Infância Urgente

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Associações comunitárias reúnem relatos de abusos da polícia no RJ


São Paulo - Associações de moradores de favelas da zona norte do Rio de Janeiro afirmam que ocorreram abusos em operações da polícia nos últimos dias em incursões na região. Há relatos de invasões de domicílio e de estudantes e professores mantidos dentro de uma escola na Vila Cruzeiro por 20 horas.
Segundo Maurício Campos, da Rede Contra a Violência, há indícios de que excessos teriam sido cometidos na Vila Cruzeiro na quarta (24) e quinta-feira (25), na intervenção policial. "A maior parte das vítimas fatais na Vila Cruzeiro, registradas especialmente na operação de quarta, tem um perfil que não condiz com a versão da polícia de que houve confronto", acusa Campos, em entrevista à Rede Brasil Atual.
Desde domingo (21), uma série de incêndios a veículos ocorrem na região metropolitana do Rio de Janeiro (RJ) e em cidades da Baixada Fluminense. Os crimes foram taxados como uma resposta do crime organizado à política de segurança no estado, cujo carro-chefe são as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), baseadas na ocupação de comunidades até então controladas pelo narcotráfico.
Procurada, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro não se pronunciou sobre os mortos na operação. A respeito das outras denúncias de abuso, o órgão também não se manifestou especificamente sobre os casos, mas sustenta que se trata de um momento emblemático e estressante, pelo tamanho da situação. Segundo a assessoria de imprensa, o objetivo é "libertar do domínio dos criminosos do domínio dos criminosos 130 mil pessoas" e, por isso, acredita-se que mesmo as pessoas que reclamam serão beneficiadas pela ação.

Menos presos, mais mortos

Campos chama a atenção para o que ele teme ser uma tendência de redução do número de prisões e aumento de mortes pela polícia. Até quarta-feira, havia 150 detidos e 31 mortos. Naquele dia, houve mais 23 óbitos e apenas 25 detenções. "Em outras ocasiões, esse foi um sintoma de que as ordens emanadas do comando eram para execução e para não se trazer presos", alerta. Atualmente, há 44 mortes confirmadas pela polícia.

"Se houver o mesmo tipo de ação policial no Complexo do Alemão que ocorreu na Vila Cruzeiro, as violações vão ser enormes", prevê. Campos defende que órgãos como o Ministério Público Federal, as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) do estado acompanhem as operações. Ele também acredita que a Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal deveria se preocupar com o caso.
A Rede Contra a Violência alerta que é cedo para se afirmar se os incidentes são ou não coordenados pelo crime organizado. O fato de os eventos terem se intensificado com o passar dos dias desmentem a possibilidade de um planejamento prévio.

Nenhum comentário: