Os motivos que nos levaram à presente paralisação são de conhecimento geral: precária estrutura para a realização das atividades acadêmicas e escassas garantias de permanência aos estudantes. A Universidade ainda está muito aquém de garantir condições de estudo e trabalho à sua comunidade. As conseqüências desta situação são sentidas cotidianamente, especialmente pelos estudantes. A proporção dos que estão em condições de integralizar suas graduações no ano letivo de 2010, comparada com o número de ingressantes em 2007, é reveladora.
A greve estudantil na UNIFESP-Guarulhos completa hoje seu 26º dia. Nossa última assembleia do campus, que decidiu pela continuidade da paralisação por ampla maioria, foi a mais representativa de nossa história. Há três semanas, poucos acreditavam que o movimento seria capaz de manter sua vitalidade e mobilização por tanto tempo.
Isto ocorre porque ainda existe um impasse com bases reais: o essencial de nossa pauta ainda não foi atendido. Até o momento, não recebemos garantias de que haverá solução para as reivindicações. Da diretoria acadêmica, um informe insuficiente sobre o que se passou, mas nenhum compromisso do que sucederá. Da reitoria nenhum sinal, a não ser a disposição de, simplesmente, receber e responder uma carta contendo a pauta unificada dos diferentes campi.
Para quem está prestes a concluir a graduação é mais difícil considerar a necessidade de continuar e fortalecer a greve para que conquiste garantias de atendimento às reivindicações rapidamente. Compreendemos. Para quem está em posição distinta no cotidiano da universidade e não está em greve é mais difícil considerar a insuficiência das sinalizações dadas pela direção da universidade até o momento. Compreendemos. Para quem terá dificuldades no cumprimento de um novo calendário acadêmico devido a compromissos pessoais, institucionais e profissionais firmados com antecedência é mais difícil prestar apoio e solidariedade ao movimento grevista. Compreendemos.
As sugestões e as críticas, tão importantes quando direcionadas de modo construtivo, continuarão sendo recebidas e processadas em nossas discussões. Contudo, divergimos profundamente de quem, aberta ou veladamente, se opõe à greve, estejam estas pessoas orientadas pelas questões acima ou por avaliações políticas distintas quanto aos rumos do movimento. Reagiremos firmemente tanto às ações isoladas quanto às campanhas que buscarem deliberadamente enfraquecê-lo, deslegitimá-lo ou ferir sua autonomia.
Mas, ainda assim, queremos deixar claro: nossa abertura para o diálogo também se estende a estas pessoas, convencidos que estamos da nossa capacidade de unir forças, mesmo com diferenças táticas, pelo atendimento das reivindicações cuja solução é de interesse comum.
Aos que se solidarizam e nos apóiam, nossos agradecimentos e o convite para se somarem, mobilizando-se da maneira que melhor lhes convir e convencendo seus pares de como é importante que a greve siga um bom termo e conquiste seus objetivos prontamente.
O CAHIS tem toda a disposição para contribuir da melhor maneira nas negociações referentes à construção do novo calendário acadêmico, na reposição das aulas, na aplicação das avaliações pendentes e no fechamento do semestre letivo. Um comprometimento recíproco por parte do corpo docente de História seria extremamente valioso para a tranqüilidade no futuro retorno às atividades acadêmicas.
Não desejamos, de modo algum, que o impasse ainda pendente em torno das reivindicações, por demandar a continuidade da greve, implique em segregação entre segmentos da comunidade acadêmica. Este seria um dos piores legados deste rico processo que, na verdade, pode resultar justamente no contrário: a unidade política entre estudantes, professores e técnicos administrativos pela qualidade na expansão e por uma Universidade pública, gratuita, democrática, de qualidade e socialmente referenciada para todos.
Guarulhos, 16 de novembro de 2010
Centro Acadêmico de Historia da UNIFESP
Gestão HistoriAção
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