Infância Urgente

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Nota de repúdio e indignação

A Casa do Zezinho está de luto. A ONG Casa do Zezinho mostra seu profundo repúdio e indignação. Um dos seus filhos queridos, o jovem Alberto Milfonte Jr, (23), foi barbaramente assassinado dentro das Lojas Bahia na Estrada de Itapecerica por um segurança dessa instituição na segunda feira por volta das 16 horas. O segurança em sua defesa de agir assim o fato de simplesmente o jovem estar mal vestido.

O jovem Alberto, mal vestido, morre com a nota fiscal, com comprovante de compra nas mãos.

Enquanto aguardava dentro da loja, “roupa de trabalhador”, sua esposa Darilene (22) voltar do caixa aonde fora pagar a prestação da compra de um colchão foi abordado pelo assassino, terno preto. Depois de um bate boca ligeiro o segurança saca da arma e atira a queima roupa. O jovem tomba sem vida.

Suas últimas palavras: Sou cliente, não sou ladrão! A partir daí se calou. Se calou da mesma forma como estamos calados, sufocados há 400 anos. Que grande equívoco este pais!

Mal vestido, roupa de trabalho é um sinal verde para o braço armado da sociedade, o assassino pago atirar .Alberto deixa esposa e um filho de 5 meses. Alberto deixa morta a remota esperança de milhares de jovens brasileiros. Estudar pra que? Trabalhar pra que? Ser honesto pra que? Brasileiros alfabetizados respondam honestamente essa pergunta!

A loja Bahia assassina seu próprio público.

O menino brincalhão, cumprido e de pernas finas entrou para a Casa do Zezinho aos 10 anos. Sua turma do Parque Santo Antônio, já estava todinha ali. Vai ser muito legal, ali vamos nos divertir para valer. O jovem deixa excelentes recordações em toda nossa comunidade aonde permaneceu como um membro muito querido até 2003.

Estava de casamento marcado com a jovem Darilene (22) com quem tinha um filho de apenas 5 meses.

Suspeita e pobreza sempre juntas na nossa história.

Nenhum (a) jovem “mal vestido” (leia-se moreno, pardo) da periferia ousa sequer pisar num shopping de grife da cidade sem levantar as mais alarmantes suspeitas. Nenhuma placa, nenhum sinal explicita essa indesejabilidade, como faziam com os negros os norte americanos. Diferentemente dos americanos, aqui o jovem da periferia já traz gravado na carne, na alma essa interjeição.

Nenhuma revolta, nenhuma vingança organizada. Nada que a sociedade deva-se preocupar. Apenas o destempero de um segurança idiotizado,uma peça para reposição. No Cemitério São Luiz o murmúrio surdo da mãe e da jovem esposa .

Dentes cravados, os jovens cabisbaixos que acompanham o enterro trazem o sangue nos olhos. – O mano Alberto subiu!

Com muita raiva seguimos com eles solidários para tentar preservar essa auto estima
tão covardemente destruída desde o seus nascimento nas favelas.

A vitoria da morte exercida com eficiência certeira desde sempre no pais pelo braço armado contratado pela sociedade dominante e pelos seus comparsas que dominam toda a estrutura de poder do estado.

Pras Lojas Bahia deixamos como lembrança o carne saldado com a honra e a dignidade de um jovem trabalhador.

Adeus mano Alberto!

Nenhum comentário: