Infância Urgente

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sanção do Estatuto da Desigualdade Racial

Patético, foi visível o constrangimento do Lula, que deixou para os três minutos finais, a sua fala sobre o estatuto. Não precisava, mas declarou que pessoas suas amigas de 30 anos, e uma parte do MN estavam contrários, e tinham lhe mandado pedidos para que vetassem o projeto por inteiro. Reclamou a ausência dos mesmos que se negaram estar lá junto. Pediu aos presentes que não considerassem os contrários e ausentes, pior que eles, porque “precisaremos de todos para avançar.” Reconheceu não ser o ideal, mas bateu na velha cantinela de que “podemos melhorá-lo pouco a pouco.”

O presidente, para levantar a platéia, falou de suas viagens em apóio a países da africanos, da Faculdade Luso-africano-brasileira, no CE, e falou dos navios construídos em Pernambuco, lembrando que ao primeiro foi dado o nome de João Candido e o terceiro se chamará Zumbi dos Palmares. Mas sobre a patente de Brigadeiro para os mestre Sala dos Mares, não disse nada; para a indenização merecida aos familiares dos revoltodos, nem ele, nem o ministro, disseram nada.

Optou por falar de criança, de pro - une, de bolsas família, “que ajuda um pouquinho”, segundo o presidente.

O Ministro Eloi, por seu turno falou, falou, falou e não disse nada. Historiou de forma institucional, diminuindo o papel do MN, e dando ênfase a parlamentares, ministros e outras figuras. Demonstrando não conhecer nada de MN, não é do ramo.

Atribuiu o protagonismo das leis aprovadas na constituinte a proposição de parlamentares, nem tem idéia do que teria sido a Jornada do Negro |Pela Assembléia Constituinte de 1985, tampouco tem conhecimento do que foi a Convenção Nacional do Negro em 1986.

Falou de avanços no estatuto, que não conseguiu apontar, fez elogios ao Edson Santos, ao Paim e ao Lula, como era de se esperar. Ali estava um burocrata, sem conhecimento de causa, que cumpre mecanicamente o tempo que lhe resta no governo. Elogiar seus padrinhos e tentar dar alguma razão ao minoritário estatuto entre os negros. Afinal sua tarefa e ser cabo eleitoral, é tentar faturar eleitoralmente para os indicadores.

Enquanto isso um cordão dos puxa-sacos batia palmas. Na frente, três personagens negros surpreendiam, efusivamente mais felizes que os seus patrões. Como Zé do Patrocinio, davam vivas a cada palavra do Rei libertador. Regozijavam-se eufóricos a liberdade patética, com que foram brindados, orgulhosos por agora, por se juntarem a casa grande.

À frente, toda a casa grande, ternos bem talhados de 500 dolares, roupas de marca, e um sentimento de tédio, ali por obrigação, a mando do chefe. Herdeiros do escravismo, euro-descendentes se congratulavam, pela manutenção de seus cargos e altos salários. Nenhum deles jamais se sensibilizou com o genocídio da juventude negra, com os assassinatos e a enganação burocrática que atrasa a vida dos quilombolas. Havia muito pequeno burguês, classe média lacaio, cumprindo ali a formalidade de aplaudir a farsa legitimada pelo patrão.

Atrás, escondidos, e de pé, lá estava nosso povo, aplaudindo a segunda abolição. A Lei Áurea do Lula, do DEM, do Paim e do Edson Santos, 1122 anos depois. A conta gotas, essa rapaziada chega a algum lugar em 100 anos. E salve o rei e seus suditos! Reginaldo Bispo-MNU-SP

Um comentário:

Rosemary G.Sampaio disse...

Olá
Parabéns pelos seus comentários.Recebi este texto pelo email do MESU ,como não conseguia ler entrei no seu blog.
É incrivel como é dificil para as pessoas entenderem a história do negro ,o que eles lutaram e se organizaram com pessoas favoráveis a idéia de libertação para que depois de anos ,muitas mortes acontecesse a entre aspas liberdade.Jogados a propria sorte e sem nenhuma organização que se arrastou por anos ,quando começamos a avançar nos entregam uma nova lei aurea .Realmente quem sabe daqui mais uns séculos teremos mudanças ....