Infância Urgente

terça-feira, 27 de maio de 2008

Cerca de 250 mil crianças atuam em conflitos armados

3.05.08 - MUNDO

Cerca de 250 mil crianças atuam em conflitos armados

Os esforços mundiais para dar fim ao recrutamento de crianças soldados não são suficientes, ou chegam muito tarde. Essa foi a conclusão a que chegou o Relatório Global 2008 "Crianças Soldados", da Coalizão para Acabar com Crianças Soldados, divulgado na última terça-feira (20), após constatar que 250 mil meninos e meninos ainda atuam em conflitos armados pelo mundo.
Até o final de 2007, havia crianças envolvidas em 17 conflitos, dez a menos que em 2004. A redução deve-se, principalmente, pelo fim de longos conflitos na África Subsariana. Mas, segundo Victoria Forbes Adam, diretora da Coalizão, "as estratégias atuais não tiveram o efeito desejado. Para alcançar maior progresso é necessário que se reconheça que a questão das crianças soldados não é relevante só para os especialistas nos direitos da infância".

O trabalho traz dados sobre o recrutamento militar de menores de 18 anos, em 190 países, em exércitos ou grupos armados não estatais, em tempos de guerra e em tempos de paz. E de acordo com ele, os meninos e meninas atuam em nove diferentes situações de conflito armado, além de integrarem grupos armados de 24 países, e exércitos de 26.

"Nem o consenso praticamente universal de que os menores não devem ser utilizados como soldados, nem os enérgicos esforços internacionais - das Nações Unidas- para dar fim ao fenômeno, conseguiram proteger milhares de crianças da participação na guerra. Onde surge um conflito armado é quase inevitável que os menores acabem participando dele como soldados", disse o relatório.

Na América Latina, o recrutamento de crianças se faz presente, com maior gravidade, na Colômbia, onde meninos e meninas atuam no conflito armado, que assola o país há cerca de 40 anos, tanto em grupos paramilitares - apoiados pelo governo -, como na guerrilha.
Em Mianmar (Birmânia), em Chad, na República Democrática do Congo, na Somália, no Sudão, em Uganda e no Iêmen, as crianças são exploradas diariamente nos conflitos. As meninas são mais afetadas, pois, além de exploradas nas forças de combate, elas são vítimas de abusos e violações sexuais.

Os métodos de exploração dos menores de idade são variados. Em Israel, as forças de defesa as utilizam como escudos humanos, colocando-as na frente do combate. Países desenvolvidos, que costumam colocar-se na vanguarda da proteção aos direitos humanos, como Inglaterra e Alemanha, permitem que menores de 18 anos se inscrevam em seus exércitos. A Inglaterra, inclusive, mandou meninos de 17 anos para o Iraque.

Os Estados Unidos não envia menores de 18 anos para as guerras que ajuda a promover, mas é acusado, assim como Israel e Burundi, de maltratar e/ou torturar menores, detidos durante os conflitos, que sejam suspeitos de serem associados a grupos armados.

O recrutamento militar de menores em tempos de paz dificulta a concretização de uma norma mundial que proíba a exploração das crianças em tempos de conflitos. Atualmente, pelo menos 63 governos permitem o recrutamento voluntário de adolescentes de 16 e 17 anos de idade.

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