A depressão é uma doença crônica. Problema recorrente e com alta concentração de casos na mesma família, mas, ao contrário do que se pensa, ela não ocorre somente em adultos, mas em crianças e adolescentes. De acordo com especialistas, o que caracteriza os quadros depressivos nessas idades são a irritação, a tristeza ou comportamentos que comprometem as relações com a família, os amigos e o rendimento escolar.
De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, a depressão está associada à presença de cinco ou mais sintomas: estado de espírito depressivo durante a maior parte do dia, perda ou diminuição do interesse pela maioria das atividades, diminuição do apetite, insônia ou hipersônia, agitação ou apatia, fadiga, sentimento exagerado de culpa, dificuldade de concentração, pensamentos suicidas ou qualquer tentativa de atentar contra a própria vida.
Para a psicóloga Íris Bertoldi, a depressão é motivada pela rapidez e excesso de informações, de atividade e estresse, o que causa muita angústia, seja qual for a idade. “A pessoa que já é ansiosa e quer estar sempre bem informada de tudo pode ficar angustiada e ansiosa. Ainda mais se for alguém que não tem estrutura para aceitar suas limitações”.
E a família é fundamental na vida dessa criança que se transforma. “É a base, não há outra forma de ter uma referência. Todo ser humano precisa do exemplo, um adulto responsável, que o ajude a se desenvolver”.
Infelizmente, pais estão deixando essa responsabilidade nas mãos da escola, muitas vezes pela falta de tempo, o que prejudica a relação com os filhos. “O problema é que muitos adultos estão esquecendo que têm esse papel. Se o adulto opta por ser pai ou mãe, tem que arcar com isso. Escutamos muito: ‘ah, ele tem só seis anos, mas sabe se cuidar’. É exigir muito de uma criança, pois ela não tem essa condição. Criança precisa de referência para aprender a ser segura, a ter confiança. Se não tem alguém que ensine e mostre isso, como ela aprenderá”, destaca Íris.
Tratamento. É difícil tratar depressão em adolescentes sem os pais estarem esclarecidos sobre as causas do problema. Mas há duas linhas de tratamento: medicamentos, com prescrição médica, e a terapia comportamental. “Sempre no sentido de resgatar juntamente com essa pessoa as formas de lidar com as dificuldades pessoais, trabalhando suas angústias, o estresse e as frustrações da vida cotidiana. Todos nós precisamos ter condição de suportar isso e organizar tudo dentro de nós. A questão é que existem pessoas que não conseguem isso sozinhas e é aí que o psicólogo entra para ajudar, o que não significa loucura”, encerra Íris.
Fonte: Jornal da Manhã
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