Depois de mais de três horas reunidos na sala secreta do 2º Tribunal do Júri da capital fluminense, quatro dos sete jurados votaram pela absolvição do cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, William de Paula, acusado de homicídio duplamente qualificado pela morte de João Roberto Amorim Soares, de 3 anos.
O menino teve morte cerebral após levar um tiro na cabeça durante uma perseguição policial na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, em julho deste ano. Ao receber a sentença de absolvição do juiz Paulo de Oliveira Lanzellotti Baldez, o PM começou a chorar. Apesar de ter sido inocentado do crime de homicídio, Paula recebeu uma pena de sete meses por lesão corporal leve contra a mãe de João Roberto, Alessandra Amorim Soares e o irmão Vinicius Amorim, na época com 9 meses.
Durante o julgamento, que durou cerca de 13 horas, o promotor Paulo Rangel mostrou uma entrevista dos pais de João Roberto a um programa de TV logo após a morte do menino. Alessandra chorou ao rever suas declarações de que não aceitava as desculpas do governo. Rangel também mostrou um vídeo do circuito interno de um prédio próximo ao local onde o aconteceu o fato. Utilizou também o laudo da perícia, que apontou que 17 tiros foram disparados contra o veículo. "Se vocês absolverem, vocês estarão legitimando a execução pelas ruas da cidade", disse Rangel, que usou esses meios para tentar convencer os jurados.
O advogado de defesa do PM, Maurício Neville, disse que não ouviu tiro nenhum na gravação. Neville tentou convencer os jurados de que o PM não poderia ser condenado por lesão corporal contra a mãe e o irmão de João Roberto porque eles nada sofreram e que o Estado deveria pagar pela falta de preparo dos policiais, "como aconteceu no caso Jean Charles de Menezes", comparou o advogado.
O MP desistiu de utilizar os 30 minutos de réplica a que tinha direito porque acreditava que o júri, composto por uma mulher e seis homens, já tinha instrumentos suficientes para julgar. Dessa forma o advogado de defesa, que já tinha aberto mão de suas testemunhas no início, não pôde usar também o tempo a que tinha direito.
Ainda não há data definida para o julgamento do outro PM, Elias Gonçalvez da Costa Neto, que estava junto com William de Paula.
William de Paula, que foi acusado pela morte do menino João Roberto reconheceu que confundiu o carro da mãe da criança, Alessandra Amorim, com o veículo em que estavam três criminosos que perseguia, durante julgamento
O carro onde estava o menino João Roberto Amorim, 3 (foto), foi atingido por cerca de 17 disparos feitos por policiais militares na noite do dia 6 de julho. Ele estava acompanhado da mãe, Alessandra Amorim, e do irmão, na época com nove meses.
Fonte:Juliana Castro
Do UOL Notícias
No Rio de Janeiro (RJ)
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