Ato simbólico reivindica políticas públicas para crianças e adolescentes em situação de rua
O Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Curitiba e região aproveitou o clima de reflexão proporcionado pela semana santa para sensibilizar a população e cobrar políticas públicas voltadas para a situação de rua em que vivem crianças e adolescentes. A campanha nacional “Criança não é de rua” também aconteceu em outras 15 capitais e aqui no Paraná contou com a participação de representantes de entidades como a OAB Seção Paraná, a Pastoral da Criança, o Ministério Público, o Conselho Tutelar, e outras organizações não governamentais.
“Queremos mostrar que passado mais de dois mil anos as pessoas ainda continuam expostas a crueldade, explica a secretária do Fórum organizador da manifestação e conselheira tutelar, Maria Madalena Meira. A mobilização pede, entre outras coisas, que haja um levantamento nacional sobre o número de crianças moradoras de rua, pois não existem dados como este.
A passeata que saiu da Praça Santos Andrade e seguiu na Rua XV de Novembro até a Boca Maldita, utilizou 12 crianças da Chácara Meninos de 4 Pinheiros, que atende 80 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, para representar os apóstolos carregando uma cruz. Ao final do trajeto elas foram simbolicamente crucificadas. “É extremamente válido organizar manifestações, em um ambiente como este, para mobilizar o poder de massa que se encontra nas mãos da população”, opina a estudante Mariana Dutra, ficou sabendo do protesto ao passar pelo calçadão da rua XV .
As crianças da Ong, que participaram da mobilização são exemplos de menores que já vivenciaram a triste realidade de morar na rua. “Prevenir é mais barato. Manter uma criança em um abrigo custa cerca de R$ 600 mensais, enquanto o gasto de manter uma criança ou adolescente infrator em medidas sócio-educativas varia entre R$ 1500 e R$ 5000”, calcula o coordenador da Chácara Meninos de 4 Pinheiros, Fernando de Góis.
A coordenadora da Pastoral do Menos, em Curitiba, Doris Maria Faria, conta que Curitiba é um dos melhores estados com iniciativas voltadas para a criança e adolescente, mas que ainda falta melhorar muito. “É necessário ampliar os espaços educativos e creches, para que comportem mais crianças e com maior faixa etária, e criar novos espaços com diferentes oficinas para que a criança não tenha tempo de ir para a rua que não é o lugar dela”, sugere.
Para Fernando os principais desafios que Curitiba precisa superar com relação a esse tema são a falta de políticas públicas para garantir os direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a violência e as drogas. A prefeitura da cidade mantém programas como o Criança Quer Futuro, que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco nas ruas, o Cara Limpa, que realiza tratamento em adolescentes usuários de drogas e convênio com algumas clínicas de desintoxicação.
“Os projetos existentes são validos, mas insuficientes para atender a demanda da cidade e da região metropolitana. Por dia, recebo cerca de 20 ligações solicitando vaga na Chácara Meninos de 4 Pinheiros e infelizmente, não há como atender essas pessoas”, lamenta o coordenador.
Reportagem Daiane Rosa
Fotos Lineu Filho
Fonte:http://jornale.com.br/portal/curitiba/78-02-curitiba/2609-manifestacao-qcrucificaq-criancas-em-curitiba.html
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