Mateus Rodrigues, de 8 anos, não teve aula hoje. Não havia professor no Ciep Vicente Mariano, que fica no Complexo da Maré. Mateus voltou para casa mais cedo e, ao chegar, seu tio Ulisses lhe pediu para comprar o pão. Deu-lhe um real em moeda. Ao abrir o portão foi executado com um tiro de fuzil na nuca, que saiu pelo rosto junto com sua dentição.
Infelizmente, essas duras histórias não param de se repetir em favelas do Rio de Janeiro. A política de extermínio do favelado ceifa a vida de quem está pela frente, ou, no caso, de costas. A política de segurança pública deveria, por princípio, resguardar a vida. Entretanto, o que se vê, são policiais explicando e justificando o inexplicável e o injustificável.
No caso de Mateus, executado na manhã do dia 4, na Baixa do Sapateiro, os moradores acusam policiais do 22º Batalhão da Maré, mas estes, em depoimento à 21ª DP, alegam que havia troca de tiros no local. No entanto, todas as testemunhas afirmam que ouviram apenas um tiro. A família também prestou depoimento na 21ª DP, em Benfica, mas o delegado adjunto, Jorge Maranhão, disse que só poderia apreender as armas para averiguação já que não havia testemunhas que pudessem reconhecer os policiais. Obviamente, os moradores que viram a ação não querem depor por medo de retaliações por parte dos policiais envolvidos. A Comissão de Direitos Humanos da Alerj e a Justiça Global se comprometeram em acompanhar o caso.
O enterro de Mateus será amanhã, dia 5, às 10h, no Cemitério do Caju. Até quando seremos obrigados a enterrar nossas crianças dessa forma?
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