Infância Urgente

domingo, 23 de agosto de 2009

Velha/Nova Febem/Fundação Casa 121

Roubo lidera internações
Adolescentes em risco
Maioria das meninas que são internadas na Fundação Casa (ex-Febem) cometeu esse tipo de crime
GABRIELA YAMADA
Gazeta de Ribeirão
gabriela.yamada@gazetaderibeirao.com.br

O recrutamento das adolescentes de Ribeirão Preto para atuar no tráfico de drogas diminuiu este ano e o roubo simples entre elas aumentou, segundo levantamento feito pela Fundação Casa (ex-Febem). No geral, as meninas se envolvem com o mundo do crime para sustentar o próprio vício das drogas ou por causa de um namorado, e depois de internadas quase nunca recebem visitas.
Nos primeiros oito meses do ano passado, 16,7% das meninas de Ribeirão foram encaminhadas por roubo simples, infração que perdia no ranking da criminalidade para o tráfico, com 33,3% do total.
Este ano, de janeiro a agosto, o roubo simples liderou o número de internações das adolescentes ribeirãopretanas, atingido o índice de 33,3%. O tráfico de drogas ficou em segundo lugar, com 22,2%. Latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal dolosa, porte de arma de fogo e roubo qualificado representaram 11,1% dos atos infracionais cada.
"Entre os adolescentes do sexo masculino, o tráfico continua em primeiro no ranking das internações. O aumento do índice do roubo simples entre as adolescentes, em mais da metade, não ocorre entre eles", afirmou o diretor regional da Fundação Casa em Ribeirão, Roberto Damásio.
As meninas são encaminhadas a uma das quatro unidades femininas existentes no Estado, localizadas em Cerqueira César e em São Paulo. O número de unidades é proporcional ao número de adolescentes internadas: atualmente, em todo o Estado, 297 cumprem a medida socioeducativa. Destas, 1,3% são de Ribeirão e vêm de famílias de classe baixa e média baixa.
"Ter uma filha no mundo do crime é motivo de vergonha. É por isso que eu nunca dei liberdade para as minhas filhas. Como vou deixar as meninas livres, na rua?", afirmou Marco Antonio Felipe, 44 anos, que vende materiais reciclados.
Por este motivo, a faxineira S., 38, preferiu não ser identificada. Mãe de quatro filhos, ela se sente impotente ao ver a filha mais velha, Jéssica de 16 anos, envolvida com o crime - tanto é que denunciou a adolescente à polícia. "Ela andava roubando junto com a gangue do namorado dela, abandonou a filha comigo", afirmou S. A faxineira afirmou não saber onde está a Jéssica. "Ela ficou rebelde. Se fosse parar lá (na Fundação Casa), quem sabe aprenderia alguma coisa", disse.

‘Prisão’ é dentro de casas

Manter as meninas dentro de casa. É assim que mães e pais entrevistados pela reportagem tentam evitar que as filhas se envolvam com o crime. "A gente tenta mostrar que, para ter dinheiro, é preciso estudar e trabalhar. Não precisa roubar", afirmou Dilza Aparecida Martins, 50 anos. Dilza mantém as filhas gêmeas Josimara e Josiane Aparecida de Castro, 16, dentro de casa, principalmente depois de ter mudado com a família para a favela do Aeroporto. "Em todo lugar tem crime, mas a gente sabe que aqui a situação é diferente e é mais fácil para elas se envolverem com coisa ruim", afirmou. Segundo a socióloga Graça Gadelha, consultora na área de combate da exploração sexual de crianças, o envolvimento com o roubo e principalmente com o tráfico faz com que as adolescentes estejam próximas à prostituição. Segundo ela, a associação ocorre porque a menina precisa do entorpecente para conseguir conviver com a prostituição, ou porque a droga é tida como pagamento de moeda da dívida pelo vício.

fonte: http://www.gazetaderibeirao.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1649084&area=92020&authent=AA15A9D777174013ACA24CE7AEF918

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