Infância Urgente

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Movimento Negro e jornalistas repudiam o senador Demóstenes Torres e Demétrio Magnoli

O sociólogo-mercenário Demétrio Magnoli, em artigo, acusou os Jornalistas da Folha de SP, Laura Capriglione e Lucas Ferraz, de atuarem na “linha da delinqüência”, intimidando os mesmos, por reportagem em que se posicionam contra criticamente ao pronunciamento do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), no STF, contra as cotas.

O referido Senador reafirmando o que já se tornou tradicional, entre muitos de seus companheiros, inclusive o Senador do PT-RR, sua predileção pelo reacionarismo direitista, pro ruralistas e contra as reivindicações populares, disse que os africanos foram os responsáveis pela escravidão e justificou a violência sexual sofrida por mulheres negras, como permitida pelas mesmas. Discursou o Senador: “(Fala-se que) as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. (Fala-se que) foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual.”

A Cojira-RJ - Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial do Rio de Janeiro, afiliada a Federação Nacional de Jornalistas, através de sua Coordenação carioca, Angélica Basthi, Miro Nunes e Sandra Martins, denunciam e repudiam, através de um manifesto os “...muitos veículos de comunicação, inspirados nos "ideólogos do medo”, que não veiculam publicamente que: “Os profissionais de comunicação enfrentam agora o desafio de investigar a realidade étnico-racial do país e revelar os efeitos de processos racistas históricos e estruturantes que impedem a inserção de negros e negras no ambiente universitário.” Reivindicando também: “A sociedade brasileira exige informação qualificada sobre o assunto...” Seguidos por uma enxurrada de repudio de entidades do Movimento Negro brasileiro.

Essas práticas do senador, do sociólogo-mercenário - e da imprensa a serviço das elites brancas e racistas, frente ao processo da audiência no STF, demonstraram muito mais. O grupo Globo, depois de ter acertado o preço para o anuncio com o jornalista Fernando Conceição, coordenador da Campanha Afirme-se! – Pela manutenção no STF das Políticas de Ação Afirmativas, voltou atrás, inflacionando o preço do anuncio em 1300%, dos R$ 54.163,20 negociados inicialmente, para R$ 712.608,00, como censura econômica, em recusa a veiculação, sob argumento de que o conteúdo era editorial, de expressão de opinião, não se tratando de peça publicitária.

A Organização Brasileira de Afrodescendentes (OBÁ) e o Fórum Afro da Amazônia (FORAFRO) acabam de ”...expressar a sua solidariedade ao senador afro descendente Demóstenes Torres” , repudiando ..” as manifestações de desrespeito à pluralidade de idéias dentro da comunidade afrodescendente.” Só faltou o apoio do Movimento Negro Socialista, do Miranda. Não nos esqueçamos que os integralistas, da velha organização fascista tupiniquim de Plínio Salgado, já tinham entre seus membros “os morenos”.

Que diabo é afro descendente, é de comer? Ao contrario do desejo de muitos, de afastamento da origem africana, o MNU persiste na apropriação das nossas origens e referencias africanos, reafirmando-as, para com isso, organizar negras e negros na luta contra o racismo estrutural e estruturante de poder das elites brancas e de seus subservientes, intelectuais e mestiços.

Estes fatos que comprovam o que vimos afirmando a algum tempo, a direita se articula, no parlamento, na mídia, na academia e nos quartéis, fazendo da manutenção do racismo a ultima trincheira em defesa de seu projeto político entreguista e neo-liberal, de super exploração dos negros e do povo brasileiro. Enquanto isso, tem gente querendo enganar o povo com um inócuo e eleitoreiro estatuto da igualdade racial, com falsas estatísticas sobre a titulação de terras quilombolas, com manobras legais para não implementação da lei 10.639.

A suspensão pela casa civil da Plano Nacional em defesa da religiosidade afro, a pedido de deputados evangélicos, assim como, a paralisação do processo de titulação da Comunidade Quilombola Invernada dos Negros de Santa Catarina, a pedido do deputado ruralista, também da base governista, o Valdir Collato do PMDB-SC, e a crescente brutalidade policial contra jovens negros em todo o pais, mas especialmente no estado da Bahia, são o expressão dessa guerra não declarada, surda e suja, da direita, que consideram os negros inimigos da nação, com a conivência dos governos do PT. O Senador é mais um tendencioso marqueteiro dos interesses das elites reacionárias, dos ruralistas e das elites ultra-direitistas, como o Magnoli. Neste 21 de março, Dia Internacional pela Eliminação do Racismo, devemos mobilizar o povo, e dar combate a todos eles. 16/03/10.

Reginaldo Bispo – Coordenador Nacional de Organização do MNU.

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