Polícias do Rio e de São Paulo matam rotineiramente, afirma relatório
da Human Rights Watch
Marina Lemle
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro
Policiais do Rio de Janeiro e de São Paulo recorrem à força letal de forma rotineira e frequentemente cometem execuções extrajudiciais, afirma relatório divulgado hoje (8), no Rio de Janeiro, pela organização pró-direitos humanos Human Rights Watch. O relatório "Força letal: violência policial e segurança pública no Rio de Janeiro
e São Paulo" destaca o alto número de mortos pela polícia em supostos confrontos. São mais de mil mortos por ano nos dois Estados juntos.
Para José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da Human Rights Watch, as cifras são alarmantes. "A polícia do Rio e de São Paulo mataram mais de 11 mil pessoas desde 2003. Muitas mortes são resultado de uso legítimo da força, mas muitas outras claramente não são", disse.
Só no Rio, em 2007, 1.330 mortes foram qualificadas como "autos de resistência" - em que o suspeito teria resistido à prisão. Em 2008, foram 1.137. Em São Paulo, o número é inferior, mas também é alto: foram 2.176 casos nos últimos cinco anos, mais do que a África do Sul inteira (1.623), onde os índices totais de homicídios são altos.
A Human Rights Watch notou que, em geral, as autoridades policiais e as autoridades do sistema de Justiça criminal --inclusive os procuradores-gerais de Justiça dos dois Estados-- concordam que os policiais implicados em execuções extrajudiciais raramente são responsabilizados criminalmente.
O relatório, de 134 páginas, é resultado de dois anos de estudos,baseados em dados de diversas pesquisas e entrevistas com promotores públicos, autoridades policiais, organizações sociais e familiares de vítimas. Foram examinados 51 casos nos quais policiais teriam executado supostos criminosos reportando em seguida que as vítimas
haviam morrido em tiroteios enquanto resistiam à prisão.
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