Infância Urgente

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dois milhões de jovens vão à escola sem saber ler e escrever, mostra IBGE

LUISA BELCHIOR
Colaboração para a Folha Online, no Rio

Mesmo dentro de sala de aula, os brasileiros ainda não conseguiram transpor uma barreira que mantém o Brasil distante de países desenvolvidos: o analfabetismo. Há 2,1 milhões de crianças entre 7 e 14 anos no país que, embora freqüentem a escola, continuam
analfabetas. É o que mostra a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quarta-feira.

O estudo revela que 87,2% das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos que não sabem ler e escrever --2,1 milhões- freqüentavam a escola regularmente em 2007. E uma minoria deles estava com os estudos atrasados: apenas um quarto dos estudantes do ensino
fundamental tinha ma is de dois anos acima da idade recomendada para a série que estudava.

A taxa de analfabetismo entre os que estudam contrasta com a freqüência escolar dos jovens entre 7 e 14 anos, que alcançou 97,6% em 2007. Um nível considerado praticamente universalizado" pelo IBGE.

"O acesso à rede de ensino está se universalizando [...]. No entanto,ainda persistem problemas associados à eficácia escola", diz texto da Síntese de Indicadores Sociais, feita com base em cruzamentos de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2007,divulgada semana passada pelo IBGE.

Para os pesquisadores, a contradição revela falhas na qualidade de ensino e pode ter como causa o sistema de aprovação automática em escolas.

Na média brasileira, a taxa de analfabetismo foi de 10,5% da população, ou 14,1 milhões de pessoas, como havia revelado a Pnad. O índice é menor que o de uma década atrás --em 1997, havia 15,9 milhões de analfabetos, segundo o IBGE. Mas ainda não alcançou
patamares como os da China (7,1%) e Rússia (0,6%), que dividem com o Brasil lugar nos Brics (grupo de países emergentes formado também pela Índia), segundo a pesquisa.
A taxa brasileira, como mostrou a Pnad semana passada, também é uma das piores da América Latina e está atrás de países como Bolívia,
Suriname e Peru.

Alfabetização de adultos

As tentativas do governo de alfabetizar os adultos também são falhas,segundo aponta a Síntese de Indicadores Sociais. Em 2007, 2,6 milhões de brasileiros com mais de 15 anos faziam cursos de educação de jovens e adultos. Mas apenas um quinto deles freqüentava aulas de alfabetização de adulto, foco dos programas do governo federal,segundo o IBGE. Os outros 79,3% estavam em supletivos de ensino fundamental ou médio.

Entre os adultos, 3,9% dos alunos de alfabetização têm 60 anos ou mais e 19,4%, 40 a 59 anos, contra 76,8% dos estudantes entre de 15 a 39 anos.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u448289.shtml

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