Infância Urgente

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

STJ solta MC's do Funk

Em recente entrevista para um revista ou jornal, Marcelo Freixo afirma que as UPPs não é um modelo de Segurança Pública, mas um modelo de cidade: De Cidade Militarizada. Rio e São Paulo, Além de Boenos Aires, são das poucas,dentre as 20 maiores megalopoles do Mundo, que ainda não foram militarizadas, depois do 11 de Setembro de 2001.
 
A militarização fisica de um grande megalopole como o Rio de Janeiro, só é possivel, depois de uma invisivel militarização dos corações e mentes da maioria de seus cidadãos e cidadãs. A ocupação do Complexo do Alemão e da V. Cruzeiro, já vem sendo preparada, não desde Setembro de 2009, mas desde 2007. Não foi por acaso, que as declarações mais contundentes do governador reeleito e do secretário de segurança, reempossado, foram dadas ao grandes mídias, após epsódios de confrontos e violencia, em uma das duas comunidades. "  O Complexo do Alemão é lugar de gente terrorista e má", "barriga de mulher de favela é fabrica de violencia", "os filhos das mulheres de favela trazem do ventre a cultura da violencia". Não me lembro bem das frases, não sou do alemão nem da vila... sera que as centenas de milhares de mães e seus filhos dessas comunidades se lembram delas? inclusive as mães que foram receber o lula? E, alguem se lembra do coronel marcus jardim que declarou que para os bandidos da Vila Cruzeiro ele tinha o BOPCIDA?
 
Não foi por acaso também que camaradas e compas de esquerda foram praticamente expulsos de uma reunião, de direitos humanos, no complexo do alemão em 2007, por produtores culturais com projetos no local, porque esses temiam perder projetos e parcerias governamentais.
Se a esquerda, além de dar uma passada lá pra defender os direitos humanos, tivesse fincado bandeira, muito provavelmente a apafunk e/ou Luta Armada estariam lá hoje, no minimo fazendo um contra-hegemonia a cooptação geral do Afro-reggae, da CUFA e dos Enraizados.
 
Quem assinar este abaixo-assinado estará contibuindo pelo direito a liberdade de expressão e manifestação de pensamento de meia duzia de douze funkeiros, mas estará pra prevenção e instumentalização de luta contra de coisa muito pior e muito mais escabrosa, perversa, genocida. Com muita facilidade tem-se usado velhas palavras, como se fossem novas, como fasticisação, nazização, não só contra possiveis inimigos, mas até contra compas e camaradas de luta, que discordam ou criticam, de forma democratica e diáletica o que acham erreado na militancia. Depois que assinar esse abaixo-assinado tente assistir um filme: Berlin Afair. E vejam como o nazismo, bem antes da ascensão de Hitler, perseguiu a esquerda e a resitencia alemã, criminalizando um casal bissexual que mantinha relações com a filha de um embaixador japones.
 
Numa cidade em processo de militarização como o machismo, o racismo, a homofobia, são armas tão efcazes fisica e psicoligicamente quanto um dos tanques que subiramo Alemão.
Voce pode ser preto ou preta pobre favelado, favelada e gay e pode ate fazer teatro, funk, dança... mas só vai incomodar fizer do teatro, do funk, da dança meios de expressar o que voce é e que outras e outros como voce, são, e fizer dessa expressão um exericicio de liberdade de ser, não só voce sozinho, sozinha, mas com todos e todas, com o coletivo.
Hoje prenderam meia duzia de funkeiros, amanhã, ou depois de amanhã, isso não e força de expressão, irão prender adolescentes e jovens gays e meninas lésbicas pretas pobres e faveladas chegando de uma parada gay na zona sul subindo o morro cantando palavras de ordem antiracistas, antisexistas, antimofobicas... Nunca ví tantos e tantas meninas lésbicas e meninos gays pretos e pobres no Complexo de Acari. Como já manifestei varias vezes meu temor pelos funkeiros de acari, dentre os mais politizados da cidade, temo também por essas criaturinhas, ainda tão crianças, mas já tão corajosas em assumir suas sexualidades diferenciadas. E sem noção do rísco que correm ao assumir publicamente suas opções.
Os compas da "diretoria" da apafunk reagem rudemente a simples brincadeira da possibilidade da existencia de uma ala gay no funk. Um lacraia, exótico, aberrante,até pode, um madame satã no funk, nem pensar...
 
Por fim, as compas e camaradas que redigiram e dinamizam a assinatura deste abaixo-assinado, podem até dizer que estou distorcendo seus objetivos imediatos e necessários, mas pra mim, esse abaixo-assinado não é só pela liberdade de expressão dos funkeiros presos, agora libertos, mas ainda incriminados, aguardando sumario de culpa em liberdade.
Esse abaixo-assinado também restabelece a lberdade de expressão e o liberta o canto pugente libertário e genial do manos mais-velhos Beto Sem-Braço e Serginho Miriti, que ficara preso, encarcerado na garganta covarde e traíra do cooptado, adesista e oportunista rapper Marcelo D2, que empacou no meio da musica, se auto-sensurando, quando cantava "Meu Bom Juiz" da autoria dos dois sambistas, no Programa do JÔ.
Liberdade para o funk, liberdade para funkeiros, com a liberdade do funk e dos funkeiros a nova libertação daqueles que lutando e cantando pela liberdade do canto e da voz da periferia são exemplos e parceiros, guerreiros da luta pela liberdade de expressão d'hoje em dia. Leiam e ouçam como se fosse um funk, mas tão libertos quanto um.
 
Meu Bom Juiz ( 1981)

autores: Beto Sem Braço e Sérginho Meriti
aaaah, Meu bom juiz
Não bata este martelo nem dê a sentença
antes de ouvir o que o meu samba diz..
pois este homem nao é tao ruim quanto o senhor pensa
vou provar que lá no morro.. (2X)

vou provar que lá no morro
ele é rei, coroado pela gente..
é que eu mergulhei na fantasia e sonhei, doutor
com o reinado diferente
é mas nao se pode na vida eu sei
sim, ser um líder eternamente
homem é gente..
mas nao se pode na vida eu sei
sim, ser um líder eternamente
meu bom doutor,
o morro é pobre e a probreza nao é vista com franqueza
nos olhos desse pessoal intelectual
mas quando alguém se inclina com vontade
em prol da comunidade
jamais será marginal
buscando um jeito de ajudar o pobre
quem quiser cobrar que cobre
pra mim isto é muito legal
eu vi o morro do juramento, triste e chorando de dor
se o senhor presenciasse chorava também doutor...

aaaah, Meu bom juiz, (meu bom juiz)
Não bata este martelo nem dê a sentença
antes de ouvir o que o meu samba diz..
pois este homem nao é tao ruim quanto o senhor pensa
vou provar que lá no morro.. (2X)

Lenço No Pescoço (1935) depois proibido e sensurado pela Ditadura Vargas. A mesma que enviou Olga a Hitler e silenciou diante do assassinato, pela ditadura franquista do poeta, músico e dramartugo espanhol, o homossexual Garcia Lorca.

autor: Wilson Batista
Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio

Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Sempre tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão

E eles tocam
E você canta
E eu não dou
Nega Dina

Autor: Zé Kéti 1959, proibido de tocar nas rádios pela ditadura mlitar de 1964

A Dina subiu o morro do Pinto
Pra me procurar
Não me encontrando, foi ao morro da Favela
Com a filha da Estela
Pra me perturbar
Mas eu estava lá no morro de São Carlos
Quando ela chegou
Fazendo um escândalo, fazendo quizumba
Dizendo que levou
Meu nome pra macumba
Só porque faz uma semana
Que não deixo uma grana
Pra nossa despesa
Ela pensa que minha vida é uma beleza
Eu dou duro no baralho
Pra poder comer
A minha vida não é mole, não
Entro em cana toda hora sem apelação
Eu já ando assustado, sem paradeiro
Sou um marginal brasileiro

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