Ao comentar os dados de pesquisa divulgada hoje (21) sobre violência contra adolescentes, a subsecretária dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Carmen Oliveira, afirmou que a estimativa de mais de 33 mil assassinatos entre jovens de 12 a 18 anos no período de 2006 a 2012 causou "surpresa".
"Isso significa que teremos 13 mortes diárias por assassinatos de adolescentes. Considerando a preocupação brasileira com a gripe suína, em que cada morte é contabilizada dia a dia, é importante que a sociedade tenha a mesma indignação e preocupação com essas vidas perdidas na adolescência", disse.
Segundo a subsecretária, a SEDH fez esta semana uma espécie de "pactuação" com gestores municipais e estaduais - sobretudo dos municípios com os maiores índices de assassinato na adolescência - para organizar ações conjuntas, diagnósticos locais e enfrentamento integrado do problema. Ela reconheceu a "ineficiência" e a "insuficiência" de políticas públicas, inclusive diante de situações como a evasão escolar. Com isso, lembrou Carmen, o adolescente acaba indo para a rua e encontrando na criminalidade uma fonte de sobrevivência.
Segundo o professor Inácio Cano, membro do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o Brasil é um dos países mais violentos da América Latina, atrás apenas de El Salvador e da Venezuela. "Isso levando em consideração que a América Latina já é uma das regiões mais violentas do mundo."
Ele avaliou que no país há um "problema central"de violência letal. Para Cano, as políticas públicas brasileiras estão voltadas para a violência contra o patrimônio quando deveriam priorizar a violência contra a vida.
"Está na hora de o Brasil mudar suas prioridades", disse, ao ressaltar que a probabilidade de um adolescente brasileiro ser vítima de arma de fogo chega a ser três vezes maior do que a de ser assassinado de outra forma. "A arma de fogo tem que ser sempre foco em qualquer política de prevenção."
Na avaliação do representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Manuel Buvinich, 60% dos ganhos que o país alcançou com a redução da mortalidade entre crianças de até 5 anos "se perdem" diante dos altos índices de assassinato de adolescentes. "Ficamos muito preocupados com o fato de a violência letal começar tão cedo, aos 12 anos."
Fonte: Agência Brasil
Um comentário:
Pois é Givanildo, o argumento de que os adolescentes são vítimas e não agentes de violência nunca é ouvido e prevalece "a necessidade" de reduzir a idade penal, cercear a liberdade, etc.
Esta vergonhosa realidade publicada agora talvez não fique apenas como manchete dos jornais e alerte a sociedade para mudar alguns conceitos e exigir ações concretas de proteção ás crianças e adolescentes.
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