Nesta sexta-feira (2 de outubro), quando acontece a estréia do filme “Salve Geral”, convidamos a população do Estado de São Paulo a refletir sobre a violência que os órgãos de poder no Estado têm feito questão de esconder e negar: durante o
mês de maio de 2006, mais de 400 pessoas foram assassinadas e quatro ainda seguem desaparecidas, em ações policiais e de grupos de extermínio que foram divulgadas como uma “resposta” aos “ataques do PCC”. A maioria dos mortos eram jovens negros, afro-indígenas descendentes e pobres - executados sumariamente.
Passados mais de três anos, os casos estão arquivados,sem investigação correta para apurar a verdade dos fatos. Os familiares das vítimas e as entidades de defesa dos direitos humanos seguem sem resposta. E os responsáveis e executores seguem impunes.
Somos centenas de mães, familiares, amigos e militantes da causa da justiça para os crimes do Estado que não podemos calar diante de centenas de assassinatos covardes. O desprezo pela memória e pela história fez ainda que o dia de estréia de “Salve
Geral”, feito com base na nossa dor e que deverá concorrer ao Oscar no ano que vem, coincidisse também com outro marco da injustiça e da violência do Estado brasileiro. Há exatos 17 anos (no dia 2 de outubro de 1992), a Tropa de Choque da PM paulista, sob ordens diretas do então governador Luiz Antônio Fleury, matou pelo menos 111 pessoas sob custódia na Casa de Detenção do Estado – o que ficou conhecido como o
Massacre do Carandiru, 111 seres humanos sem possibilidade de defesa foram mortas e também neste crime ninguém até hoje foi julgado: a começar pela alta cúpula do Estado, Fleury e cia. Também neste episódio, a indústria do entretenimento fez
dinheiro em cima da dor das vítimas. E a Verdade e a Justiça, novamente, não foram convidadas para estréia...
Relembramos hoje as mais de 600 vítimas desses dois episódios,que são parte da violência imposta pelo Estado, especialmente nas periferias urbanas de nosso país. Lembramos as vítimas das execuções sumárias cotidianas que ceifam as vidas
de jovens negros e pobres.
Pesquisa divulgada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o UNICEF e o Observatórios de Favelas, no dia 21 de julho deste ano, aponta que mais de 33,5 mil adolescentes terão sido executados no Brasil entre 2006 a 2012.
Os jovens negros correm risco quase três vezes maior de serem executados, em comparação com os brancos. Tudo isso em nome da “democracia” e da “segurança”.Casos
com contornos de crueldade que se repetem em todo o país.
Entre os exemplos estão: as chacinas da Candelária (1993),de Vigário Geral (1993), da Baixada Fluminense (2005) e do Complexo do Alemão (2007), no Rio de Janeiro; os massacres de Corumbiara, em Rondônia (1995) e de Eldorado dos Carajás (1996); as chacinas de Canabrava, de Plataforma e a matança generalizada em Salvador, na Bahia (2006-2009). As famílias nunca terão reparada a dor da perda de seus mortos,mas o mínimo que podemos exigir é que os responsáveis e executores sejam penalizados. Estamos aqui para exigir o fim do genocídio contra a classe pobre, a população indígenadescendente e negra do Brasil
* Pelo desarquivamento e a federalização dos Crimes de Maio de 2006 praticados pelos policiais!
* Pelo fim do extermínio de jovens pobres,negros e trabalhadores no Brasil!
* Pela extinção do registro de “Resistência Seguida de Morte”, ou “Auto de Resistência” (carta branca para matar)!
* Pelo direito a voz, proteção, assistência,indenização e rep aração às famílias de mortos e desaparecidos, vítimas de agentes do Estado!
2 de outubro de 2009 (sexta-feira)
A partir das 18 horas, em frente ao Espaço Unibanco de Cinema
(concentração às 17h30, na Av. Paulista, em frente ao Shopping 3)
AMPARAR , INT ERSINDICAL , OBSERVATÓRIO DAS VIOLÊNCIAS POLICIAIS /SP,
TRIBUNAL POPULAR /SP: O ESTADO BRASIL EIRO NO BANCO DOS RÉUS
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