ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
FSP, 12/02/09
Apesar de 2008 ter sido o nono ano consecutivo em que o Estado registrou queda no número de homicídios, os casos de mortes com "características de execução" (sem chance de defesa para a vítima), segundo a classificação da Ouvidoria das Polícias de São Paulo, cresceram 22,5% em relação a 2007.
Conforme relatório anual do órgão divulgado ontem, em 2008 ocorreram 98 casos em que há suspeita ter havido crimes do tipo, com 186 vítimas ao todo, entre elas os cinco homens decapitados pelos PMs suspeitos de integrar o grupo de extermínio "Highlanders".
Os casos investigados, no entanto, não são somente aqueles em que existe indícios de participação de policiais.
"É uma coisa completamente incompreensível, porque ainda não temos claro o que os levou [os PMs] a cometer essas mortes", disse o ouvidor Antonio Funari Filho sobre as decapitações. A ouvidoria é o órgão do governo que monitora possíveis violações cometidas por policiais militares e civis.
Ao todo, no ano passado, São Paulo teve 4.690 homicídios dolosos (intencionais) -as 186 mortes apontadas pela ouvidoria representam 4% desse total.
Em 2007, 80 casos foram investigados pela ouvidoria, somando 190 vítimas -3,5% dos 5.153 homicídios no Estado.
A classificação "características de execução", segundo os protocolos da ouvidoria, é usada para assassinatos em que as vítimas não tiveram chance de defesa; em que os autores são desconhecidos; usavam máscaras ou capacetes e armas de grosso calibre; e quase sempre chegam e fogem em motos ou carros com vidros escurecidos.
Procurado, o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, não se manifestou sobre o aumento dos casos.
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