As crianças menores de 14 anos representam a maioria das vítimas de abuso sexual que procuram ajuda dos profissionais do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) de Sorocaba. Uma pesquisa realizada pela equipe aponta: das 175 crianças atendidas no ano passado, 122 delas tinham menos de 14 anos. Este ano, em levantamento até abril, foram registrados 63 atendimentos, dos quais 43 eram crianças de zero a 14 anos. A faixa etária com maior incidência é dos 7 aos 14 anos. Os dados também revelam que a maior parte é do sexo feminino: 98 meninas e 40 meninos em 2008, e 32 meninas e 18 meninos neste ano.
A estatística da equipe do Creas revela outro dado alarmante: a maior parte das ocorrências é intra-familiar, ou seja, envolve alguém da família ou de dentro da própria casa. Em 2008, 40 dos 175 casos atendidos tiveram o pai como agressor e outros 37 tinham como algozes os padrastos. Em outras 41 ocorrências, a criança ou adolescente foi agredida por um parente próximo (irmãos, tios, avós, primos e outros familiares) e em 62 ocorrências por estranhos.
Já neste ano, até abril, do total de casos registrados, 10 tiveram o pai como agressor, 11 parentes próximos; e em 8 casos, o padrasto da vítima. Em 2009, ainda foram registradas 16 ocorrências de vítimas de agressores não-parentes, sendo 9 casos de meninas e 7 de meninos. Em 2007, 18 casos envolviam o pai, 13 tinham como agressor o padrasto e 30 tiveram agressor de fora da família.
Novos casos
A coordenadora do Creas e assistente social Sueli Cardia Gomes Lopes, informa que recebe, em média, de 10 a 15 novos casos por mês de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, muitas vezes associado a outros tipos de violência. Ela estima que, neste ano, o número de atendimentos deva ultrapassar os 150. Todos os casos atendidos até agora são relativos à violência sexual, sendo 40 contra meninas e 23 contra meninos. O total de casos de abuso sexual contra adolescentes, de 15 a 18 anos, soma 7 ocorrências. De zero a 6 anos são 9 casos e de 7 a 14 anos, 34.
No ano passado, as 138 crianças e adolescentes atendidas também foram vítimas de violência sexual. De zero a 6 anos foram 37 casos; de 7 a 14 anos, 85; e de 15 a 18 anos, 16 casos. Em 2007, o Creas atendeu 79 vítimas: 19 meninos e 60 meninas. Desse total: 72 sofreram violência sexual. De zero a 6 anos foram 14 casos, e de 7 a 14 anos totalizaram 44 ocorrências.
Sueli Cardia esclarece que o total de cada ano inclui casos de menores que sofreram mais de um tipo de violência. Ela exemplifica com situações de maus tratos, agressões física e psicológica. Os dados também apontam que a maior parte das vítimas atendidas de janeiro a abril deste ano é de cor branca: 32 meninas e 16 meninos; e ainda 3 crianças da cor negra e 12 de cor parda. No ano passado: 90 de cor branca, 40 de cor parda e 8 vítimas de cor negra.
Quanto à renda familiar, a pesquisa aponta que a maior parte das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual estão inseridas em lares com renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos. Até abril deste ano foram 51 casos a partir de 1 salário mínimo, sendo 20 deles a partir de 3 salários. Em 2008 a entidade recebeu 116 ocorrências, com renda familiar a partir de 1 salário: 35 deles a partir de 3 salários mínimos.
CHS e VVS
De acordo com dados divulgados no dia 18 de maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes -, o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), por meio do Núcleo de Atendimento Imediato à Vítima de Violência Sexual (VVS), registrou este ano, entre janeiro e abril, 106 vítimas de violência sexual de zero a 19 anos. O núcleo abrange os 48 municípios do Departamento Regional da Saúde (DRS-16). A equipe atendeu 40 vítimas de zero a 9 anos, e 66 de 10 a 19 anos. Pelo menos 80% das ocorrências registradas no núcleo têm como agressores integrantes da família ou pessoas muito próximas da criança e do adolescente vitimizados.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
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