Aumento representa quase o dobro da inflação na cidade medida pela Fipe, de 6,03% desde o último reajuste
SP terá a tarifa mais cara do país; passagem de metrô só deve subir em fevereiro, e deve continuar mais barata
EVANDRO SPINELLI
RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO
A tarifa de ônibus em São Paulo subirá quase o dobro da inflação em 5 de janeiro.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) autorizou ontem o aumento da passagem de R$ 2,70 para R$ 3, alta de 11,11%.
Será tarifa mais cara do país entre as cidades com mais de 500 mil habitantes. Até novembro, o posto era dividido com Osasco, que reajustou a sua tarifa no início deste mês para R$ 2,90.
A tarifa integrada (ônibus + metrô/trem) passa de R$ 4,07 para R$ 4,29.
A prefeitura diz que o reajuste é baseado na projeção de despesas no sistema para o ano. Cerca de 2.000 dos quase 15 mil carros da frota serão substituídos.
Apesar desse gasto extra, o preço do litro do diesel se manteve em R$ 2 e os salários de motoristas e cobradores aumentou 6,5%.
A inflação na cidade, medida pelo IPC-Fipe, foi de 6,03% desde o último reajuste, em janeiro deste ano.
Desde julho de 1994, a passagem de ônibus já subiu 500%, ante inflação de 231%.
METRÔ MAIS BARATO
O metrô já é, desde o início de 2009, mais barato que o ônibus. Na ocasião, Kassab autorizou o aumento dos ônibus de R$ 2,30 para R$ 2,70 -o sistema sobre trilhos, por sua vez, subiu para R$ 2,65.
Especialistas apontam que essa diferença incentiva o uso do metrô. O novo reajuste da tarifa do sistema sobre trilhos deve sair em fevereiro, mas a Folha apurou que o grupo de transição do governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) já definiu que o bilhete não chegará a R$ 3.
Ou seja, a defasagem das tarifas de ônibus e metrô, hoje em R$ 0,05, pode até subir.
Mesmo com o aumento de 11,11% nas tarifas, a gestão Kassab aumentará os subsídios às empresas de ônibus.
Neste ano, as empresas receberam R$ 600 milhões. Para o ano que vem, o Orçamento prevê R$ 743 milhões.
O vereador Milton Leite (DEM), relator do Orçamento, disse o valor de subsídio para 2011 foi um pedido do secretário-adjunto de Transportes, Pedro Machado.
"A prefeitura mandou R$ 600 milhões, mas o Pedro Luiz pediu para aumentar. Com esse valor. ele disse que a tarifa podia ser de R$ 3. Se fosse ver pelo custo do sistema, a tarifa teria de ser de R$ 3,20 ou R$ 3,30", afirmou.
O vereador Antonio Donato (PT) classificou o reajuste de "assustador". "Acho que eles querem fazer caixa até a eleição à custa do bolso do trabalhador. Acho que não vai ter outro reajuste neste governo", disse o petista.
Ele quer pedir uma auditoria nas planilhas de custo do sistema para verificar se o cálculo da tarifa está correto.
A União Estadual dos Estudantes de SP também atacou o aumento e planeja um protesto em janeiro.
"Os ônibus são superlotados, sem conforto, atrasam bastante. Comparado ao benefício que oferece, o reajuste é inaceitável", diz Carlos Eduardo Siqueira, 26, presidente da entidade.
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