os pais tenham sempre em mãos fotos dos filhos, e levem à delegacia da Polícia Civil no momento do registro do boletim de ocorrência. De acordo com o delegado, a foto é divulgada imediatamente no site da polícia.
Dicas
Em seu site, o Sicride --pioneiro em investigações de crianças desaparecidas no país-- lista uma série de dicas para os pais que notarem o desaparecimento dos filhos. Veja as principais recomendações.
- Acione imediatamente a polícia. Não existe prazo para comunicar o
desaparecimento, faça-o imediatamente;
- Mantenha alguém no local onde a criança foi vista pela última vez,
pois ele poderá retornar (caso tenha se perdido);
- Deixe sempre alguém de prontidão no telefone indicado no cartão de
identificação da criança;
- Avise amigos e parentes, o mais rápido possível, principalmente os
de endereço conhecido da criança, para onde ela possa se dirigir;
- Percorra os locais de preferência da criança;
- Memorize a que roupas a criança estava vestindo, e descreva-a com
detalhes.
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u484564.shtml
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