Infância Urgente

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Operação Policial do GDF Contra o Acampamento Indígena Revolucionário (AIR) Marcada para Amanhã, dia 10 de julho.

MMF

Amanhã, 10 de julho, nas primeiras horas da manhã, será efetuada uma grande operação policial – a mando do Governo ILEGÍTIMO do Distrito Federal e apoiada por diversas secretarias distritais, como a de Ordem Pública e Social, SEOPS – para retirada das famílias indígenas instaladas no Acampamento Indígena Revolucionário (AIR), na Esplanada dos Ministérios, em protesto pacífico contra o decreto 7056/09, que “privatiza” a Funai, e exigindo a exoneração imediata de Márcio Meira,presidente da Fundação Nacional do Índio, assim como, de toda a cúpula do órgão.

Segundo a fonte do Palácio Buriti, a polícia militar e o Bope serão acionados e as barracas e demais posses dos indígenas serão – caso a operação tenha sucesso – levados para o depósito da administração do DF em Taguatinga; quanto aos seres humanos instalados no Acampamento Indígena Revolucionário, com suas crianças,
provavelmente serão levados para o depósito humano que é o albergue da mesma cidade-satélite – sem respeitar a especificidade cultural dos acampados, indo contra toda a legislação indígena existente no Brasil e no exterior e contra a própria ação movida pelo GDF na 22ª Vara Federal contra o acampamento indígena (na qual a liminar reconhece que não seria da competência do governo distrital esse tipo de operação).

As forças policiais serão apoiadas por caminhões e tratores do GDF – assim como, por ambulâncias e pela Corpo de Bombeiros.

Segundo alegação do governo expressa na intimação e citação expedida no dia 22 de junho de 2010 na 22ª Vara Federal, assinada pelos procuradores Marcelo Lavocat Galvão (OAB-DF 10.958), Ana Lúcia Lima Costa (OAB-DF 22.168) e Claudia do Amaral Furquim (OAB-DF 13.465), o Acampamento Indígena Revolucionário “fere o plano urbanístico de Brasília”, pois “os canteiros centrais da Esplanada dos Ministérios são área non edificandi destinadas a manter a cobertura vegetal nativa e a comportar árvores típicas do Cerrado”.

O que faz o Governo ilegítimo do DF dar anuência para a derrubada de mais 150 mil árvores no Setor Noroeste, região de Cerrado bruto onde brotam exatamente as nascentes de águas límpidas de Brasília, e – ao mesmo tempo – montar uma operação policial para retirar indígenas que supostamente danificam a grama (agora rebatizada como “cobertura vegetal nativa”) ninguém sabe.

Sabe-se menos ainda porque são necessários três procuradores para decidir que a grama – planta poácea rizomatoza de folhas glaucas, trazida da Europa para cobrir de verde os espaços vazios criados por conta da devastação causada pelo "homem branco"- é algo minimamente parecido com “cobertura vegetal nativa” e, portanto, passível de
proteção pesada do poder público – enquanto os direitos do cidadão brasilense e das cidades-satélites são aviltados dia após dia. Menos ainda se entende a razão que leva os administradores do DF a programarem uma mega-operação policial para proteger a grama da Esplanada – quando,segundo dados da própria Polícia Civil, no Distrito Federal uma criança é abandonada por dia enquanto outra é espancada.

Encontram-se na Esplanada dos Ministérios Bouganvilles, Ipês, Acácias,Palmeiras-Imperiais Paineiras e o emblemático Pau-Brasil – espécies plantadas na capital federal por mãos humanas e que, aliás, foram protegidas pelos indígenas do AIR por ocasião da operação policial comandada pelo Tenente Coronel da PM do DF, Fabio Pizzeta, no dia 24 de abril de 2010, quando agentes distritais usando moto-serras tentaram cortá-las no intuito de impedir que os manifestantes esticassem redes
- “ocupando”, assim, a Esplanada.

A vegetação predominante que se encontra no Cerrado é arbustiva ou rasteira – algo que não se encontra de forma alguma na Esplanada dos Ministérios, apenas se registrando capim e árvores transplantadas.Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o Barbatimão, o Pau-Santo, a Gabiroba, o Pequizeiro, o Araçá, a Sucupira; nos brejos, próximo às nascentes de água, predomina o
Buriti. No exato momento em que o leitor estiver percorrendo essas linhas, essas espécies vegetais, nativas do Cerrado, estrarão sendo atropeladas por tratores e moto-serras no Setor Noroeste, destruindo, assim, as nascentes e os olhos d´água que alimentam Brasília para satisfazer interesses financeiros do ex-vice governador Paulo Otávio - com a anuência do mesmo governo distrital que pretende tirar os
indígenas da Esplanada dos Ministérios – o que não é visto, em nenhum momento, pelos
procuradores do MP-DF como ameaça.

Não se pode entender a miopia que faz o Governo Ilegítimo do GDF enxergar a grama como ativo ambiental relevante – a ponto de montar uma segunda operação distrital, com inúmeras secretarias envolvidas, para desalojar os manifestantes do Acampamento Indígena Revolucionário, tendo a grama como justificativa – e dar autorização para a destruição de uma reserva natural no Setor Noroeste, contando com mais de 150 mil árvores nativas e, ainda, as nascentes de Brasília, para um projeto que supostamente só satisfaz os interesses pecuniários do senhor Paulo Otávio.

O que se entende é que o senhor Rogério Rosso, que em um conluio venal que necessitou apenas de 13 votos – os de Aguinaldo de Jesus, Alírio Neto,Ailton Gomes, Batista das Coopertativas, Benedito Domingos, Benício Tavares, Cristiano Araújo, Dr. Charles, Eurides Brito, Geraldo Naves, Pedro do Ovo, Rogério Ulysses e Roney Neme – para se eleger INDIRETAMENTE governador, não tendo portanto nenhuma legitimidade para
representar a população do Distrito Federal, tem uma dívida grande com o presidente Luís Inácio Lula da Silva e com o PT.

Não tivesse uma dívida a ser saldada com Lula e com o PT, partido que uniu esforços com o PMDB para alçá-lo ao Executivo, o governador Rogério Rosso não iria na véspera do jogo entre Brasil e Portugal, dia 25 de junho, reabrir pessoalmente o bar do empresário Jorge Ferreira, amigo do peito de Lula, fechada pela Agência de Fiscalização naquele mesmo dia.

O governador todo-poderoso não somente pediu desculpas pessoais ao dono do botequim onde os petistas ilustres enchem a cara e falam M., como mudou - dias depois – o comando da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), tirando-o dos aliados do deputado distrital Roney Nemer (PMDB) e entregando-o à funcionária de carreira Bruna Maria Peres Pinheiro.

O que se entende também é que tanto Dilma Roussef quanto Luís Inácio Lula da Silve necessitam do decreto 7056/09 – medida etnocida denunciada pelo AIR - para viabilizarem as obras dos PAC I e PAC II e consolidarem os seus intentos. E os puxa-sacos estão atentos desde janeiro.

A grama do “quadrado” que vai da altura dos prédios Ministérios da Comunicação e Transporte até o Palácio da Justiça, de um lado, do Ministério da Saúde até o Itamaraty, de outro, onde os indígenas do Acampamento Indígena Revolucionário estão instalados, não foi revolvida. O XVI Congresso Eucarístico Nacional, da CNBB, apoiada pelo governo do DF e pela Presidência da República,deixou o “quadrado”
seguinte da Esplanada em petição de miséria – com terra revolvida em vários pontos, várias crateras e, em muitos trechos, a grama inexistente.

O Acampamento Indígena Revolucionário exige das autoridades competentes que se faça uma investigação profunda para definir, de uma vez por todas, quem provoca o dano ambiental – na Esplanada, no Distrito Federal, em todo o Brasil.

PEDIMOS A TODOS OS APOIADORES QUE ESTEJAM CONOSCO NESSE SÁBADO, DIA 10 DE JUNHO DE 2010.

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