Infância Urgente

terça-feira, 7 de julho de 2009

Contra o tráfico de mulheres e crianças

CLAUDIA Quem são as principais vítimas do tráfico para exploração sexual?
PRISCILA SIQUEIRA Existe um tráfico interno poderoso, que atinge principalmente adolescentes. A maioria é aliciada no interior e levada para as cidades mais ricas ou para locais com alta concentração de mão-de-obra masculina. Para o exterior, seguem as maiores de 18 anos, com baixa escolaridade, muitas delas afro-descendentes e mães solteiras. A Pesquisa Nacional sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Pestraf), realizada em 2002 pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria), com participação de várias ONGs, apontou 110 rotas de tráfico interno (78 interestaduais e 32 intermunicipais) e 131 de tráfico internacional.

CLAUDIA Como ocorre o aliciamento?
PRISCILA SIQUEIRA Elas recebem, na cidade onde vivem, uma roupa bonita, documentos e, se estão indo para o exterior, uma grana para passar pela alfândega. Quando chegam ao país de destino, alguém já as espera no aeroporto e tira delas o passaporte e o dinheiro, fazendo com que comecem a se prostituir. Nordeste e Centro-Oeste são as principais regiões de origem.

CLAUDIA Ao sair, elas sabem que serão prostitutas?
PRISCILA SIQUEIRA A maioria é enganada com a promessa de trabalhar como dançarina, recepcionista de boate, babá ou cuidadora de idosos. Outras sabem que serão prostitutas. O que todas desconhecem é que vão viver em situação de escravidão. É diferente das mulheres que, por conta própria, juntam dinheiro, compram sua passagem e vão se prostituir num país rico. Se não houve aliciamento, se a mulher é livre para tomar suas decisões, se é maior de idade, a opção é dela. Nossa luta não é moral, mas por direitos humanos.

CLAUDIA Há servidão por dívida, como no trabalho escravo rural?
PRISCILA SIQUEIRA Sim. As mulheres aliciadas deixam o país com uma dívida de passagem, roupa e documentação. Uma pesquisa da Unanima (ONG de combate ao tráfico, formada por congregações católicas femininas e sediada em Nova York) calcula que a dívida da mulher que sai do Brasil para Madri ou Lisboa equivale a 4,5 mil relações sexuais. Como nem em um ano inteiro é possível para uma mulher manter essa quantidade de relações, cria-se uma dependência crescente. Caso diga que quer ir embora, passará a sofrer ameaças. Ela chega nova, bonita e, à medida que envelhece, é revendida como um objeto. Um cafetão canadense declarou para a MACLEAN’S (revista semanal do Canadá) que preferia vender mulheres a drogas e armas porque drogas e armas só se vendem uma vez, enquanto a mulher pode ser revendida até morrer de aids, ficar louca ou se matar.


CLAUDIA Então, não há saída para essas mulheres?
PRISCILA SIQUEIRA Só se contarem com a solidariedade da sociedade e das ações do Estado. Vivem sob vigilância, moram nas boates onde atendem os clientes e, quando telefonam para a família, geralmente estão acompanhadas de um funcionário da boate. Há testemunhos de que existem até sistemas internos de TV nos bordéis para mantê-las sob controle. Uma vez recebemos um telefonema de uma jovem na Espanha que havia fugido com a ajuda de um cliente, mas estava sem dinheiro e não tinha para onde ir.

CLAUDIA Isso significa que é preciso um trabalho em rede?
PRISCILA SIQUEIRA Sim. O crime é organizado e enfrentá-lo exige o envolvimento dos governos e a formação de redes nacionais e internacionais. Esse combate tem três frentes: a prevenção, o atendimento às vítimas e a repressão e punição. A sociedade pode atuar na prevenção, para que as pessoas fiquem menos vulneráveis ao apelo de ganhar muito dinheiro lá fora. No atendimento às vítimas, as ONGs contribuem oferecendo assistência jurídica, social e psicológica para as mulheres refazerem a vida, mas não substituem o Estado, cuja ação é fundamental. Já a criminalização cabe à polícia e ao Estado. Hoje, os traficantes não são punidos porque as vítimas não os denunciam temendo pela própria segurança e também da família.

CLAUDIA Como fica a mulher que passa por esse trauma?
PRISCILA SIQUEIRA A mulher escravizada é reduzida a uma mercadoria. Ela precisa de ajuda para se reestruturar e de alternativas para se profissionalizar, ter uma ocupação e não voltar para a malha do tráfico. Não adianta conscientizar sem dar opções a essa mulher. Eu estava em um bordel, em Rondonópolis, no Mato Grosso, alertando sobre o tráfico quando uma garota lindíssima, de 23 anos, me disse que já havia recebido passaporte, roupa nova e passagem. Avisei que ela ia pagar muito caro por aquilo, pois estava sendo aliciada. E ela respondeu: “Ferrada eu já estou. Tenho uma criança de 2 anos para criar e pais idosos para ajudar. Se a senhora es tivesse na minha situação, também tentaria uma vida melhor”. Isso mostra quea luta é maior e envolve mudançasnas estruturas socioeconômicas

Fonte:Revista Claudia

Um comentário:

Anônimo disse...

Desde 2003 qndo meu filho foi constrangido na escola municipal de
itupeva, tentei solucionar o problema mas devido a envolvimentos
politicos sofri varias perseguiçoes. Fui obrigada a fazer gravações
tatno da aula do meu filho quanto das conversas junto aos conselheiros
tutelares. Mudei de cidade para tentar sanar o problema mas de nada
adiantou. Acabei recorrendo a corregedoria do forum central de sao
paulo denunciando a prevaricaçao dos orgaos competenmtes direcionados
a infancia e juventude e ontem, recebi uma intimaçao para comparecer
ao forum no dia 13/10/2008 para tentar solucionar o meu problema, pois
vou apenas citar um paragrafo do processo arquivado onde a psicologa
do forum diz o seguinte a respeito do meu filho quando tinha apenas 6
anos de idade: "o menor leonardo sofre de um processo de simbiose com
a genitora, isso poderá ocasionar um disturbio homossexual no mesmo"
Ora, como uma psicologa em uma conversa de no maximo 15 minutos pode
avaliar q uma criança poderá vir a se tornar homossexual? E q o fosse,
seria uma opção de vida dele. Esse é apenas um dos absurdos que ouvi
durantes os anos q passaram. Tenho provas documentadas e gravadas.

Quanto a gravação, mostra que o poder público se exime em atender
apenas pessoas que lhe convem. Assumo q fiz gravaçoes sem autorizaçao
judicial, pois não tenho medo uma vez que acho um absurdo ser ilegal
uma vez quer é o unico meio de um cidadao de bem sem poder aquisitivo
ou autoridade, para provar q é vitima e não réu, já que temos a tao
famosa lei de desacato a autoridade.

Por favor, gostaria de tornar publico meu problema, visto q nesses
ultimos dias tem se passado varias irregularidade dentro dos conselhos
tutelares do estado.

Complementando, após minha denúncia junto ao fórum central, marcaram
uma audiência de verificação do menor. O Juíz responsável pelo caso
tirou férias. Nem eu nem minha advogada tivemos acesso ao processo. Na
audiência, ao invés do excelentíssimo se direcionar ao problema do
menor, ele entrou indagando se eu estava descontente com a justiça de
Jundiaí. Tentou provocar minha ira para forjar um desacato, mas mesmo
assim, deu voz de prisão a meu pedido, uma vez que questionou que era
crime meu filho estar fora da escola.

Tenho todas as gravações, pois é muito complicado contar aqui. Fui
presa na frente de meu filho, o qual ficou chorando. O Juíz disse que
daria a guarda para o pai que disse que não queria. Saí da audiência
presa e o caso do meu filho mais uma vez não foi resolvido por
incapacidade da justiça da comarca de Jundiaí.

Tenho protocolado uma denuncia feita a corregedoria geral da justiça
na data de 16/10 de 2008, GAB 3-APOIO 2008/00096750 Excelentíssimo Rui
Camilo