Ainda que conflitantes, as estimativas de crianças palestinas mortas na ofensiva israelense na faixa de Gaza superaram cem ontem, motivando alertas de que os bombardeios e o bloqueio contínuo possa levar a nova geração a apelar à violência.
Em Londres, a ONG Save the Children relatou que sua "estimativa conservadora", feita antes do ataque à escola no campo de refugiados de Jabaliya, era de cem crianças mortas em 11 dias. Fontes médicas de Gaza ouvidas pela agência France Presse contabilizaram 159 crianças, enquanto o "Financial Times" atribuiu a autoridades médicas de Gaza o número de "ao menos 115".
"Quando criança, cresci durante a primeira Intifada [1987-1993] e lançava pedras. A geração seguinte de palestinos produziu homens-bomba suicidas. Não consigo ver a chance de a próxima geração se tornar mais moderada", disse Mahmud Abo Rahma, funcionário do Centro Al Mezan pelos direitos humanos em Gaza.
"Estão aterrorizados. Os bombardeios não param, e não há descanso. Isso pode impactar as crianças por meses ou anos mais. Elas ficam sentadas com seus pais e ouvem rádio, sobretudo a estação controlada pelo Hamas, que só divulga sons de explosões, gritos e noticiário sobre os mortos" afirmou Sajy Elmughanni, coordenador do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Antes mesmo da ofensiva israelense, cerca de 50 mil crianças sofriam de desnutrição em Gaza -decorrência do bloqueio ao território, cujo crescimento populacional é um dos maiores do mundo (3,42% ao ano), segundo a CIA. Como consequência, 44% do 1,5 milhão de habitantes da faixa de Gaza têm até 14 anos.
Corredor humanitário
O premiê Ehud Olmert anunciou ontem que Israel abrirá um corredor humanitário, possivelmente hoje, para mitigar a crise agravada pela ofensiva no território.
O corredor dará acesso periódico limitado a determinados pontos da faixa de Gaza, a fim de permitir o abastecimento dos palestinos com artigos de primeira necessidade.
Os detalhes do programa seriam definidos pelo setor de operações civis do Ministério da Defesa.
Fonte:FSP
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