O “II Seminário sobre Direitos e  Políticas para Crianças e Adolescentes Indígenas” aconteceu em Brasília,  de 25 a  27 de novembro, quando foram elaboradas sugestões que  contemplam as  especificidades dos povos indígenas para compor o Plano  Decenal dos  Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes (2011-2020). As  propostas  foram encaminhadas ao Conselho Nacional dos Direitos da  Criança e do  Adolescente (Conanda), no dia 30 de novembro.
Para  a compilação do material,  foram realizados seis eventos com a presença  de quase 300  representantes de povos, organizações, profissionais,  estudantes e  lideranças indígenas. O primeiro deles foi o I Seminário  Nacional, em  maio deste ano, em Brasília, e, logo após, entre junho e  setembro,  aconteceram quatro oficinas com representantes indígenas das  regiões  Sul/Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
As  sugestões ao Plano Decenal  incluem demandas como o respeito às  diferenças culturais com igualdade  de condições para a sobrevivência e o  desenvolvimento das crianças e  jovens indígenas. Isso se refere  concretamente, por exemplo, à  exigência de equiparação entre a taxa de  mortalidade infantil indígena  (que segundo o IBGE/2000 é de 51 crianças  mortas a cada mil nascidas  vivas) à de crianças não indígenas (de acordo  com o mesmo instituto é  de 30 mortes a cada mil nascimentos). A  proposta é de que, até 2020,  haja uma redução da taxa de mortalidade  infantil (zero a um ano)  indígena e não indígena para 13 mortes a cada  mil crianças nascidas  vivas.
Também  foi proposto que, até  2020, sejam instalados conselhos tutelares com  representantes indígenas  em 100% dos municípios onde existam povos  indígenas. Isso porque foi  constatado pelos indígenas que a intervenção  de conselhos tutelares  junto aos povos tem, muitas vezes, causado  problemas, ao invés de levar  soluções às comunidades, por uma completa  ausência de conhecimento das  culturas e tradições indígenas por parte  dos conselheiros.
Outros  pontos sugeridos se  referem à obrigação de registro de nascimento a  100% de filhos de pais  ou mãe indígena; à oferta de educação escolar  indígena (ensino  infantil, fundamental e médio) a 100% dos povos  indígenas, mediante  demanda, consulta e consentimento dos mesmos; à  implantação de Pontos  de Cultura, telecentros e cineclubes em 100% dos  povos indígenas,  também após consulta e consentimento; à assistência  judicial a 100% dos  adolescentes indígenas em conflito com a lei,  assegurando o respeito e  a aplicação da legislação específica brasileira  para povos indígenas,  dentre outras sugestões.
Durante  o II Seminário Nacional  também foram apresentados os relatos locais do  ponto de vista indígena  sobre o conceito do que seja criança e  adolescente para os povos e  também as diferenças com relação ao ponto de  vista não indígena do que  são consideradas formas de violência e  agressão contra crianças e  adolescentes indígenas.
O  resultado de toda essa  mobilização e debate será apresentado, até março  de 2011, em uma  pesquisa que registrará todo o processo e apresentará  um diagnostico, a  partir dos relatos e discussões, da situação de  crianças e  adolescentes indígenas no país.
O  projeto que deu origem a estes  resultados foi coordenado pelo Centro  Indígena de Estudos e Pesquisas  (Cinep), em parceria com a Secretaria de  Direitos Humanos (SDH-PR) e o  Conselho Nacional dos Direitos da Criança  e do Adolescente (Conanda).
Para acessar as sugestões indígenas ao plano decenal, acesse http://www.cinep.org.br/uploads/04fe48e95e1886f0200467094f7b09eb62420b8e.pdf
 
 
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