Infância Urgente

sábado, 24 de maio de 2008

A grande imprensa contra as Crianças e Adolescentes

Tenho assistido ano a ano, enquanto militante da defesa dos direitos da criança e do adolescente a péssima cobertura da imprensa em relação a situação da criança e do adolescente. Via de regra coberturas parciais, preconceituosa, retributiva , rasa etc. etc.

Faço um grande esforço para acreditar que a ignorância e má fé dos jornalistas e editores um dia será superado, já passei horas e dias conversando para formar jornalistas, para que esses tenham a boa compreensão sobre a situação da infância no Brasil e que tenham a boa compreensão da lei.

Nos últimos tempos tenho perdido essa esperança pela postura cada vez mais conservadora da imprensa em não revelar os fatos e de praticar regras básicas do bom jornalismo, casos diversos se sucedem , que mais lembram que a imprensa quer fazer parte de um espetáculo e afirmar uma posição, seu poder do que de fato revelar os fatos.

Na relação com a infanto-adolescência, tem sido assim com casos como o Champinha, quando criou o falso mito do adolescente monstro, tenho convicção que nenhum jornalista leu os autos, falou com o defensor responsável pelo caso do Champinha, não leu os laudos da Unifesp que aponta que o Pernambuco foi o líder da ação entre outras circunstâncias, como a fuga forjada, a psiquiatrização do adolescente etc etc

A mídia abandonou todas as evidências, não que retirava a responsabilidade dele, mas que o colocava em outra posição diferente da que foi colocado, preferiu assumir uma posição, sim assumir uma posição (mas esse é o papel da imprensa?) pela redução da idade pra responsabilidade penal, em detrimento de propor uma debate a sociedade porque os adolescentes cometem ato-infracional.

A decisão das redações dos grandes jornais já sabemos, quando tiver adolescente envolvido em qualquer "crime", a pauta deve aumentar, ou seja 99% dos crimes graves desse país é cometido por adultos, mas aqueles 1% cometidos por adolescentes, devem ter destaque maior que os outros 99%.

Preferem cobrir casos como da menina que foi morta, levantando a hipotese de violência doméstica,mantendo um circo de horrores por dias e não fazendo o debate da violência doméstica que já matou nos últimos 10 anos mais de 500 crianças nos últimso 10 anos..

A última aqui no estado de São Paulo, foi denunciado pelo último Ombudsman da Falha de São Paulo ops!! Folha de São Paulo(Mário Magalhães), que não teve seu confirmado seu segundo mandato ao posto, por livre e espontânea pressão daquele famoso órgão de imprensa, famoso por defender a liberdade de pensamento (liberdade de pensamento de quem mesmo?), que em suas criticas na internet, alertava entre outras para a invisibilidade de avaliação em relação ao governo do estado de São Paulo, o que denunciava o que todos sabemos, existe um acordo da imprensa de São Paulo, com o governador desse estado para que esse não tenha noticias negativas de seu governo.

Essa noticia constata o que muitos de nós já sabia, em relação a imprensa de forma em geral e não só a Falha de São Paulo.

A noticia abaixo, sobre a morte do adolescente na unidade de Pirituba, com certeza está dentro desse pacote, sabemos que é e sempre foi o calcanhar de Aquiles dos últimos governos a instituição FEBEM, as tentativas de mudanças que foram feitas, sempre se trataram de cortina de fumaça e nunca de fato vontade politica, os sucessivos governos desde a aprovação do ECA, se negaram a fazer o debate sério, preferem comprometer a vida dos adolescentes em detrimento de fazer uma alteração de fato na vida desses meninos e meninas internadas, porque isso pressupõe o respeito pleno ao ECA, fato que de fato não é interesse desses governos! restando a essa adolescência que já foi comprometida, o caixão ou a prisão!!

Triste o país que tem uma imprensa como essa, eu diria a grande imprensa morreu! Espero que consigamos criar nossos meios de comunicação, que dê voz aos invisíveis possibilitando, não só o direitos a informação como o também a comunicação!

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