Infância Urgente

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Marisa Dandara

Iniciei a minha militância na antiga região administrativa do Campo Limpo, eram os idos anos 80, ainda com o chumbo persistindo na periferia paulistana, apesar dos festejos do "retorno da democracia". Lá conheci muita gente valorosa, aprendi valores da militância que nenhum curso ou faculdade me ensinou, muitas pessoas foram meus mestres nessa caminhada.

No Campo Limpo, um dos movimentos mais organizado era o das mulheres, com elas aprendi a persistir nos ideias, ser solidário, discutir o meu lugar na relação de gênero, Fátima, Neide Abade, Amélia e tantas outras que me impressionavam pela sua força para transformar essa sociedade em um mundo melhor.

Nesse grupo de mulheres, tinha uma que especialmente me impressionava, era a Marisa Dandara, na verdade Marisinha, com posições sempre clara e firmes, com uma clareza da importância do seu papel de mulher negra em uma sociedade machista e racista, ao mesmo tempo era uma militante doce, afetuosa sempre com um belo sorriso no rosto que preenchiam todos os espaços que ela chegava.

A quatro semanas encontrei Marisinha na Conferência Regional de Direitos Humanos de São Paulo, ela chegou com sua neta,s sempre alegre conversamos, estava muito bem como sempre. Falamos sobre a nossa história, companheiros, sonhos concretizados ou não. Em um determinado momento ela demonstrou alguma impaciência e queria embora, logo as pessoas se organizaram para levá-la.

Marisinha, nos últimos tempos presidia o Centro Cultura Negra do Campo Limpo e estava coordenando a campanha da amiga e companheira Fátima, a menos de duas horas recebi a noticia que Marisinha nos deixou, quando recebi a noticia muitas imagens das lutas passadas pularam na minha memória,...

Marisinha, só posso falar que você com certeza é uma das pessoas que temos o prazer de ter ombreado muitas lutas juntos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Iolanda - Taboão
Marisa, uma eterna lembrança principalmente na mente daquele que já sofreu com a discrimanação racial, recheada de sutilezas no Brasil.
Vamos torcer para que seu (a) sucessor (a) lute tão bravamente por esta causa...

Anônimo disse...

Dia 23 De Outubro, inauguramos uma entidade de mulheres no Taboão da Serra em homenagem a esta grande mulher lutadora e batalhadora com propósitos de promover a justiça social,acabar com com o racismo e principalmente defender as mulheres que sofrem violência doméstica devido à sociedade machista e que infelizmente ainda vivemos!
O nome dessa entidade é MARISA DANDARA. Esperamos que mais mulheres juntem-se a nós, para que possamos formar uma consciência de humanização que possa atingir à todas as mulheres do Brasil inteiro, lutando pela igualdade social e sejamos reconhecidas de direitos iguais as dos homens e podermos estar inseridas na sociedade como cidadãs plenas! Marisa, daremos continuidade ao seu trabalho, pois seu legado atingiu nossos corações!
Celeste
Campo Limpo-SP