Segundo Maurício Campos, da Rede Contra a Violência, há indícios de que excessos teriam sido cometidos na Vila Cruzeiro na quarta (24) e quinta-feira (25), na intervenção policial. "A maior parte das vítimas fatais na Vila Cruzeiro, registradas especialmente na operação de quarta, tem um perfil que não condiz com a versão da polícia de que houve confronto", acusa Campos, em entrevista à Rede Brasil Atual.
Desde domingo (21), uma série de incêndios a veículos ocorrem na região metropolitana do Rio de Janeiro (RJ) e em cidades da Baixada Fluminense. Os crimes foram taxados como uma resposta do crime organizado à política de segurança no estado, cujo carro-chefe são as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), baseadas na ocupação de comunidades até então controladas pelo narcotráfico.
Procurada, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro não se pronunciou sobre os mortos na operação. A respeito das outras denúncias de abuso, o órgão também não se manifestou especificamente sobre os casos, mas sustenta que se trata de um momento emblemático e estressante, pelo tamanho da situação. Segundo a assessoria de imprensa, o objetivo é "libertar do domínio dos criminosos do domínio dos criminosos 130 mil pessoas" e, por isso, acredita-se que mesmo as pessoas que reclamam serão beneficiadas pela ação.
Menos presos, mais mortos
Campos chama a atenção para o que ele teme ser uma tendência de redução do número de prisões e aumento de mortes pela polícia. Até quarta-feira, havia 150 detidos e 31 mortos. Naquele dia, houve mais 23 óbitos e apenas 25 detenções. "Em outras ocasiões, esse foi um sintoma de que as ordens emanadas do comando eram para execução e para não se trazer presos", alerta. Atualmente, há 44 mortes confirmadas pela polícia."Se houver o mesmo tipo de ação policial no Complexo do Alemão que ocorreu na Vila Cruzeiro, as violações vão ser enormes", prevê. Campos defende que órgãos como o Ministério Público Federal, as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) do estado acompanhem as operações. Ele também acredita que a Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal deveria se preocupar com o caso.
A Rede Contra a Violência alerta que é cedo para se afirmar se os incidentes são ou não coordenados pelo crime organizado. O fato de os eventos terem se intensificado com o passar dos dias desmentem a possibilidade de um planejamento prévio.
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