Infância Urgente

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Marcos Tavares: Luto e luta no cinema

Jornalista, professor e especialista em mídia e educação

O Dia Online, em 14 de agosto

Rio - Do luto de perder seus parentes próximos, muitas vezes filhos, à luta de se reerguer frente ao mundo, à procura de justiça e contra a invisibilidade. Esta é a temática do documentário “Luto como Mãe”, que estreia dia 20. A ideia do diretorLuís Carlos Nascimento foi relativamente simples: filmar o cotidiano de mulheres vítimas da violência urbana policial do Rio. Mas, sem dúvida, corajosa: trazer à tona o que a mídia não revela em suas manchetes e telejornais.

Sim, são histórias. Mas histórias que — de estatísticas da grande imprensa — são humanizadas pela narrativa do cinema. É exatamente a humanização da vida que falta cada vez mais no nosso dia a dia.

A banalização da violência já não nos afeta tanto, a não ser que sejamos vítimas. Quando isso acontece, nos deparamos com outro mundo.

A vida para e, não temo como, recomeça de um lugar nunca antes imaginado. Só quem vive a experiência é que sabe como se lida com a dor, com o resgate da memória do ente querido, com o novo tempo.

Para os espectadores, consumidores de informações, os casos relatados pela mídia são apenas dados, e números. A notícia é logo esquecida, substituída por outra. Talvez, o documentário — que estreia em apenas três salas do Rio — logo caía no esquecimento. Afinal, falamos de cinema, de uma complexa cadeia de distribuição e exibição, na qual os enlatados estrangeiros ganham mais espaço, pois rendem maislucro.

Mas, pelo menos, fica o registro. Um registro diferente, mais aprofundado e humano. E costurado pelas próprias vítimas.

Compartilhar e registrar essas experiências — por mais penosas que sejam - é forma de fazer valer a pena a vida daqueles que brutalmente se foram. E um exemplo de força e dignidade para todos nós. Assista ao trailer no site www.lutocomomae.com.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bonito o seu texto. obrigada.