Infância Urgente

sábado, 3 de julho de 2010

República para jovens que deixam abrigos pode fechar

Sem patrocínio, a Jovem Taiguara, no Butantã , não consegue cobrir gastos mensais apenas com doações

Instituição acolhe por até 1 ano e meio rapazes de 18 a 21 anos que não voltaram às famílias nem foram adotados

CAROLINA LEAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando completou 18 anos, Vanderson Santos Silva não comemorou. Então morando em um abrigo para adolescentes, ouviu que a maioridade lhe dava uma única alternativa: dormir em um albergue para moradores de rua. "Com 18 anos, sem ter para onde ir, sem emprego, sem estudo. O que eu ia fazer?", conta.
Um educador o indicou para uma das raras opções de moradia para jovens que saem de abrigos na cidade de São Paulo: a República Jovem Taiguara, no Butantã (zona oeste), que agora corre o risco de fechar por falta de apoio financeiro.
Criada pela ONG Casa Taiguara, a república acolhe, por até um ano e meio, rapazes de 18 a 21 anos que não voltaram à família nem foram adotados. Nesse período, são encaminhados para vagas de emprego e estudo.
O projeto começou em 2007, quando venceu uma seleção do Instituto HSBC de Solidariedade para patrocínio por dois anos. O prazo acabou no fim de 2009.
"Esperamos respostas de outras empresas interessadas no projeto, mas até agora nada. Corremos o risco de fechar", diz Renee Amorim, gerente de projetos da ONG.
Com o fim do patrocínio, o dinheiro arrecadado com festas e doações cobre apenas parte dos gastos, que somam R$ 5.000 por mês.

POUCAS VAGAS
Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, 858 crianças e adolescentes abrigados não têm perspectiva de retorno à família, e 285 têm entre 15 e 17 anos -estão prestes a sair dos abrigos.
Para acolher estes jovens, São Paulo teria apenas 33 vagas. Oito oferecidas pela República Taiguara e outras 25 pela prefeitura, que mantém duas repúblicas jovens. Não há levantamento oficial sobre a existência de outros lares para esses jovens.
Segundo uma psicóloga que trabalha em abrigos e pediu para não ser identificada, a única informação que chega até eles é sobre as repúblicas municipais. Quando o jovem está perto dos 16 anos, já é hora de pleitear uma vaga à prefeitura. "Conseguir é uma questão de sorte", diz.

OBRIGAÇÃO MORAL
Quando o adolescente completa 18 anos e deixa o abrigo, o Estado não tem mais nenhuma obrigação legal de mantê-lo.
Mas, para o juiz da Vara da Infância e Juventude, Reinaldo Cintra, prevalece a obrigação moral. "É muito difícil você dar autonomia para quem nunca teve", afirma.
Tanto nas repúblicas mantidas pela prefeitura quanto na Taiguara, os moradores são responsáveis por limpeza, organização e refeições da casa. Também precisam estudar e trabalhar.
Parte do salário é depositada em uma poupança individual e outra parte contribui com os gastos mensais.

Fonte; FSP

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