Infância Urgente

quarta-feira, 10 de março de 2010

CHACINA NO PERO VAZ- EXECUÇÃO SUMÁRIA EMPRENDIDA PELA PM-BA

NOTA FÚNEBRE



Mais um ato de execução sumária empreendido pela PM em Salvador – As Chacinas do Pero Vaz



É com grande sentimento de revolta que nós, integrantes da Campanha Reaja! residentes no Bairro de Pero Vaz viemos a publico denunciar mais um ato de execução sumária empreendido pela policia militar em nossa comunidade. Através de uma ação conjunta realizada pela 37ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) e a Rotamo, agentes do estado realizaram no ultimo dia 4 de março uma chacina que culminou no extermínio de quatro pessoas e no desaparecimento de mais quatro. Estas oito pessoas foram encurraladas e sumariamente abatidas a partir da justificativa de que a referida incursão policial teria sido enfrentada com tiros por estes jovens.

O comandante da 37ª Companhia, major Alberto Beanes, alega que “Quatro destas pessoas reagiram e foram mortas em combate enquanto outras quatro pessoas fugiram”. Mas de pronto nos chegou a noticia de que entre os mortos neste evento estava Adailton Cruz Santos, 21 anos, musico (cavaquinista e percussionista) do grupo de Partido Alto Encaixe Perfeito, um jovem popularmente conhecido por “Daí”. Além dele também teria sido encurralado na mesma casa as jovens Alessandra de Jesus Santos, 17 anos, e Érica dos Santos Calmon, 15, além do camelô Luis Alberto Pereira dos Santos, de 33 anos, que até o presente momento continuam “desaparecid@s”.

Apesar da policia alegar confronto armado com o intuito de justificar a ação como mais um “alto de resistência” (ou seja, resistência seguida de morte) muitas pessoas da comunidade atestam que a ação policial não deu chances de revides e se deu a base de algumas salvas intensas de tiros seguidas de intervalos de 5-10 minutos, tudo isso sem nenhuma troca de tiros – o que caracteriza uma chacina promovida sumariamente por representantes legais do estado. Enquanto a policia alega que quatro pessoas reagiram e foram mortas em combate, e outras quatro pessoas fugiram verificamos inúmeras contradições em relação a versão da policia: Populares afirmam que o evento se deu com base num ataque inuterrupto e sem voz de prisão feito pela equipe de policiais; Uma ocorrência feita no Ernesto Simões a PM informa que foram apreendidos 1kg de cocaína, certa quantidade de maconha e quatro revólveres calibre 38 enquanto a ocorrência registrada na 2ª Delegacia, a polícia afirma ter apreendido 179 pedras de crack, 16 papelotes e uma trouxa de maconha. Segundo o boletim, as armas foram somente citadas e são três revólveres 38 e um calibre 32.



Neste momento a comunidade do Pero Vaz se encontra amendrontada pela ocupação policia no local. A partir da justificativa de estar combatendo os traficantes, que segundo eles estabelecem “toques de recolher”, as policias do Estado têm intensificado suas ações letais de busca na comunidade deixando um rastro de mães chorando sobre os cadáveres de seus filh@s. Ainda que a midia reforce a versão policial que sempre alega encontrar resistência em suas ações, nos posicionamos sobre este fato específico buscando saber diretamente do governador do estado e suas autoridades competentes:



1. Aonde foi apresentado oficialmente a apreensão das drogas e arma que supostamente estaria entre as apreensões naquela investida policial?

2. Porque a policia apresentou duas versões diferentes sobre a ocorrência?

3. Aonde estão @s desaparecid@s (Alessandra de Jesus Santos, 17 anos, e Érica dos Santos Calmon, 15, e o camelô Luis Alberto Pereira dos Santos, de 33 anos.)

4. Há alguma prova além da versão advogada pela PM e amplamente veiculada pela imprensa local que alega confronto entre agentes policias e traficantes?



Como sabemos que a corregedoria da policia não é um órgão “imparcial”ou confiável para atestar a veracidade dos fatos neste e em outros casos de execução sumaria praticados por PMS nos remetemos mais uma vez ao Sr Jaques Wagner, governador do estado, a Sra. Isabel Adelaide Moura, promotora de Justiça, coordenadora do Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público (GACEP). Enquanto o falatório pré-eleitoral e a demagogia é enxertada pela mídia em consonância com o governo e o Ministério Publico, uma pilha incontável de cadáveres se agiganta nos territórios favelizados deste estado. Matanças e sequestros como os acontecidos em Cana Brava, Pero Vaz e Vitoria da conquista continuam sendo ignoradas. O nosso genocídio tem sido televisionado como se fosse uma novela e um silencio ensurdecedor ecoa pela cidade, inclusive entre as chamadas “organizações de Direitos Humanos” que ganham recursos avultosos através de nossa desgraça.



Frente a esta realidade, reiteramos a nossa pauta pela implantação de uma Corregedoria de Policia independente, desmilitarização da policia e imediato afastamento do atual secretário de segurança publica. No mais, nos mantemos solidários entre nós mesm@s, amig@s e familiares d@s que são cotidianamente assassinad@s pela policia Baiana e sua denominada “política de segurança”.



OBS: AMIG@S E FAMILIARES CONVIDAM PARA MISSA QUE MARCA O SETIMO DIA DA MORTE DO MUSICO ADAILTON CRUZ SANTOS HOJE (10-03-2010), AS 19 HORAS NA PARÓQUIA DE SÃO COSME E SÃO DAMIÃO NA AV. LIMA E SILVA (LIBERDADE). UM ATO PELA VIDA E PELO FIM DA VIOLÊNCIA POLICIAL

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