As desculpas esfarrapadas para a queda de matrículas no ensino médio de nosso país começam a serem desnudadas. MEC e secretários estaduais de educação afirmavam que se devia à queda do índice de fertilidade do país.
Mas a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE revelam que o índice de conclusão do ensino médio em 2008 foi de apenas 37%. É verdade que o índice dobrou em 10 anos. Mas todos países têm melhorado o índice e estamos muito abaixo da melhoria verificada no Chile, Portugal, Grécia, países cujo PIB e poder global são muito menores que o do Brasil.
E o problema é grave. Segundo o censo escolar 2005 do Inep/MEC, 16% dos estudantes de escolas públicas que terminam o ensino obrigatório não chegam a se matricular no ensino médio.
Pesquisa da UNESCO já constatava que existe um grupo acima de 17 anos que está fora de cobertura de políticas públicas destinadas a garantir a permanência de estudantes nas escolas.
Ainda segundo a UNESCO, em muitos países, inclusive no Brasil, a merenda é um forte atrativo, tanto por desobrigar as mães do trabalho na cozinha, liberando-as para o trabalho fora de casa, como por representar uma forte ajuda indireta na renda familiar. Nos Estados Unidos, 45% dos jovens que abandonam a escola antes de terminar o ensino médio citam questões ligadas ao trabalho como justificativa. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), 53% dos jovens que trabalham em centros urbanos do continente não se formam. Nas zonas rurais, este índice sobe para 71%.
Mas um dado é quase sempre esquecido pelos gestores educacionais: a percepção da qualidade pelo aluno e também pelos pais conta e muito. “Não gosto da escola” aparece entre as justificativas apresentadas por 51% dos jovens norte-americanos que abandonam a escola, segundo a UNESCO. Outras duas respostas freqüentes desvendam a “chatice” das instituições: “sinto que não pertenço à escola” e “vou muito mal”. Em outras palavras, o despreparo da rede para lidar com jovens de diferentes origens (sociais, étnicas, culturais) e a repetência estão entre os fatores extra-renda responsáveis pela evasão.
E, vale reforçar, estudantes vindos de famílias mais pobres ou cujos pais têm baixa escolaridade abandonam com maior frequência a escola (nem sempre para trabalhar).
Do Blog: De esquerda em Esquerda
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